Comunicados

As bodas de Vassula

José Hipólito de Moura Faria

Há décadas venho acompanhando a jornada de Vassula Rydén, escolhida por Jesus para se tornar no mundo a portadora de uma série de missões: a revelação do Seu Amor incondicional aos seres humanos, o apelo para o retorno ao Pai, o desejo de uma vida espiritual intensa, num face-a-face e numa oração constante, o apelo à união dos cristãos, tão divididos, à restauração da Igreja, e assim por diante – além de levantar o véu profético sobre o futuro da Igreja e da humanidade.

Confesso que essas mensagens me “converteram” de um tipo de cristianismo, que era o meu, para outro, divino, proposto em AVVD. E agora, ao saber que essa voz cessou em nosso mundo – deixando, porém, essas revelações para alimentar, inclusive, as gerações futuras – sinto-me levado a recordar o “drama”, por assim dizer, do diálogo de Jesus com sua mensageira, a respeito do momento de sua morte. Sempre ligado ao cumprimento da missão que lhe fora confiada:

“Eu te escolhi para seres Minha mensageira, revelando Minha Mensagem a toda a humanidade;” (AVVD-23 de janeiro de 1987).

“ouve-Me, até que termine Minhas Obras, Eu não te libertarei de tuas cadeias para vires a Mim;” (AVVD-29 de agosto de 1987).

“Meu resto, une-te a Mim e sejamos Um; juntos, juntos restauraremos Minha Igreja;” (AVVD-11 de julho de 1987).

“Vassula, Minha graça está contigo, o que tens a temer? Eu estou contigo....
...restaura Minha Casa...
digo-te, em breve estarás Comigo; nesse meio tempo, torna conhecidos o Nome de Meu Pai e o Meu Nome, para que Meus filhos percebam a Quem eles pertencem e de Quem eles descendem;” (AVVD-28 de dezembro de 1993).

quanto ao teu tempo de serviço, ele ainda não terminou; há muito por expiar e muito por trabalhar; bastante trabalho em tratar das chagas de Meu Corpo Místico; ainda há diante de ti muito terreno por cobrir e incendiar com Meu Fogo, a fim de plantar as sementes da paz, do amor e da reconciliação; [...] por isso não te canses; fixa o teu olhar em Mim e cintila quando Eu estou presente!“ (AVVD-10 de janeiro de 2003).

As promessas de que o Senhor viria buscá-la, depois desse serviço, são numerosas:

“lembra-te de que logo estarei contigo e, em breve, Eu te trarei perto de Mim, bem-amada, porque te amo a tal ponto que jamais poderás imaginar, mas antes deves transmitir Minha Mensagem a todas as nações, tal como fazes agora; então, em breve, virei buscar-te;” (AVVD-21 de janeiro de 1987).

Nesses “jogos de amor”, no qual a alma anseia para se livrar das cadeias deste mundo para o definitivo encontro nupcial com o Esposo, essas promessas do Amante de todos nós têm a função de manter a tensão voltada para Ele, e, na esperança desse encontro, “voar” para cumprir o trabalho dado...

“quando terminar Meu ensinamento não mais esperarei; Meu Coração anseia por tua pequena alma; oh! como sofro por ter-te na Terra, Eu te trarei de volta para Mim, libertando-te e alegrando Meu Coração, pois ardo de desejo em ter-te outra vez Comigo;” (AVVD-19 de fevereiro de 1987).

“Vassula, predirei o teu fim; todas Minhas almas escolhidas jamais temeram essa hora;” (AVVD-01 de maio de 1987). “as horas passam, teu tempo está próximo; oferece-te, cresce em humildade, come de Minha mão; Minha bem-amada, Eu desatarei tuas correntes e, muito em breve, tua alma voará para Mim;” (AVVD-06 de maio de 1987).

“sirvo-Me de ti mas, em pouco tempo, Eu te libertarei e estarás em Meus braços;” (AVVD-15 de outubro de 1987). “o Amor te ajudará; lembra-te de que, assim que Minha Palavra estiver estabelecida, tu virás a Mim! não suporto mais ter-te no exílio; Minha Alma anseia por ti!” (AVVD-05 de novembro de 1987). “Minha filha estará bem depressa Comigo” (AVVD-09 de agosto de 1988, Volumes seriados, vol. II, caderno 26, página 253). “entrarás em Minha Corte para o cumprimento de tua missão; embora Meu Coração anseie por trazer-te para as alturas de Meu Santuário, Eu não poderia trazer-te prematuramente; tenho ainda mais a dizer;” (AVVD-18 de outubro de 1992). “Minha Alma dói de desejo em ter-te perto de Mim, agora, no Céu, absorvida em Minha Luz; contudo devo deixar-te na Terra para cumprires tua missão; lembra-te de que Eu Sou sempre contigo, para guiar teus passos;” (AVVD-10 de junho de 1993).

