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O FIM DOS TEMPOS(1)O Fim dos Tempos não é o fim do mundo; é o fim de uma época (nota de Vassula, 15.9.1991)
Na Obra de Vassula: "A Verdadeira Vida em Deus" (2)Publicada por Éditions du Parvis, CH-1648 Hauteville, Suiça (4 tomos e 9 suplementos, nesta data). A reprodução fotográfica destes manuscritos originais True Life in God - Original Hand Writing Edition (vol. 1 a 8) é publicada pelas Edições Trinitas, P.O. Box 475, Independece, Missiouri, U.S.A. 64051.
áudio: O FIM DOS TEMPOS na obra de Vassula Ryden - clique para ouvir
Entre os "erros doutrinais" atribuídos a Vassula pela NOTIFICAÇÃO, publicada em L'OSSERVATORE ROMANO pela Congregação para a Doutrina da Fé, pode ler-se o seguinte: "Preanuncia-se nessas presumíveis revelações um iminente período de predomínio do Anticristo no seio da Igreja. Profetiza-se em chave milenarista uma intervenção definitiva e gloriosa de Deus, que estaria para instaurar sobre a terra, antes ainda da vinda definitiva de Cristo, uma era de paz e de bem-estar universal". De tais "erros" a NOTIFICAÇÃO dá apenas a supracitada descrição, bem genérica, sem citar qualquer texto específico, a título de exemplo.
O fim deste artigo é apresentar justamente, de forma concreta e pormenorizada, o ensino de Vassula sobre estes pontos, e avaliar depois este mesmo ensino, no plano doutrinal. A intenção não é fazer de um tal assunto uma exposição completa, mas ilustrar os seus principais aspectos com algumas citações de textos, sobretudo destes últimos anos (3)O estudo sobre o ensinamento de Vassula realizado por Christian Parmantier (Editions du Parvis) é muito mais rico em citações..
Os pontos sublinhados pela NOTIFICAÇÃO podem ser classificados, muito simplesmente, em más e boas notícias. As más notícias relacionam-se com a vinda do Anticristo; e as boas notícias, com a era de paz e de bem-estar que se lhe deve seguir. Tais notícias são na realidade um verdadeiro eco dos profetas do Antigo Testamento, que avisavam os Israelitas do castigo que mereciam, mas jamais deixaram de lhes garantir que, no fim, o próprio Deus os converteria e abençoaria.
I - O REINO DO ANTICRISTO
Sobre o Anticristo, Vassula não diz explicitamente grande coisa (4)Na obra "A Verdadeira Vida em Deus" não há, actualmente, senão seis menções do Anticristo. e o que diz deverá ser situado no mais largo contexto da Apostasia predita por São Paulo e da Tribulação anunciada por Jesus, bem como da "abominação da desolação" que acompanhará esta última. Vassula defende (5)Como os seus leitores sabem, Vassula diz que não propõe as suas opiniões pessoais mas que tudo quanto ela escreve consiste apenas em mensagens que lhe são dadas pelo Pai Celeste, por Jesus Cristo, pelo Espírito Santo ou, com menos frequência, por Nossa Senhora. Referindo-me por vezes ao que Vassula diz ou, tantas vezes, ao que Jesus diz por seu intermédio, não vejo que se deva fazer diferença. que estes acontecimentos se deverão realizar nesta nossa época, e que estamos em vias de entrar neles.
Uma tal afirmação provoca muito naturalmente a nossa inquietação, dado o perigo de eventuais ilusões. Com efeito, tem havido tantos "profetas", através dos séculos, a anunciar a chegada dos últimos tempos! Se tratássemos da questão da autenticidade da afirmação de Vassula de que transmite mensagens divinas, seria necessário informarmo-nos da sua saúde mental e emocional, examinar os frutos de conversão na sua própria vida e as graças e sinais que ela mesma tem provocado nos outros. Mas nada disto será discutido neste estudo (6)O perfeito equilíbrio de Vassula, a sua normalidade emotiva e mental, são afirmadas por inúmeros estudos e foram objecto de muitas obras, como as do Padre René Laurentin "Quand Dieu fait signe" e "Qui est Vassula"; do Padre Michael O'Carroll "Vassula da Paixão do Sagrado Coração" e "Vassula medianeira da União dos Cristãos"; do Padre F. Umana "Vassula, un Charisme oecumenique pour notre temps"; e do Dr. Philippe Loron "J'ai vu écrire Vassula", Éditions du Parvis (n.d.t.f.)., que tem por único propósito a ortodoxia das suas ideias. Pelo facto de existirem notáveis paralelos entre as mensagens de Vassula e as de Don Gobbi (7)Fundador do Movimento Sacerdotal Mariano (M.S.M.). Enquanto, desde 1972, para defender a Igreja e muito particularmente o Papa, o Padre Gobbi se dirige de facto aos padres e fiéis católicos praticantes, a missão pública de Vassula, que iniciou em 1988, nitidamente mais alargada, dirige-se a todos, visando reconduzir mesmo os não-praticantes, mesmo os não-cristãos, no Único Redil, sob o cajado do sucessor de Pedro, Vigário de Cristo, o Papa. Por este motivo, as missões de Vassula e do Padre Gobbi revelam-se ser, não apenas notavelmente complementares, mas também manifestamente ordenadas uma para a outra, de modo sobrenatural: pelo Padre Gobbi, desde 1972, Maria dirige uma escola de sacerdotes sólidos, capazes de enquadrar e guiar os inúmeros convertidos reconduzidos à Igreja por Vassula. É verdadeiramente notável constatar que, tal como a vida de Maria na terra começou uns dezesseis anos antes da de Jesus, assim a missão pública do Padre Gobbi começou dezesseis anos antes da de Vassula. É de notar que o Sagrado Coração de Jesus falou a Vassula do Movimento Sacerdotal Mariano, nas Suas mensagens de 4 e 6 de Junho de 1988, como aliás já dele tinha falado nomeadamente a Mons. Ottavio Michelini, nos dias 20 e 22 de Janeiro de 1976 (ver Confidences de Jésus à ses prêtres et à ses fidèles, 1ª Ed., tomo II, Ed. du Parvis). E também Maria falou do M.S.M. a Vassula, no dia 10 de Junho de 1988. Vassula que, desde então, a título meramente pessoal, é membro do M.S.M., confessa ser uma sua grande promotora; com efeito, graças à mensagem de "A Verdadeira Vida em Deus", o M.S.M. deve-lhe muitíssimas adesões, na sua maioria, de convertidos. Aliás, na Sua mensagem dada ao Padre Gobbi no dia 2 de Fevereiro de 1991, Maria diz-nos que "nestes dias, Jesus está operando de maneira muito forte em todas as partes do mundo, para realizar o desígnio do Seu Amor misericordioso. Este desígnio está, por enquanto, escondido e guardado no segredo do Seu Coração divino. Ele é, também hoje, revelado somente aos pequenos, aos simples, aos pobres, aos puros de coração. Com estes pequenos, que Ele está recolhendo de todas as partes da terra, Jesus instaurará em breve o Seu Reino de glória. E é este o caminho que conduz à nova era". Maria que, aliás, tem o particular cuidado de Se servir aqui da expressão "Coração divino", tão querido dos ortodoxos, não poderia designar mais claramente a obra de Seu Filho, "A Verdadeira Vida em Deus" (n.d.t.f.)., ocasionalmente se fará uma referência a este último (8)As mensagens que o P. Stefano Gobbi diz receber de Nossa Senhora são espantosamente paralelas às que Vassula recebe de Jesus; por exemplo: "Muitos perdem a fé e a apostasia expande-se cada vez mais na Igreja, como um terrível cancro que se espalhou em todos os seus membros" (P. Gobbi, 4 de Maio de 1991); do mesmo modo: "São estes os tempos preditos pela Sagrada Escritura como os tempos da grande apostasia e da vinda do Anticristo" (19.5.1991). Outros e bem significativos paralelos serão assinalados mais adiante. As mensagens recebidas pelo Padre Gobbi são publicadas pelo Movimento sacerdotal Mariano, sob o título "Aos Sacerdotes, filhos predilectos de Nossa Senhora", um livro apresentado e distribuido de forma não comercial..
