Circular: 20/2022 - Estágios da espiritualidade: desapego, esvaziamento e impassibilidade.


ASSOCIAÇÃO A VERDADEIRA VIDA EM DEUS - BRASIL



Circular: 20/2022

Data: 27 de setembro de 2022



Meus irmãos e irmãs em Cristo Jesus;



Estágios da espiritualidade: desapego, esvaziamento e impassibilidade*

– Palestra de Vassula em Meteora (Grécia), em maio de 2004 –
Vassula - palestra
Vassula: Estágios da espiritualidade (palestra - 2004)


Deus sempre se manifestou ao homem, não para dar algo novo, mas para repetir tudo o que Ele nos disse, lembrando-nos Sua Palavra, lembrando-nos nossas origens. Deus se torna compreensível para o homem, sem perder Sua transcendência. A visão de Deus no céu será plena, mas nosso Criador permite que nós, suas criaturas, tenhamos uma visão dele e uma união com Ele enquanto ainda estamos aqui na terra. Todas as mensagens de A Verdadeira Vida em Deus são basicamente sobre isto: Deus, o Criador, fazendo-se conhecer de um modo totalmente consciente, conversando conosco e escutando-nos de amigo para amigo, para semear a Si mesmo em nossa alma.

As mensagens de A Verdadeira Vida em Deus exigem uma transformação radical do próprio ser, da mente e da alma. Essa transformação ocorre durante a purificação e quando morremos para nós mesmos. É uma ressurreição mística realizada com o poder e a graça do Espírito Santo. Podemos chamar isso de: batismo do Espírito Santo, batismo de fogo, visitação do Senhor, dia do Senhor ou Novo Pentecostes. A partir disso, o Senhor nos leva a progredir no caminho da deificação do homem. Podemos atingir níveis de pura Luz, níveis de divinização, nos quais nos tornamos deuses por participação, por meio da ação do Espírito Santo.

Se seguirmos e vivermos tudo o que A Verdadeira Vida em Deus nos ensina – que é, repito, apenas uma recordação da Palavra de Deus – e observarmos a Lei de Deus, alcançaremos em nossas vidas a liberdade do Espírito e as virtudes evangélicas, porque o Espírito Santo nos dará uma iluminação intelectual, um conhecimento mais profundo e divino dos Mistérios de Deus e de Sua Palavra. Esse conhecimento virá ao nosso intelecto como flashes de luz brilhante, levando-nos a estágios mais elevados e a um maior aprofundamento na própria Luz. Todos podemos alcançar essa elevação e todos somos chamados à divinização; ninguém é privado dela. Portanto, não temos desculpas. Infelizmente, a deificação não é muito conhecida, porque muito poucos alcançam esses níveis e, contudo, todos nós, que somos batizados, somos chamados a atingi-los.

“Tu foste chamada a participar neste Divino Plano Salvífico, mas também a entrar na vida Trinitária. Vem respirar em Mim e encher a tua alma do Nosso Amor Divino, este Amor Divino que leva a uma união perfeita Conosco.” (o Espírito Santo, em 3/3/99)

“Só Eu posso revestir-te com o Meu esplendor e dar-te a Luz indispensável. Só Eu, na Minha Divindade, posso gravar na tua alma a Minha Imagem de Santidade. (...) Vem a Mim e continua a fixar o teu olhar na Minha Santa Face, a fim de que possas compreender plenamente que és co-herdeira Comigo, unida a Mim e em Mim... Recebe (...) mais de Mim, a fim de Me permitires que receba mais de ti. O Meu desejo é dar-te mais de Mim Mesmo, a fim de que tu possas dar-Me mais de ti mesma. Desse modo, obterei tudo o que já Me pertence. Pelo Meu Amor Divino que será derramado em ti, tu mesma serás deificada, transfigurando-te a alma, a fim de que Meu Pai te identifique Comigo, no Dia do Juízo.” (Jesus, em 25/4/99)

Como disse antes, somos todos chamados a ser Um com Deus e ninguém é privado disso. E, quando queremos realmente abrir mão de nossa vontade e morrer para nós mesmos e para o nosso ego, observem! Uma transformação vai acontecer. Para começar, precisamos nos arrepender; então, a partir daí, confessar nossos pecados, esvaziando-nos de tudo que não pertence a Deus, e permitir que o Espírito Santo nos invada com Sua Luz Divina e nos domine, de forma que possamos viver sob a Sua Graça daí pra frente.