Quem se surpreender com esses anseios de Jesus para ter suas almas amadas, em definitivo, junto de Si, quem se surpreender com esse grau de intimidade e essa troca de carícias místicas ainda não entendeu nada da vida espiritual cristã. Tudo isso é um eco daquilo que o Discípulo Amado deixou de forma discreta no seu Evangelho: “Também vós, agora, sentis tristeza. Mas Eu vos verei novamente e o vosso coração se alegrará, e ninguém poderá tirar a vossa alegria” (Jo 16,22). “Na casa de Meu Pai há muitas moradas. Se não fosse assim, Eu vos teria dito. Vou preparar um lugar para vós. E depois que Eu tiver ido e preparado um lugar para vós, voltarei e vos levarei comigo, a fim de que, onde Eu estiver, estejais também” (Jo 14, 2s).

Estamos ainda nesses “jogos de amor”. Porque Vassula, depois da graça do seu matrimônio místico, também desfalece para entrar nos átrios celestes... “não tens desejo de ver teu Pai? não anseias por encontrar Deus?” (AVVD-09 de março de 1999). O ápice dessa situação vamos encontrá-la num momento em que o Pai Celeste, indignado pela maneira como as Igrejas estavam combatendo as Mensagens e a mensageira, reage:

“escuta o que teu Amado tem a dizer agora: Ele que te criou, teu Criador e teu Divino Pai, decidiu elevar tua alma a Ele... não faço nenhum segredo disso, sim! Meu Pai Se levantou, Seu grito ressoou em cada ouvido celeste; Ele Se levantou, Ele que te educou como pai e te guiou, oferecendo-te como Seu dom à humanidade, a fim de te levar de volta para Ele; [...] digo-te, Ele Se levantou pois a tirania que eles te inflingiram superou todas as medidas juntas... Minha pergunta a ti, é: tu queres que teu Pai que está no Céu te arranque das mãos dos tiranos e dos lábios da mentira? (AVVD-31 de janeiro de 1996).

Aqui Vassula deve repetir o drama de São Paulo, que escrevia aos Filipenses: “Para mim, de fato, o viver é Cristo e o morrer, lucro. Ora, se continuando na vida corporal eu posso produzir um trabalho fecundo, então já não sei o que escolher. Estou num grande embaraço: por um lado, desejo ardentemente partir para estar com Cristo – o que, para mim, é muito melhor - ; por outro lado, parece mais necessário para o vosso bem que eu continue a viver neste mundo. Certo disso, sei que vou permanecer e continuar convosco, para o vosso progresso e alegria da fé” (Fil 1, 212ss).

“Minha Vassula, a ti Eu pergunto novamente: queres prolongar teu sofrimento na Terra, Minha filha, ou queres despertar pela manhã em Minha Luz, em Nosso abraço, cercada por milhares de vozes angélicas, onde a segurança, a glória e a Própria Doçura te rodearão?” (AVVD-31 de janeiro de 1996).

Como o Apóstolo, ela também decidiu ficar, carregando a sua própria cruz. Então...

“permite-Me fazer uso de ti como Minha tábua de escrever, por apenas mais um pouco de tempo, então... Eu, teu Salvador, te recolherei e plantarei no Meu Jardim para todo o sempre;” (AVVD-12 de julho de 1991).

“tem Minha Paz; trabalharemos juntos; Eu e tu espalharemos Minha Mensagem; Eu te enviarei a mais algumas nações e, então, quando sentir que cumpriste tua missão, voltarás a Mim; Eu Próprio virei buscar-te;” (AVVD-08 de julho de 1992).

“ah! Vassula! um dia aparecerás nas Cortes de Meu Pai junto Comigo; Eu ainda não colherei Minha flor, não até que Meu Plano em ti se tenha consumido; até então, continua a beber Meu Sangue e a comer Meu Corpo; o Santo está contigo;” (AVVD-10 de agosto de 1994).