A interpretação de Vassula é muitas vezes difícil. Tal como os profetas do Antigo Testamento, ela exprime-se habitualmente em metáforas poéticas e por alusão, mudando muitas vezes, de forma abrupta, o ponto de referência. Além disso, Vassula escreve no estilo do midrash, não só afirmando que certas predições bíblicas estão em vias de se realizar, na nossa época, mas servindo-se também de uma linguagem bíblica, particularmente a de Daniel, para designar as realidades contemporâneas. Traduzir o seu pensamento em declaração directa é, por esse motivo, uma tarefa bem delicada, que aliás deve ser empreendida com precaução.
A APOSTASIA
Quando Vassula visitou a Universidade de Notre Dame, em julho de 1994, perguntei-lhe se, no decurso dos meses mais recentes, as mensagens de Jesus tinham abordado temas novos. Enfaticamente, respondeu-me que SIM. Começando pela mensagem de 17 de março de 1993, Jesus tinha atraído a sua atenção sobre um texto da segunda epístola de São Paulo aos Tessalonicenses. Contendo os rumores de que o Dia do Senhor já tinha vindo, o apóstolo declara que "antes há-de vir a apostasia e há-de manifestar-se o homem da iniquidade, o filho da perdição, o Adversário..." (2 Tes 2,3); "o mistério da iniquidade, acrescenta a epístola, já está em acção, esperando apenas o desaparecimento daquele que o impede. Então aparecerá o ímpio, que o Senhor Jesus destruirá com o sopro da Sua boca e aniquilará com o resplendor da Sua aparição" (2 Tes 2, 7-8).
São Paulo em parte alguma se serve do nome do "Anticristo", mas fala antes do "homem da iniquidade", do "Filho da perdição", do "Adversário" (em inglês, "the Rebel" - "o Rebelde"), que parece ser a expressão equivalente, e é por isso que Vassula se serve dela. São Paulo descreve esse Rebelde como "o que se levanta contra tudo, o que leva o nome de Deus ou o que se adora, a ponto de tomar lugar no templo de Deus e se apresentar como se fosse Deus" (2 Tes 2,4).
Finalmente, depois de ter lembrado aos seus leitores que ele mesmo lhes disse já todas estas coisas, quando ainda estava com eles (2 Tes 2,5), o apóstolo acrescenta esta observação bem enigmática: "E vós sabeis perfeitamente o que o detém, de modo que ele só se manifestará a seu tempo" (2 Tes 2,6).
As mensagens que Vassula recebe do Senhor Jesus afirmam que a Apostasia predita por São Paulo (e em termos diferentes por Jesus em Lc 18,8), já começou. Por exemplo:
"Já vos disse a todos que a vossa geração apostatou e que esta apostasia penetraria no coração do Meu santuário, atingindo padres, bispos e cardeais. Como vês, Minha filha, Eu falo desses apóstatas que estão prestes a trair a Minha Igreja e que se opõem àquele que Eu Mesmo escolhi, o Vigário de Minha Igreja, o qual detém a sua rebelião" (20.12.1993).
O personagem que São Paulo descreve como detentor da Apostasia está aqui (e em muitos outros textos) explicitamente designado como sendo o Papa João Paulo II. No entanto, isto não significa que o apóstolo, ao fazer a sua declaração, estivesse necessariamente a pensar neste nosso actual Papa. Não sabemos a quem Paulo faria alusão, em 2 Tes 2,6; mas trata-se provavelmente de alguém que tanto ele como os Tessalonicenses, admitida a hipótese de saber de quem se esteja a falar, podiam enfrentar. Quanto ao texto de Vassula, basta-nos saber que é no nosso Santo Padre o Papa João Paulo II que se realiza actualmente o que São Paulo tinha em mente.
No texto que acaba de ser citado, a oposição ao Santo Padre, por uma parte do clero, é caracterizada como uma verdadeira traição à Igreja. A própria crítica ao Papa é severamente considerada:
"... a traição e a falta de fé envolvem cada vez mais a Igreja. Eis as palavras que Eu ouço, por parte daqueles que partilham a mesa do Vigário de Meu Filho: "Como é aborrecido!" " (20 de abril de 1993).
Jesus chega ao ponto de identificar a traição ao Papa com uma traição a Ele Mesmo:
"Dirijo-Me hoje a vós, para vos dizer, do mais profundo do Meu Coração, as mesmas e bem amargas palavras que proferi na Última Ceia, rodeado pelos Meus discípulos: "Alguém que se senta Comigo à Minha Mesa, se revolta contra Mim". E digo-vo-lo agora, antes que aconteça, a fim de que, quando vier a acontecer, acrediteis que Eu sou Aquele que hoje vos fala" (17 de março de 1993).