Permita que Deus examine cada uma de suas ações, permita que Deus entre no seu coração, como alguém que entra em uma caverna com uma tocha, e o coloque em chamas, queimando, até a raiz, tudo o que não for divino e santo e tudo o que não for dele. Deixe que Deus o coloque no chão e o arraste até o deserto, para onde ele arrasta seus ungidos, de forma que Ele traga à sua memória, no silêncio do deserto, todos as suas desconfianças e a sua má conduta, para que você tenha repugnância de si mesmo. Deixe Deus incutir em você um arrependimento amargo por sua indiferença em relação a Ele e à Sua Lei de Amor. Permita que Ele faça todas essas coisas para que essa transformação aconteça em você. E, depois disso, Ele será seu Mestre e Educador, mas também seu Amigo e Irmão.

E, com grande ternura, Ele vai tratar suas feridas e erguê-lo até o Seu Coração, pronunciando em seu ouvido estas palavras: “Agora deves conservar em segurança todos os Meus ensinamentos, lembrando-te sempre do começo, para ampliar o teu Conhecimento de Mim, teu Deus.” (31/5/03).

A Verdadeira Vida em Deus é um apelo para aperfeiçoarmos nossa alma, de modo que ela se eleve ao alto dos céus. Bem no início dessas mensagens, Jesus me pediu para morrer para mim mesma e disse que não queria ver nenhum rival em mim, mas que deixasse espaço para o Seu Espírito Santo. Morrer para si mesmo não é só morrer para a própria vontade, mas também para todas as coisas materiais às quais a alma possa estar apegada. A isso nosso Senhor chama desapego. Mas o Senhor não quer que paremos aí. Ele quer nos levar a graus mais elevados de perfeição: do desapego ao esvaziamento de nós mesmos e do esvaziamento à impassibilidade.

Qual era o significado destas palavras que Ele me disse no começo:

“se permitires que o Meu Espírito Santo invada tua alma, Ele pode transfigurá-la, de um deserto, em um jardim, onde Eu poderei repousar. Se permitires ao Meu Espírito Santo, Ele pode transfigurar tua alma em um palácio, onde Eu poderei ser Rei e reinar sobre ti; se permitires que o Meu Espírito Santo transfigure a tua alma, Ele pode transfigurá-la em um céu, onde Me poderás glorificar...”?

Deixem-me explicar. Para começar, quando nosso Senhor usa a expressão “se permitires”, isso quer dizer: se quisermos abrir mão da nossa própria vontade pela vontade dele, de modo que o Espírito Santo fique livre para agir em nós. E Ele pode nos elevar a três níveis: de um deserto a um jardim, de um jardim a um palácio e, finalmente, de um palácio a um céu. Esses são os três estágios. Então, após nos ensinar o desapego de nós mesmos, o Espírito Santo vai nos ensinar, por meio de Sua Graça, a atingir um grau mais elevado de perfeição – ou seja, libertar-nos das paixões mundanas –, ao qual Ele chama esvaziamento. O esvaziamento nos leva a níveis mais elevados de contemplação também.