“não substituas teus dons (nb: fraqueza, submissão, destruição, pobreza...) por nada deste mundo, guarda-os preciosamente até que Eu venha te buscar; como um esposo que carrega sua esposa através da soleira, também Eu nesta hora te carregarei, Minha bem-amada, para entrares em Minha Glória... portanto, guarda preciosamente tudo o que te dei e não prestes atenção aos teus malfeitores, Minha preciosa...” (AVVD-29 de junho de 1994). “Eu completarei tua jornada contigo e continuarei a ser teu bastão, tua lâmpada e tua bebida; não tenhas medo quando és atacada, terás grande força se Me temeres e Me honrares, e se fizeres o que Me agrada;” (AVVD-20 de dezembro de 1996). “com essa virtude que dei por Minha Graça aos mártires, tu podes vencer todos teus detratores e todos os que nunca cessam de anunciar a morte de Meu anjo; (Vassula) como o sol continuarás a brilhar em Nossa Presença Trina e em cada nação a que Eu te enviar...” (AVVD-22 de junho de 1998).

“que Eu seja sempre teu único amor e acima de tudo que tua boca contenha o Óleo (óleo, aqui, significa Nome, o Nome de Deus) que te é dado, para que proclames docemente Minha Grandeza; que um dia possas aparecer diante de Mim perfeita e honrável em Minhas Cortes...” (é o Pai que fala) (AVVD-30 de julho de 1999).

“assim que completar Minhas Obras contigo, serás instantânea e simultaneamente consumida; muitos daqueles que caíram irão levantar-se e anunciar que, verdadeiramente, Eu era teu Mestre Soberano e que eras a Delícia-de-Minha-Paixão; a serva bem-amada de Minha Paixão; e eles Me louvarão;” (AVVD-12 de abril de 1993).

Em setembro de 1996 publiquei, na revista teológica Atualização, um longo artigo defendendo Vassula das acusações de um sacerdote francês, ao qual dei o título de A Paixão de Vassula Rydén. É o momento de relembrar esse título, porque não podemos esquecer que uma parte intrínseca, constitutiva da missão da confidente foi a de seguir nas pegadas do seu Senhor e Mestre. Só a cruz pode santificar e fecundar a missão...

“Meus filhos não fazem a reparação que Eu gostaria que fizessem, por isso Meus Olhos caíram em ti, sabendo que não recusarás as súplicas de teu Salvador e que te permitirás ser esmagada por aqueles que gritam por justiça e paz e, no entanto, fazem o oposto; [...] sim, uma multidão se levantará para te derrubar, assim como uma multidão se levantou para Me derrubar e Me crucificar; muitas falsas testemunhas aparecerão no último minuto, testemunhando falsamente contra ti, assim como muitas se levantaram e testemunharam falsamente contra teu Salvador; com efeito, violentamente, eles insistirão em suas acusações contra o sangue inocente, vês? o que fizeram Comigo, eles farão contigo, na medida em que tua alma pode suportar; a zombaria continuará alardeando, alto e baixo, que és um falso profeta; [...] tu parecerás como uma perdedora perante os olhos do mundo, assim como Eu, teu Senhor, parecia na Cruz;” (AVVD-10 de novembro de 1995). “tuas roupas, Minha filha, ficarão encharcadas em teu sangue, e isso também será evidência de que vens de Mim; nasceste para isso e tua aceitação Me delicia, porque através de teus sofrimentos Eu salvarei muitos;” (AVVD-25 de outubro de 1995).

“mas tu e Eu a (cruz) compartilharemos juntos; nada será em vão; Eu te ajudarei a cumprires tua missão, então... voarás para Mim, sim!” (AVVD-06 de setembro de 1988).

“em Meu doce abraço encontrarás alegrias, mas a maior alegria de todas é descobrires que te tornaste uma cópia de Minha Paixão e parte de Mim, a Suprema Vítima; outro sacrifício de amor, outro crucifixo vivo, outro escravo a ser vendido para o mundo inteiro; ” (AVVD-11 de novembro de 1998).

Abordemos, agora, o mistério de sua morte. Já sublinho que, do ponto de vista humano, a coisa pode ser até prosaica: sofrimentos, hospitalização, dores, cirurgias, complicações, falecimento. Uma última lapidada no cristal de sua alma... Tudo, porém, possui “um outro lado”. Num romance em que procurei apresentar a vida mística não de forma teórica, mas nas ações e vivências dos personagens (Ciúme de Deus), há um trecho que exemplifica o que desejo dizer:

“No entanto, disse ao Sílvio e ao Cláudio:

- Vai chover antes que eu parta. Será o meu sinal.

- Mas, com este tempo, a chuva tem mesmo que vir a qualquer momento. Como poderá ser um sinal para você? contestou o Cláudio.

Renato olhou sorrindo para ele:

- Irmãozinho, você está falando como um bom materialista: vê o fato externo e não ‘pesca’ nada... É claro que, exteriormente, será tudo igual. Que o diga o Serviço de Meteorologia. Mas, se a chuva for mandada para mim, saberei reconhecê-la”.