Nas suas notas, Vassula identifica frequentemente o inimigo da Igreja à franco-maçonaria (9)Por exemplo, quando Jesus fala de antros em que vivem os chacais, Vassula acrescentou, em nota: "Jesus faz alusão aos franco-maçons, introduzidos no Seu Santuário" (6 de Julho de 1990). Jesus diz que "a besta negra (Ap 13,1), com a segunda besta (Ap 13,11), isto é, o falso profeta (Ap 16,13) (...) na mira de ocuparem postos de alto comando, designaram sacerdotes da sua laia que hoje mesmo exercem um tal sacerdócio no próprio coração do Meu Santuário". O mesmo Jesus declara: "aqueles que hoje exercem funções, na Minha Igreja, mas estão ao serviço do poder da besta, gabando-se do conhecimento que têm da Minha Lei, são justamente aqueles que invocam o Meu Nome em vão". E Jesus conclui: "se esta geração assim blasfema o Meu Santo Nome e d'Ele se serve tão futilmente, é por causa da permissividade, impregnada de vício, que lhes é imposta com abundância, precisamente por aqueles que se vestem de um modo bem ridículo, com vestes negras". Vassula acrescenta, em nota: "A seita da Franco-Maçonaria". Quando Jesus diz: aqueles de entre os padres, que são tidos como fiéis, mas que se venderam a Satanás e servem a Besta vivem "como chacais, em tocas escondidas", Vassula acrescenta em nota, referindo-se a esta última mensagem: "as lojas maçónicas" (5-29 de Agosto de 1990). Quando Jesus fala dos "vendilhões" que "têm trocado a Verdade por uma mentira", Vassula dá-nos uma lista de seis significados diferentes da palavra vendilhões, um dos quais é: "podem representar a segunda besta do Apocalipse (Ap 13), que simboliza a Franco-Maçonaria Eclesiástica (2 de Março de 1993). Uma vez mais, o seu ensinamento é paralelo ao do Padre Gobbi, mais prolixo que Vassula nos seus apelos de sobreaviso contra a franco-maçonaria, particularmente a franco-maçonaria eclesiástica (por exemplo, nos dias 3, 13 e 17 de Junho de 1989)., Jesus serve-Se de um estilo ou vigor semelhante, com o clero que se recusa a prestar atenção aos Seus mensageiros, tais como a própria Vassula, através de quem Ele Próprio fala, neste nosso tempo:
"Jamais deixei de enviar os Meus porta-vozes, para vos avisar e, no entanto, hoje em dia, rejeitastes, renegastes os Meus mensageiros e enraivecestes-vos contra eles. Muitas das Minhas almas sacerdotais, os que governam em altas sedes, juraram eliminá-los. Tenho-Me servido de todos os meios para atingir esta geração infiel, para a salvar e ciciar ao seu coração algum bom sentimento, mas o Meu Espírito é perseguido pelo seu espírito. Odiosos são aqueles, cuja consolação é má. Muitas e muitas vezes lhes tenho dado sinais do Meu Amor, mas eles têm lançado o Meu Amor aos pés. (...) Hoje, quanto mais Eu os chamo pelos Meus porta-vozes, mais eles se afastam de Mim. Outrora, tu eras o Meu Eden, Roma, o Meu Jardim de delícias. Até os Meus Anjos se sentiam confundidos de espanto, perante a tua perfeita beleza, e tu governavas a Minha Casa em santidade e justiça.
A honestidade e o amor eram a alma da Minha Casa. Eras verdadeiramente o reflexo da Minha Luz Eterna, deixando uma memória eterna aos Meus santos e anjos. A tua riqueza e o teus tesouros, então, eram celestes.
Hoje, Roma, a tua alma está transformada num reflexo da Besta e tomaste a posição de sentinela no Meu território para proibir a entrada ao Meu Espírito Santo e aos profetas que profetizam em Meu Nome, chamando-vos ao arrependimento e a renunciar aos vossos maus caminhos.
Para te salvar, venho agora Eu Mesmo às tuas portas, na intenção de assim Me dirigir a ti. (...) Mas, até agora, nem uma só palavra que Eu tenha pronunciado penetrou em ti " (1 de dezembro de 1994) (10)Quem quer que suponha esta passagem anti-clerical pode compará-la com o capítulo 34 de Ezequiel..
Vassula não definiu com precisão em que sentido se deve entender "Roma", mas esta palavra não manifesta evidentemente o Santo Padre, de quem ela mesma fala com tanta reverência; e é interessante notar que estas linhas foram escritas quase um ano antes da NOTIFICAÇÃO.
O ANTICRISTO
A oposição ao Santo Padre atingirá o seu ponto culminante com "o Rebelde", de que falou São Paulo:
"O Inimigo, aquele que pretende ser maior que tudo quanto é venerado, entronizar-se-á a si mesmo no Meu Santuário. Vem com um nó corredio na mão e dirige-se para aquele que foi designado por Mim e que detém ainda a rebelião, prestes a explodir" (27 de maio de 1993; aqui, Vassula acrescenta, em nota: o Papa João Paulo II).
Não se diz claramente em que sentido compreender que este rebelde se entronizará a si mesmo no Santuário. Pode tratar-se do anti-Papa como aliás já foi sugerido por vários videntes; pode também tratar-se de um pseudo-Messias. Mas se o Santuário significa aqui o coração humano, como nos textos que iremos analisar seguidamente, "Entronizar-se-á a si mesmo no Meu Santuário" significaria simplesmente conquistar gentes para uma crença não cristã (Isto estaria de acordo com o facto de os dirigentes da rebelião serem muitas vezes designados pelos "eruditos", como o iremos ver a seguir).
Todavia, o texto supracitado indica que, de um ou de outro modo, o Inimigo tentará algo contra o Papa actual, esse mesmo que detém a apostasia. De uma forma semelhante:
"Os condutores da destruição são, de facto, três espíritos demoníacos *, que formam um triângulo, de que ocupam cada um o seu ângulo, os quais conduzem o mundo inteiro para o seu mundo abjecto, ébrios do sangue dos santos e de todos os que dão testemunho da Minha Divindade. Não vedes? Para concluir a sua obra de destruição e coroá-la de sucesso, faltar-lhes-á suprimir a Cadeira de Pedro e aquele que nela se senta. O seu fim é destruir a Minha Igreja..." (28 de abril de 1995; aqui, Vassula acrescenta em nota: * Ap 16, 13-14).
Acrescentando uma nota pessoal à mensagem de 23 de dezembro de 1993, Vassula declara:
"Como o mencionei antes, Jesus diz-nos que hoje existem já estes sinais precisamente nesses inúmeros anticristos. Apesar disso, a profecia da abolição do Sacrifício Perpétuo realizar-se-á concretamente: quando a Apostasia e a Rebelião se generalizarem, então, o Anticristo, que está já no meio de nós, aparecer-nos-á abertamente".
Esta nota é seguida de uma confirmação de Jesus: - "Sim, Vassula!"
O sucesso da Apostasia é assim indicado:
"Deste modo, vós lestes, como estava escrito, que a Minha Igreja irá sofrer e será submetida a perseguição, sob a lei do Ímpio, traída no seu interior; vós ides agora ser testemunhas disso mesmo e todas as visões se irão verificar" (31 de maio de 1994).
Quando Jesus sublinha a Vassula que "o resto das Minhas Mensagens te será agora dado prontamente, antes do dia da aparição do Anticristo...", ela pergunta-Lhe: "E como iremos nós continuar, quando ele tiver aparecido?"; ao que Jesus responde:
"Precisamente durante um pouco mais de três dias e três noites *, não serás capaz de continuar, como o queres. Mas esse silêncio será quebrado pela Minha Própria Mão, com a abertura do sexto selo *." (31 de março de 1995).