Quando o Senhor disse que Ele arrasta as almas para o deserto – onde Ele lhes mostra os pecados e as enche de arrependimento para que elas tenham horror a si próprias –, essa experiência por si só nos leva a perceber que Deus está acima de todas as coisas e que, sem Ele, nossa mesa está vazia. Dali em diante, nada mais tem o valor que antes tinha aos nossos olhos. As coisas que julgávamos importantes de repente se tornam como cinzas para nós; não as desejamos mais, como antes. De fato, elas se tornam insuportáveis, tão poderoso é esse tipo de desapego chamado esvaziamento. Nosso Senhor uma vez descreveu esse estado, dizendo:

“E, apesar de ainda estares entre os homens, tua mente estará no céu. Apesar de teu corpo se mover ainda entre os homens, tua alma e mente serão como as dos anjos. Vou ensinar-te a viver em Nós, mover-te em Nós e respirar em Nós...”

Com essas palavras de Jesus, podemos entender que esvaziamento significa um nível muito elevado de contemplação e, ao mesmo tempo, uma aversão a todas as coisas mundanas, uma aversão a todos os maus pensamentos e atos. É uma rejeição total ao mal, é libertar-se de todas as cadeias. Após renunciar ao pecado e a uma vida sem Deus e após renunciar à própria vontade, acontece então uma união divina entre o Criador e a criatura, na qual podemos dizer: “agora estamos caminhando com Deus.”

Depois nosso Senhor falou em transformar nossa alma em um céu, acrescentando que, nesse céu, nós O glorificaremos. Essa é a perfeição máxima da alma, que atinge a virtude angélica da impassibilidade. Esse é um aspecto muito mais amplo do esvaziamento. É um desapego da luxúria e da paixão, dos prazeres e desejos da carne. Numa mensagem, Nosso Senhor disse que, após a união divina entre o Criador e a criatura, e após recebermos a Unção do Espírito Santo, nós ficaremos assim:

“Agora, passarás a ser uma parte de Mim Mesmo e serás uma só Comigo, ornando cada um dos teus membros de Divindade e de Luz, de incorruptibilidade e de bênção, para seres condizente comigo, teu Deus e Rei. De repente, o mundo do passado parecerá esvanecer-se docemente de ti com todo o seu conteúdo, para sempre. E, num só momento, a impassibilidade, a virtude angélica, florescerá no teu coração; paralelamente, uma voluptuosidade espiritual daquilo que parece estar próximo da visão beatífica, se produzirá instantaneamente.

A partir de então, as virtudes angélicas, em toda a sua variedade, serão a tua coroa, porque elas serão aquilo que Eu te oferecerei como dons, para atingir a perfeição. Então, o Deus Absoluto vai Se enlaçar contigo, nos perfumes delicados do Aposento Nupcial, e será um contigo, envolvendo-te inteiramente na Sua Luz, até que tu mesma passes a ser luz. Envolvidos no Meu Espírito Santo, a tua boca será a Minha Boca, os teus membros os Meus Membros, os teus olhos os Meus Olhos, a tua palavra será a Minha Palavra; os teus atos e os teus pensamentos serão inteiramente divinos. Doravante, o teu ser e a tua alma, inteiramente brilhantes, serão animados por Mim. Será este o início da tua nova vida em Mim...” (fev-abr/2003)

Em outras palavras, a libertação de todas as paixões pode ser obtida por meio da libertação do Espírito, do morrer para si mesmo, do morrer para a própria vontade.

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*N.T.– no original inglês, esses estágios são chamados detachment, dispassion e impassibility. O desapego (detachment) é o primeiro passo para morrermos para nós mesmos, quando nos desprendemos de ambições e coisas terrenas, libertando nossa alma e deixando-a aberta ao Espírito Santo. O esvaziamento (dispassion) vai mais além, levando-nos a uma libertação com relação aos instintos e maus sentimentos. A impassibilidade (impassibility), que é uma virtude angélica, está ligada à ausência de sentimentos carnais. (Cf. https://ww3.tlig.org/en/pilgrimages_retreats/different-ascents-detachment-dispassion-impassibility/)

Em Cristo
Vassula.




Que Deus nos abençoe,



Leonardo Cesar Harger
Contato Nacional

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