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A Verdadeira Vida em Deus
12a Peregrinação Ecumênica - Grécia

Bispo Riah Abo El Assal
"Precisamos ousar amar em um mundo que não sabe como amar"


Vassula

Introdução

Pediram que falássemos sobre um tópico que tem se apresentado a nós, e à comunidade cristã como um todo, desde que Nosso Senhor Jesus Cristo orou para que fôssemos um, como Ele e o Pai são um. O tema da unidade cristã não é apenas uma questão para teólogos e acadêmicos cristãos. É igualmente uma questão real para todos e cada um de nós presentes aqui. Também para os milhões de batizados em Nome de Jesus nas diversas partes do nosso globo.

NÓS SOMOS UM NELE:

Um dos grandes dons da Igreja, e também para a Igreja, é o que chamamos de Comunhão Cristã, isto é, o ato de reunir-se, de dar as mãos e unir os corações, e de juntar vozes em louvor a Ele, Jesus Cristo, que nos julgou dignos de sermos chamados Seus bem-amados. Isso não reflete a oração de Jesus: “Rezo para que sejam um, como nós somos um” (João 17, 11)? A união de Jesus com o Pai é divina. Não é apenas indestrutível; ela suporta até a pressão mais extrema sem se romper. Isso ocorre porque ela é uma unidade fundada em um fluxo incessante de amor oblativo. Sim, no divino amor ou, se preferirem, no amor divino. Essa é a unidade que Jesus deseja e ora para que nós também tenhamos. Nossa reunião ao redor de Sua santa mesa é essencial em nossa fé, bem como uma parte sagrada de nosso credo. Ou nós acreditamos e trabalhamos por essa 'IGREJA UNA, SANTA, CATÓLICA E APOSTÓLICA', ou é melhor parar de nos enganar e àqueles a nossa volta.

Que Deus Todo-Poderoso nos conceda Seu amor divino para ver isso se concretizar.

AMOR, FÉ, ESPERANÇA, DOUTRINA, TRADIÇÃO?

O mais importante deve vir primeiro.

"Simão, filho de Jonas," - Jesus perguntou - "tu me amas mais do que estes?" Jesus não questionou sobre fé e ordem, nem sobre doutrina e tradição. Ele queria ter certeza do amor de Simão por Ele; amor que lhe permitiria cumprir a missão que lhe foi confiada. O amor de Pedro por Jesus moveu montanhas e preparou o caminho para que o velho mundo buscasse a Jesus como Senhor e Salvador.

O número dos primeiros discípulos era muito menor do que os que estão presentes aqui. Seus recursos não eram nada comparados ao que a instituição da Igreja possui. No entanto, eles conseguiram mudar o curso da história humana. Eles tinham o que nós não temos. Eles amavam a Jesus acima de tudo. Depois vieram Paulo e Apolo. O importante para eles, no dia a dia e na difusão da boa-nova, era conhecer Jesus, e Jesus crucificado. Eles não se deram ao luxo de ficar sentados relaxados discutindo datas e doutrina. Para eles, “agora” era o tempo aceitável, o tempo de agir. Para eles o noivo é só um, assim como a noiva. Então por que ter dois ou três casamentos? Hoje, o caos resultante, por exemplo, da celebração de três Natais, duas sextas-feiras da Paixão, duas Páscoas e assim por diante, enfraquece a nossa missão num mundo onde dois terços dos habitantes não são cristãos.

O medo, em vez da esperança, distancia-nos do dia em que nos reuniremos ao redor de Sua mesa. Continuamos sendo controlados pelo medo.

O medo do que pode acontecer parece ser maior do que o amor necessário para eliminar esse medo.

Não tenho dúvida de que alguns medos sejam genuínos. O medo de que a VERDADE seja comprometida?? Essa herança preciosa pode se perder. O Bispo Hollis, um dos principais mediadores da Igreja do Sul da Índia costumava dizer: "Esperar termos um entendimento total antes de nos unirmos é como querer uma compreensão completa do casamento como prerrequisito para a disposição de se casar".