* Aqui, Vassula nota que "um pouco mais de três dias e três noites" é um número simbólico que significa três anos e meio. Durante esses três dias e meio, toda a profecia celeste será reduzida ao silêncio; será o tempo do reino do Anticristo". * Mais adiante, Vassula anota que "a abertura do sexto selo" será o fim desses três anos e meio do poder do Anticristo". A cifra de três anos e meio é sugerida por Dan 7,25 e 12,7; e retomada em Ap 11,9; 12,6 e 12,14. É tomada por Vassula no seu sentido literal, contrariamente à opinião da maior parte dos exegetas.
A TRIBULAÇÃO
O segundo tema de maior dimensão utilizado por Vassula para caracterizar a época actual é o da Tribulação. Para traçar a história deste termo, teremos de remontar ao profeta Daniel. No seu livro, Daniel conta que um anjo lhe disse: "guarda isto em segredo e conserva selado este livro até ao tempo final" (Dan 12,4; cf. 12,9).
Jesus diz a Vassula:
"A princípio, antes que o Meu Fogo tivesse passado por ti, tinha Eu enviado o Meu servo Daniel, para te pedir que lesses o livro de Daniel, porque nele se encontram precisamente verdades actuais, verdades e profecias que devem ser desseladas, a fim de serem compreendidas e, depois, proclamadas; elas são os sinais do fim dos tempos. Deste modo, o livro de Daniel, que era selado, e as palavras que ele contém, que eram guardadas como secretas, são-vos agora reveladas a todos, na sua plenitude" (20 de dezembro de 1993).
Neste livro, ao falar do tempo "final" (cf. Dan 11,40), um anjo diz: "Será este um período de angústia tal, que não terá havido outro semelhante, desde que existem nações até àquele tempo" (Dan 12,1).
Entre as infelicidades ou desgraças anunciadas por Daniel, diz-se que o "Ungido" será exterminado por um chefe que terá de vir; e o anjo prossegue, dizendo, a respeito deste último: "Ele concluirá uma sólida aliança com um grande número, por uma semana; ao meio da semana fará cessar o sacrifício e a oblação e, sobre a asa do Templo estará a abominação, causando a ruína, e isto até que a destruição decretada se estenda sobre o devastador" (Dan 9,27).
Numa outra visão, o anjo faz uma outra observação, enigmática, de momento: "Desde o tempo em que for abolido o holocausto perpétuo e estabelecida a abominação devastadora" (Dan 12,11).
Jesus lembra estes textos de Daniel aos apóstolos que Lhe pedem os sinais da destruição do Templo e do Seu Regresso. Sentado no Monte das Oliveiras, pensando no Templo, ponto focal de toda a religião judaica, Jesus diz:
"... Quando virdes, pois, a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, instalada no lugar santo - o que lê entenda - então, os que se encontrarem na Judeia fujam para os montes (...) Pois, nessa altura, a aflição será tão grande como nunca foi vista, desde o princípio do mundo até ao presente, nem jamais o será" (Mt 24, 15-21).
O que, em certas traduções da Bíblia é também chamado "aflição" (*) é chamado aqui (Bíblia de Jerusalém) "tribulação". É este último termo que Vassula emprega, habitualmente. Depois de um aviso contra os falsos profetas, a passagem prossegue:
"Logo após a aflição (tribulação) daqueles dias, o Sol obscurecer-se-á, a Lua não dará a sua luz, as estrelas cairão do céu e as forças dos céus serão abaladas. Aparecerá, então, no céu o sinal do Filho do Homem..." (Mt 24, 29-30; ver também Ap 7,14).
Falando-nos por meio de Vassula, Jesus avisa-nos de uma "grande tribulação" que está a ponto de chegar à Igreja e que Ele Mesmo identifica com a tribulação predita por Daniel e Mateus (Mt 24). E caracteriza-a, sobretudo, como uma prova de fidelidade à Tradição da Igreja e à autoridade do Santo Padre:
"Virá a hora em que homens de poder entrarão no Meu Santuário, homens que não vêm de Mim; na verdade, essa hora já chegou. Eu, Jesus Cristo, quero pôr de sobreaviso os Meus padres, bispos e cardeais; desejo advertir toda a Minha Casa de uma grande tribulação. A Minha Igreja está a aproximar-se de uma grande tribulação. (...) Digo-vos solenemente que depressa sereis provados com o fogo. Rezai e jejuai, para não serdes postos à prova; sede firmes e defendei a tradição que vos foi transmitida. Obedecei ao Meu Papa (11)João Paulo II., aconteça o que acontecer. (...) Depressa sereis submetidos a uma prova tal como jamais experimentastes até agora. Os Meus inimigos tentarão comprar-vos com discursos insidiosos, a fim de arrastar-vos para o seu lado. O Maligno está já em ação e a Destruição não está já longe de vós. O Papa (12)João Paulo II. terá muito que sofrer. E por isso todos vós sereis perseguidos, porque vós proclamais a Verdade e sois obedientes ao Meu Papa. (...) Se alguém vier ter contigo e te disser: "Afasta-te da fidelidade que tens a este Papa, pela melhor ação de um outro", não te afastes! Está atento! O fermento do Embusteiro pode ser poderoso e poderá ter mesmo um sabor agradável; mas, na realidade, é um engano mortal! Não permitais que alguém vos engane. Resisti às tácticas do demónio, porque hoje, Meus Padres, todos vós deveis vencer o mal com a força que recebestes de Mim, Que sou a Verdade. Ver-vos-eis envolvidos numa guerra espiritual como nunca, contra um exército que tem a sua origem no poder das trevas. Meus bem-amados, rezai continuamente: Eu Sou está convosco. Eu amo-vos a todos. Nenhum homem poderá ter um amor maior que dar a vida pelos seus amigos, como Eu Mesmo o fiz. Vós sois Meus amigos. Sede sinceros uns com os outros. Amai-vos uns aos outros e sede firmes, sem medo, quando a grande Tribulação, que agora paira, como nuvem negra, sobre a Minha Casa, a vier a cobrir completamente, com um véu negro" (17 de março de 1993).
Enquanto o termo Tribulação pode, em si mesmo, ser entendido como significando perseguições e castigos divinos, aqui refere-se principalmente à extensão da apostasia, na Igreja. Depois de uma parábola em que os corvos devoram as sementes da palavra de Deus, impedindo assim as gentes de se alimentarem com elas, Jesus diz:
"Isso, Minha Vassula, será conhecido como a Grande Tribulação da Minha Igreja" (16 de maio de 1988) (13)Vassula repetiu explicitamente esta interpretação, numa conversação privada, no Simpósio sobre a Aliança dos Dois Corações (de Jesus e Maria), em Dublin (23 a 25 de Setembro de 1994)..
Deste modo, a "Tribulação" de que aqui nos falou pareceria ser substancialmente idêntica àquilo que, na linguagem de São Paulo, é designado por "Apostasia".
A ABOMINAÇÃO DA DESOLAÇÃO (14)Em inglês "abomination of the desolation", por ex. nos dias 19 de Setembro de 1991, 13 de Dezembro de 1992, 31 de Maio de 1994 e 19 de Junho de 1995 (n.d.t.f.).
ou
DESASTROSA ABOMINAÇÃO (15)Em inglês "disastrous abomination", expressão utilizada em inglês pela Bíblia de Jerusalém e que também se encontra frequentemente em "A Verdadeira Vida em Deus", nomeadamente na mensagem de 22 de Outubro de 1990, onde a expressão fora traduzida por "abominação devastadora" (n.d.t.f.).