Então, por trás das trivialidades das doenças e cuidados médicos, Vassula deve também ter reconhecido que a sua “hora” havia chegado, essa hora tão suspirada, tão cercada de anseios e desejos... Também ela já escutara frases assim:

“Minha filha, fizeste um trabalho leal através de Meu Espírito, ajudando Minha Igreja; estiveste, e ainda estás, a serviço de Meu povo; tu respondeste ao Meu Chamado;” (AVVD-06 de junho de 2000).

Cumpriu a missão. Então... “Entra na alegria do teu Senhor” (Mt 25,21). Por que agora? Só Deus o sabe, mas podemos observar alguns sinais. AVVD nos diz que chegará o tempo em que todos os profetas e porta-vozes serão silenciados pelos poderes anticrísticos. Talvez Cristo já esteja se antecipando... Há alguns anos, morreu Lúcia de Fátima. Dias atrás, Sóror Agnes Sasagawa, a vidente de Akita. Agora chegou a vez da Vassula. Como Jesus lhe prometera que iria com ela até o fim dos tempos, podemos concluir que chegou o “fim dos fins”. Estamos entrando no tempo de “silêncio do Céu”, predito também no Apocalipse. Tudo foi feito para salvar esta nossa geração orgulhosa, ranzinza, materialista, ingrata, revoltada, de coração endurecido. Aos poucos o Céu vai se calando e depois... vem o cumprimento.

Também podemos levar em consideração que as reuniões e pregações da Vassula estavam se tornando mais difíceis: as restrições da pandemia (às quais, infelizmente, as autoridades da Igreja aderiram de forma quase entusiástica...), a doença e morte do marido e, talvez, levando a mensageira ser preservada da influência de terceiros, que desejariam assumir a direção do movimento AVVD.

Mas há outros mistérios cuja concretização ainda esperamos:

“nenhuma tarefa será difícil demais para ti, e ninguém será capaz de subjugar-te, nenhum governante do mundo será capaz de abalar-te, mesmo depois da morte teu corpo continuará a profetizar; todo o trabalho que fazes não será em vão;” (AVVD-07 de junho de 1993).

“alegra-te também em teu Deus; mesmo após tua morte, teu corpo ainda continuará profetizando; vês? Meu Espírito Se expressará através de teu corpo; Eu, e apenas Eu, preguei a ti: Salvação;” (AVVD-18 de março de 1996).

Não sabemos como isso será cumprido. Sabemos, porém, que o Senhor se manifestou muitas vezes sob os traços da Vassula, quando realizava palestras dando o seu testemunho. Será algo desse gênero? Jesus, mais uma vez, aparecendo no lugar do rosto dela? Ou será a incorruptibilidade do corpo? Pode acontecer também que, à vista dessa morte, muitos obtenham a graça de se converter, aceitando a autenticidade dessas Mensagens, como Jesus nos dizia em 12 de abril de 1993. Ou, ainda, que muitas graças e milagres sejam concedidas junto do seu túmulo...

Terminamos com a parte mais bela desse encontro de bodas, já previsto e prometido em tantos cânticos que encontramos em AVVD: a união definitiva do Amado e da Amada. Imagino Jesus dizendo a ela: - “Vem, minha Amada. Descansa. Tudo terminou. Já não tens que chorar pelas incompreensões, pelas calúnias, pelas perseguições. A dor já se consumou. ”O ruído do pecado desapareceu no silêncio do amor”. Nossa missão foi realizada. Venho descer-te da cruz... Deixa para longe o alarido dos pecados. Entremos no silêncio, na paz e na alegria eterna do Amor”.

Mas, chegados até aqui, temos que ficar aquém da porta. É um mistério selado. O segredo do Rei. Podemos ter alguma ideia meditando no que santos e místicos disseram. Como São João da Cruz, em Chama de Amor Viva:

“Já entrou a esposa
no ameno horto desejado
e a seu gosto repousa, o colo reclinado
sobre os doces braços do Amado”.

Ou, então, como lemos nos próprios cânticos dAquele que, em AVVD, nos fala com amor e poesia:

“antes que o vento da aurora se levante,
antes que as sombras fujam,
vem mais perto de teu Bem-Amado
e abriga-te em Seu abraço,
então tua alma se alegrará em Seu abraço;
ninguém perturbará teu repouso;
ninguém (mais) poderá tocar teu repouso em Meu Coração,
porque Eu te protegerei,
Minha bem-amada;” (AVVD-06 de maio de 1997).