Na raiz da atual divisão da Igreja entre "DIREITA" e "ESQUERDA" está a separação conceitual entre o AMOR e a VERDADE. A ESQUERDA insiste no AMOR, sem a VERDADE da sã doutrina. A DIREITA insiste na VERDADE da sã doutrina, ignorando a necessidade de amor e unidade dentro da Igreja. O AMOR e a VERDADE, em sua realidade mais completa, não podem existir separados. No entanto, o AMOR é o maior. São Paulo, em sua primeira carta aos Coríntios, no capítulo 13, afirma isto: "Por ora subsistem três coisas: a fé, a esperança e a caridade. Porém, a maior delas é a caridade". É disso que precisamos hoje: AMOR DIVINO, como diz a canção: “Amor divino, que supera todos os amores, alegria do céu, vinde à terra. Fixa em nós tua humilde morada, coroa todas tuas bênçãos fiéis. Jesus, tu és todo compaixão, és puro amor imenso; visita-nos com tua salvação. Entra em cada coração temeroso."

Devemos ousar amar em um mundo que não sabe amar.

Caros amigos, largos anos se gastaram na busca da UNIDADE no Corpo de Cristo. Milhares de páginas foram dedicadas a esse tema. Divergimos em nossa visão sobre como o Espírito poderia criar unidade em meio à diversidade. Alguns tentam excluir do amor incondicional de Deus aqueles que Deus insiste em incluir em Sua compaixão e graça divinas. Enquanto, naquele primeiro Pentecostes em Jerusalém, cada um ouviu os apóstolos falar em sua própria língua (Atos 2, 6), pergunto-me se, por nossa falta de amor, fomos levados de volta a Babel (Gênesis 11): "Eis que são um só povo e falam uma só língua: se começam assim, nada futuramente os impedirá de executarem todos os seus empreendimentos. Vamos: desçamos para lhes confundir a linguagem, de sorte que já não se compreendam um ao outro.".

Como alguns ficaram desanimados! Como os primeiros discípulos no lago da Galiléia, ouço muitos dizerem: "Trabalhamos a noite inteira, mas não pegamos nada". Centenas de anos. Milhares de reuniões, porém não pegamos nada que tenha valido o tempo e a energia que gastamos. Estamos saturados. É inviável e uma perda de tempo.

A pergunta se faz, com razão: Temos lançado nossas redes do lado direito, bem no fundo? Ou temos procurado os vivos entre os mortos?

Quero acreditar que fomos sinceros e honestos em nossa busca. O que precisamos é de um toque do Espírito Santo, um toque de amor, Amor Divino.

Queridos irmãs e irmãos, nunca percamos a esperança.

Os momentos mais escuros de qualquer noite - também da noite de nossa busca pela unidade dos cristãos - são aqueles momentos que precedem a aurora. A aurora está chegando. Fiquemos despertos.

A busca da unidade deve continuar. DT Niles, do sul da Índia, costumava dizer: "Nós nos unimos para nos unirmos". Em nossa liturgia, afirmamos: “apesar de sermos muitos, somos um só corpo, porque partilhamos do mesmo pão”. Se cremos que somos povo de Deus, então sabemos que somos feitos para nos encaixar, como peças de um quebra-cabeça, para formar uma imagem unida do amor divino. Deus quer que sejamos um. Vamos continuar, com maior esperança, maior fé e maior amor.

Deixem-me encerrar com São Paulo, em oração:

"O Deus da perseverança e da consolação vos conceda o mesmo sentimento uns para com os outros, segundo Jesus Cristo, para que, com um só coração e uma só voz, glorifiqueis a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo" (Romanos 15, 5-6).

Digamos todos: A M É M!

Bishop Riah Abo El Assal

 

 

Para mais informações, favor visitar site oficial, em inglês:

- Texto original: Bispo Riah Abo El Assal - Precisamos ousar amar...

- Sobre a Peregrinação: Greece 2019 – “Discovering the Country of Saints”