Um dos elementos mais consideráveis da Tribulação-Apostasia consiste naquilo que de um modo comum se chama "a abominação da desolação" (Bíblia de Jerusalém; Louis Segond; Cónego E. Osty), expressão tirada dos textos de Dn 9,27 e de Mt 24,15, já supracitados (16)Outras traduções modernas de Dn 9,27 e de Mt 24,15 dão-nos também: "a abominação que desola" (RSV); "abominação que causa desolação" "a horrível abominação" (Bíblia americana); "a aterradora abominação" (Nova Jerusalém); "abominações, devastações" (R. Tamisier); "o horror abominável" (Bíblia em francês moderno; Sociedade bíblica francesa; United Biblie Societies); "o desolador sacrilégio" (Nova RSV); "a sinistra infâmia" (F. Amiot); "o Odioso devastador" (TOB); "a maior das infelicidades" (P. de Beaumont), etc...
Jesus diz a Vassula:
"Nação a nação, declinará e se perverterá, por ter erguido a desastrosa abominação no Lugar Santo" (13 de dezembro de 1993).
Como no texto de Daniel, a abominação da desolação está muitas vezes ligada à abolição do Sacrifício Perpétuo: "Abolirão o Sacrifício Perpétuo e colocarão no seu lugar o abomínio da desolação..." (1 de junho de 1993).
Mas, contrariamente àquilo que certos biblistas nos explicam sobre esta abominação (a saber, uma estátua idólatra erigida no Templo de Jerusalém pelo Rei Sírio Antíoco Epifano), a abominação que irá vir terá a sua origem no próprio interior da Igreja, como é evidente, no texto seguinte:
"Com dor e pena no Coração, Eu tenho de dizer-vos tudo aquilo que vejo na Minha Própria Casa: hoje, o Tirano espezinha já o Meu Corpo e quer inteiramente abolir o Meu Sacrifício Perpétuo. Um daqueles que vivem debaixo do Meu teto atraiçoa-Me; ele proclama a Paz, mas a verdade é que procura apenas o mal; queima o Incenso, mas para invocar Satanás, com o fim de conquistar mais poder".
E enquanto Vassula interrompe para clamar: "Oh! Senhor, custa-me acreditar que isso esteja mesmo a acontecer...", Jesus insiste:
"E a verdade é que está já em ato, e parece que vós o não compreendeis... Ele e os seus sequazes estão já decididos a sentar-se no Meu trono, com vestes de profetas, para dirigir o mundo; e ah!... tantos dos Meus pastores se deixaram enganar pelos seus falsos ensinamentos e erros. Eles abandonaram o recto caminho e erram, para seguir uma traição que não vem de Mim. Abandonaram as santas regras que Eu Mesmo lhes havia dado. Eu tinha-vos posto de sobreaviso contra esses falsos mestres e falsos profetas; tinha-vos já dito que, nos últimos dias, a Babilónia iria ser erguida no coração do Meu Santuário, transformando o Meu Lugar Santo num covil de ladrões, num verdadeiro antro de demónios! Oh! Minha filha!... uma loja em que habitam e reinam todos os espíritos imundos... Eles estão ocupados em comercializar na Minha Própria Casa. Esses vendilhões instalam-se a si mesmos na Minha Casa, lançando insídias contra a vida do Meu Povo. (...) Extinguem as Minhas Tradições, para substituí-las por fantasias e doutrinas simplesmente humanas. E fazem todas essas coisas diante do Meu Trono... Esses vendilhões estão a enganar uma grande multidão com argumentos sedutores e a colocar os seus eleitos nos postos mais prestigiosos, a fim de reinarem com um ceptro de Mentira" (27.5.1993).
A repetida correlação destes dois elementos - a abolição do Sacrifício Perpétuo e a ereção da abominação da desolação (segundo o exemplo de Dn 9, 27 e 11,31) - pode dar a impressão de que são apenas dois aspectos de um só acontecimento: a verdadeira Eucaristia substituída por uma falsa. Vassula, no entanto, diz bem explicitamente que se trata de dois acontecimentos distintos. A abominação da desolação é uma concepção naturalista de Cristo, que nega a Sua divindade e a Sua ressurreição. A abolição do Sacrifício Perpétuo significa que seremos privados da Presença Real de Jesus na Eucaristia (17)Foi o que Vassula declarou, em resposta a uma pergunta, no Simpósio sobre a Aliança dos Dois Corações (23 a 25 de Setembro de 1994)..
A respeito da abominação da desolação, Jesus diz, por exemplo, que as gentes "irão venerar uma forma inanimada, uma invenção da habilidade humana, uma imagem sem sopro" (13 de dezembro de 1993). À primeira vista, isto daria a impressão de algo como uma estátua idólatra, mas não é de nada disto que se trata. O templo ou santuário em que essa abominação se irá erguer é apenas o coração humano:
"Ainda não compreendestes que Eu, o Senhor, vivo em vós? Não compreendestes que vós sois os Meus santuários? (...) ... o Rebelde alimentar-vos-á, um dia, com uma porção de Racionalismo e, um outro dia, com uma porção de Naturalismo, com a intenção de suprimir e apagar a fraca luz que ainda resta em vós, vós que sois o Meu templo" (2 de junho de 1991).
Numa outra ocasião, Jesus acrescenta "... o abomínio da desolação que se infiltrou no interior do Meu Templo. O abomínio da desolação é: o espírito de rebelião que pretende ser igual a Mim. É o Espírito do Mal que se entronizou, como soberano, no Meu Santuário, ocupando o lugar do Meu Sacrifício Perpétuo (18)A Sagrada Eucaristia, a Sagrada Comunhão (nota de Vassula). e tornando ímpia a vossa geração. É o espírito do racionalismo e do naturalismo que leva a maior parte de vós ao ateísmo. E é justamente este espírito que vos leva a crer que sois autossuficientes e que podeis fazer tudo apenas com os vossos esforços e com as vossas forças. Esta desastrosa abominação transformou-vos num país ressequido, num país sedento, num deserto. Geração, aboliste do teu seio o Meu Sacrifício Perpétuo, porque perdeste a fé" (6 de junho de 1991).
Por outras palavras, o ídolo que já começou a ser erguido no templo do espírito humano é uma mentalidade falsa, composta por elementos tais como Rebelião, Racionalismo, Naturalismo e autossuficiência ateia. E concentra-se numa visão naturalista de Jesus Cristo, a qual nega a Sua divindade e a Sua ressurreição. Isto mesmo é sublinhado pelo facto de os seus principais responsáveis serem muitas vezes designados como "eruditos":
"O invasor é um erudito, desses eruditos que seguem a Besta e negam a Minha Divindade, a Minha Ressurreição e as Minhas Tradições" (3.10.1994).
"Os condutores da destruição, brilhantes com seus títulos de erudição, são imundos e a sua podridão tem agora coberto o mundo inteiro. (...) Uma vez que o seu exército esteja completo, erguerão o seu estandarte e, com as forças dos três espíritos imundos, virão juntos fazer guerra contra o Meu Sacrifício Perpétuo. (...) De facto, esta hora de grande iniquidade e de grande angústia já chegou até vós. Mas Eu derrotá-los-ei (...) Eu julgarei todos os Meus santos, apóstolos e profetas, contra o dragão, a Besta, o falso profeta, aliás a segunda Besta e os três espíritos imundos * e, com a Minha espada, baterei cada um deles e as torres que eles tiverem edificado serão derrubadas. Isto são todos os partidários das duas Bestas, sob o nome de Eruditos! Como espinhos cortados, eles têm agora penetrado no Meu Corpo; mas Eu arrancarei cada um deles e queimá-los--ei no fogo..." (28 de abril de 1995) * Nota de Vassula: "Espíritos diabólicos" (Ap 16,13).
Como devemos compreender, "a abolição" do Sacrifício Perpétuo não é evidente. A minha impressão é de que o termo "Sacrifício Perpétuo", tal como o utiliza Vassula, se refere, não tanto ao acto litúrgico que nós chamamos Missa, como à Presença Real de Jesus na Eucaristia. Isto mesmo se pode deduzir das suas notas explicativas, no fundo da página; por exemplo, quando Jesus diz que, "durante mais de três anos, o Sacrifício Perpétuo "* será espezinhado", a própria Vassula acrescenta, em nota: * A Presença real de Jesus na Santa Eucaristia" (14 de outubro de 1994). Se o compreendo corretamente, a abolição do Sacrifício Perpétuo significaria então, não tanto a supressão da Missa como de preferência a retirada da Eucaristia do Sacrário. Isto mesmo corresponderia à queixa de Jesus: " O Meu povo dá cada vez menos importância ao Meu Santo sacramento" (9 de outubro de 1994). Isto explicaria provavelmente o motivo pelo qual o texto supracitado declara que a abolição do Sacrifício Perpétuo já começou (19)Isto torna mais inteligível a nota de Vassula de 24.10.94: "... No Ocidente, alguns começaram já a abolir o Sacrifício Perpétuo"; isto referir-se-ia às igrejas em que o Santíssimo Sacramento se não conserva já no Sacrário, para adoração. * Pusemos pessoalmente esta mesma questão a Vassula, que nos garantiu, com firmeza, tratar-se justamente do Santo Sacrifício da Missa. Aliás, infelizmente, não faltam já ecos concretos de apostasia, neste sentido (n.d.t.p.)..
Contudo, também se poderiam compreender estes textos, referindo-os a uma interpretação naturalista da Eucaristia, tratando-a, acima de tudo, como um simples banquete celebrado pela comunidade Cristã. Esta interpretação, já bem espalhada na Igreja actual, poderia um dia tornar-se dominante e substituir o autêntico sentido do Sacrifício da Missa (20)Neste sentido, o Padre Gobbi diz: "Por isso a maçonaria eclesiástica, de tantas e enganosas maneiras, procura atacar a piedade eclesial para com o Sacramento da Eucaristia. Desta, valoriza apenas o aspecto da Ceia, tende a minimizar o seu valor de sacrifício, procura negar a presença real e pessoal de Jesus nas Hóstias Consagradas. Nesse mesmo fim, foram gradualmente suprimidos todos os sinais externos, que são indicativos da fé na presença real de Jesus na Eucaristia, como as genuflexões, as horas de adoração pública, o santo costume de circundar o Sacrário com luzes e flores" (13 de Junho de 1989)..
Em todo o caso, as coisas atingirão um ponto, em que a verdadeira Eucaristia será pura e simplesmente abolida: "Está já próximo o dia em que eles irão declarar oficialmente que Me afastam do Meu Sacrário, instituindo, em Meu Lugar, um címbalo vazio... (21)Do facto de, em inglês, as palavras "cymbal" e "symbol" terem uma pronúncia idêntica, o Padre O'Connor põe a hipótese de um possível descuido de Vassula na escrita da mensagem recebida em locução, sob ditado, no caso em que, segundo ele, "um cìmbalo vazio" deveria ler-se "um símbolo vazio", o que, no contexto, tem também um sentido bem preciso. Parece, no entanto, tratar-se antes de um caso extraordinariamente notável (e não casual) de metáfora reduplicada por homonímia (pelo menos em inglês). Com efeito, não é a única mensagem em que se utiliza a imagem de um címbalo (cf. 1 Cor 13,1), objecto brilhante e ressoante (chamando a si o espírito pelos sentidos), mas oco, vazio (nada lhe adiantando); as mensagens de 5 de Agosto de 1990 e de 13 de Dezembro de 1992 utilizam esta mesma imagem: "címbalo ressoante" - em inglês "echoing cymbal" (n.d.t.f)." (23 de agosto de 1994).
E o mesmo se deduz do texto seguinte, que se relaciona diretamente com a nova era, que virá na sequência da Tribulação:
"Quando todas estas coisas tiverem passado, Eu reerguerei o Meu Sacrifício Perpétuo, no Lugar Santo, tal como Ele era nos dia de outrora. Imediatamente a seguir, todas as nações e todos os habitantes da terra Me adorarão e Me reconhecerão como Cordeiro Sacrificial, no Sacrifício Perpétuo. O anátema será levantado (22)Ap 22,3: o anátema lançado sobre o Sacrifício Perpétuo (nota de Vassula). e o Meu Sacrifício Perpétuo estará de novo no Seu Lugar Santo. A partir de então, não mais haverá noite, porque a Minha Presença (23)Isto é, na Eucaristia, no Santo Sacrifício (nota de Vassula). brilhará em todos vós. Então, cada um virá de novo beber o Meu Sangue e comer o Meu Corpo, reconhecendo o Meu Sacrifício. Cada um, a uma só voz e num só coração, Me servirá dia e noite, no Meu Santuário, e Eu derramarei a Minha Palavra em cada coração..." (22 de dezembro de 1993) (24)Ao investigar o sentido do "Sacrifício" que irá ser "abolido", devemos sempre manter bem presente no espírito que o termo Sacrifício vem dos textos de Daniel 9, 26 e 17, 11, acima citados. Como isto se irá cumprir literalmente, eis toda a questão..
De forma notável, será a Rússia que, depois de se ter convertido, como está profetizado em Fátima, oferecerá os defensores da verdadeira Eucaristia:
"... enquanto, noutros lugares, a rebelião tudo fará para abolir o Sacrifício Perpétuo, os pastores da Rússia reunir-se-ão, para restaurar a Minha Casa, venerando o Sacrifício Perpétuo, adorando-Me e honrando-Me" (13 de dezembro de 1993) (25)Muitos outros textos tratam do primado do papel da Rússia, na renovação da Igreja; por exemplo, 24 de Abril de 1990; 30 de Agosto de 1991; 3, 5 e 24 de Outubro e 7 de Dezembro de 1994; 2 de Abril de 1995..
BATISMO DE FOGO
Na mensagem de 17 de março de 1993, Jesus liga a Tribulação ao Fogo: "Depressa um Batismo de Fogo será enviado pelo Pai, a fim de queimar os crimes deste mundo. Virá o momento em que homens de poder entrarão no Meu Santuário, homens que não vêm de Mim; na verdade, essa hora é já iminente. Eu, Jesus Cristo, quero pôr de sobreaviso os Meus padres, bispos e cardeais; desejo advertir toda a Minha Casa de uma grande tribulação. A Minha Igreja está a aproximar-se de uma grande tribulação. Lembrai-vos de que Eu Mesmo vos escolhi, com o Meu Espírito Santificador, para que Me glorifiqueis. Escolhi-vos desde o princípio, para serdes vigorosas pilastras da Minha Igreja e para que vivais da Fé, na Verdade. Escolhi-vos para que partilheis a Minha Glória e apascenteis os Meus cordeiros. Digo-vos, solenemente, que depressa sereis provados com o fogo".
E também Nossa Senhora diz:
"... está para chegar um baptismo, e que baptismo ele será! Jesus batizará a terra com o fogo. Eu continuarei a aparecer, até esse dia. Por conseguinte, agora é o tempo do arrependimento. (...) Quanto ao Baptismo de Fogo que está para vir, o Senhor chegará num Fogo ardente, para extirpar da terra e queimar, até à raiz, todo o mal deste mundo, que está mergulhado no vício" (23 de abril de 1993). (Cf. também as mensagens de 26 de abril de 1993 e 18 de fevereiro de 1993).
Em Garabandal, Espanha, em 1962, Maria deu às videntes a visão de um grande castigo que Deus está para dar a este mundo pecador, que as próprias videntes compararam a um "fogo que caía do céu". No dia 13 de outubro de 1973, falando a Sor Agnés, em Akita, no Japão, Nossa Senhora declarou: "um fogo cairá do céu e aniquilará uma grande parte da humanidade". No dia 6 de setembro de 1986, dirigiu essas mesmas palavras ao Padre Gobbi. Outras aparições ou revelações se serviram de linguagem semelhante. Embora Vassula mencione bem raramente um "castigo", ela mesma fala muitas vezes de um fogo que purificará o mundo do pecado:
"Eu vou desencadear, sobre a terra, uma chuva torrencial de fogo, para queimar os seus crimes, mas vou vir em socorro do Meu povo" (30.5.1994).
De alguns destes textos, poderíamos estar inclinados a supor que o fogo se entende a jeito de metáfora, que representasse o amor e a ação do Espírito Santo. E então, Jesus diz:
"O Meu Espírito de Verdade continuará a difundir-se em toda a Minha criação e a cercar cidade a cidade *; e, assim, as imoralidades, as iniquidades e todas as impurezas que nelas se encontram, Eu, com a Minha Própria Mão, as farei desaparecer. Tudo quanto foi plantado pela Loucura, Eu Mesmo o arrancarei e farei desaparecer, com o Fogo que enviarei do Céu. Minha filha, o céu e a terra de antes desaparecerão (Ap 21,1); e cada um de vós será renovado com o Amor do Meu Espírito Santo... Eu quero reunir-vos, dos quatro cantos da terra, e curar-vos. Quero queimar, com o Meu Fogo, o abomínio da desolação(26)Dn 11,31; Dn 12,11; Mt 24,15 (nota de Vassula). que se infiltrou no interior do Meu Templo *" (6 de junho de 1991). Vassula acrescenta, em nota, que as cidades, o Templo, somos nós. (Ver também as mensagens de 27 de junho, 4 de julho, 21 e 28 de setembro, 10 de outubro de 1990, 1 de Junho de 1991 e 8 de fevereiro de 1995).
Mas os outros videntes parecem não deixar nenhuma dúvida de que se trata de um fogo realmente físico e a linguagem de Vassula de forma alguma exclui este sentido.
O SEXTO SELO SERÁ ABERTO
Aproximando esta nossa época da visão do Apocalipse, Jesus diz várias vezes que o sexto selo (cf. Ap 6,12) está em vias de ser rasgado. Por exemplo, a certos membros do clero da própria Igreja de Vassula (greco-ortodoxa) que se opuseram às Suas súplicas pela União da Igreja, Jesus diz:
"A Minha Igreja está em ruínas, por causa da vossa divisão. Por falta de fé, não pondes em prática os Meus conselhos, como também não pondes em prática os Meus desejos; mas o vosso coração, Eu Próprio vo-lo mostrarei, a vós e ao mundo inteiro; Eu mostrarei como, em segredo, projetais destruir a Minha Lei".
Neste momento da Mensagem, Vassula nota que é num tom gravíssimo que Jesus diz aquilo que segue:
"O sexto selo está prestes a ser aberto (Ap 6,12) e vós sereis todos mergulhados na escuridão e não haverá mais qualquer iluminação, pois o fumo, saindo do Abismo, será como o fumo de uma grande fornalha que escurecerá o sol e a atmosfera. E, pela Minha Taça de Justiça, far-vos-ei semelhantes a serpentes e víboras. Eu far-vos-ei caminhar sobre o vosso próprio ventre e comer o pó, nesses dias de escuridão. Eu Mesmo vos esmagarei contra o solo, para vos lembrar que não sois melhores que as cobras... Sufocar-vos-eis e asfixiar-vos-eis nos vossos pecados. Na Minha Ira, Eu Mesmo vos esmagarei; no Meu furor, calcar-vos-ei aos pés! Vedes? Os Meus quatro Anjos estão agora em ansiedade, ao redor do Meu Trono, na expectativa das Minhas Ordens. Quando ouvirdes o ruído do trovão e o clarão do relâmpago, sabei que é chegada a hora da Minha Justiça. A terra será sacudida e, como estrela cadente, vacilará nos seus próprios fundamentos (27)Is 13, 13 (nota de Vassula)., removendo do seu lugar montanhas e ilhas. Serão aniquiladas nações inteiras. O céu retirar-se-á, como algo que se enrola (28), como tu própria o viste, na tua visão, Minha filha (*). Uma grande agonia atingirá todos os habitantes da terra e ai dos incrédulos!" (18 de fevereiro de 1993).
"Eu Mesmo vo-lo digo solenemente: depois das tribulações e angústias desses dias, homem algum ficará com vida, a não ser as Minhas generosas almas que expiam pelos maus" (28 de dezembro de 1993).
No Apocalipse 6, a ruptura do sexto selo é seguida de um grande tremor de terra, o obscurecimento do sol e da lua, as estrelas a cair do céu e uma humanidade aterrorizada, a procurar esconder-se da ira do Cordeiro. Contudo, o ponto sublinhado por Jesus, na Sua mensagem a Vassula, parece ser, não tanto os terrores que se deverão abater sobre a terra, como sobretudo a intervenção divina que deverá pôr fim ao reino do Anticristo, como já vimos antes. Além disso, Jesus acrescenta a promessa tranquilizadora de que "Jamais a terra cairá numa tal angústia"(28)Ap 6,14 (nota de Vassula). (*) No dia 24 de Julho de 1990 (Cad. 44). (22 de dezembro de 1993).
AS DUAS TESTEMUNHAS
Um outro ponto da interpretação do Apocalipse dada por Vassula devemos notar aqui: O Apocalipse fala de "duas testemunhas" que Deus enviará durante "quarenta e dois meses" (isto é, três anos e meio), durante os quais a cidade será espezinhada pelos pagãos (Ap 12 e seguintes). Vassula interpreta essas duas testemunhas como sendo os Dois Corações de Jesus e de Maria:
"Hoje, o mundo rejeita os Nossos Dois Corações, o Coração da tua Santa Mãe e o Meu Sagrado Coração. Os tempos que agora viveis são os tempos da Misericórdia. Eu já te expliquei aquilo que irá acontecer a seguir, quando for aberto o sexto selo. E agora, escuta-Me e escreve: "Justamente depois de os Nossos Dois Corações terem completado o Seu Testemunho, Eu abrirei o sétimo selo (29)Ap 8, 1 (nota de Vassula). e, nesse momento, far-se-á um silêncio espantoso... Nesse silêncio, os habitantes da terra pensarão ter triunfado sobre os Nossos Dois Corações e alegrar-se-ão (30)Ap 11, 10 (nota de Vassula). e celebrarão o acontecimento, porque acreditarão que se terão desembaraçado dos Nossos Dois Corações que testemunharam, através dos Nossos mensageiros, uma vez que aquilo de que eles davam testemunho se tornara para eles um verdadeiro flagelo aos seus ouvidos, e um flagelo para os seus interesses e más intenções Então, inesperadamente, esse silêncio será quebrado pela vinda do Meu Dia e... ai dos impuros!" (3 de junho de 1993).
Contudo, no livro do Apocalipse, não é depois de ter sido aberto o sexto selo (cap. 6), mas depois de ter soado a sexta trombeta (cap. 9), que as duas testemunhas aparecerão (Ap 11,3 e segs.) e que os quatro anjos são enviados para exterminar uma terça parte da humanidade (Ap 9, 14-18). Além disso, um texto mais recente da própria Vassula, em lugar de se referir ao selo diz: "A trombeta do sexto anjo em breve será ouvida..." (22 de julho de 1994). Poderíamos interrogar-nos sobre se não terá havido de facto, no texto antigo, alguma confusão entre os sete selos e as sete trombetas (31)Isto não deixaria de servir de argumento àqueles que pretendem que os escritos mais recentes de Vassula corrigiriam os erros cometidos nos primeiros e que, por conseguinte, todos eles seriam inteiramente fruto da sua imaginação; ora, a mensagem de 31 de Março de 1995 menciona de novo o Sexto Selo, o que faz com que o argumento não tenha valor.. Contudo, segundo o parecer de muitos exegetas, os sete selos, as sete trombetas, e mesmo as sete taças, representam, não três séries distintas de acontecimentos, mas sim três modos diferentes de relatar os mesmos acontecimentos. Isto faz com que, mesmo a haver confusão, ela não teria importância alguma.
O SINAL DO FILHO DO HOMEM
A aparição feita por Vassula da época em que vivemos de modo algum é inteiramente negativa. Um dia, ela mesma disse ao Senhor: "Mestre, a figueira vai começar a formar os seus figos e as videiras vão começar a florescer"; ao que Jesus respondeu:
"Não, Minha esposa. A figueira já formou os seus figos e as videiras já floresceram. Minha filha, não vês? Não reparaste para o Meu Sinal, no céu? (...) Acabais por nunca perceber o Meu Sinal? Hoje, o Meu Espírito Santo arrebata uma alma, em duas, envolve-a com o Seu Fogo ardente e envia-a, para ser testemunha do Altíssimo; o Meu Espírito Santo eleva uma, enquanto deixa uma outra para trás, no pó, no meio do pó; uma é tomada e a outra deixada. (...) Como é possível que vós não consigais perceber a luz deslumbrante do Meu Espírito Santo? (...) Este Sinal do Filho do Homem, que hoje aparece no céu, não vos basta?" (23 de dezembro de 1933; ver também 28 de dezembro de 1993 e 12 de abril de 1994). É uma alusão ao Sinal do Filho do Homem de que nos fala Mt 24, 30 (32)Vassula acrescenta que "Jesus significa por isso: o Seu Espírito Santo, sinal que prefigura o Sinal visível no Céu" (12 de Abril de 1994). Por outros termos, enquanto a presente efusão do Espírito Santo pode ser chamada "o sinal do Filho do Homem", verdade é que ela não substitui o sinal visível que um dia será visto no céu. Embora só raramente mencione o "sinal do Filho do Homem", o ensinamento do Padre Gobbi sobre a actual efusão do Espírito Santo está plenamente de acordo com o de Vassula: "Agora, entrastes nos tempos do segundo Pentecostes. (...) O Espírito Santo vos fará compreender os sinais do vosso tempo. São os tempos preditos pela Sagrada Escritura como os tempos da grande apostasia e da vinda do anticristo. São os tempos da grande Tribulação e de inumeráveis sofrimentos para todos, que vos levarão a viver os últimos acontecimentos como preparação para a segunda vinda de Jesus na glória. O Espírito Santo... derrama hoje os Seus carismas de maneira ainda mais forte e extraordinária do que no tempo do início da Igreja" (19 de Maio de 1991)..
SERÁ PARA BREVE?
Uma questão surge, inevitavelmente, isto é, quando deverão suceder tais acontecimentos apocalípticos. Entretanto, uma questão como esta não pode deixar de se abordar com precaução. O próprio Jesus disse a Seus discípulos que lhes não pertencia conhecer, nem o dia nem a hora do Seu Regresso, mas que deveriam simplesmente estar sempre preparados para ele (Mt 24, 36-44; cf. Act 1,7). Todavia, por outro lado, nesse mesmo discurso, Jesus deu aos apóstolos os sinais pelos quais poderiam reconhecer que essa vinda estaria próxima (Mt 24, 32-44).
As videntes de Garabandal e de Medugorje, tal como o Padre Gobbi (cuja autenticidade Vassula declara expressamente) e muitos outros, declararam que os acontecimentos por eles preditos (o castigo, assim como o aviso e o sinal que o deve preceder, assim como a era de graça que deverá vir a seguir) se realizarão "bem depressa" (33)As suas mensagens são resumidas no capítulo I do meu livro "Marian Apparitions Today - Why so many?", 1996, Queenship Publishing Co., P.O. Box 42028, Santa Barbara CA 93140 - 42028.. A Vassula, Jesus diz:
"O Meu Regresso é iminente" (28 de maio de 1993); "Pois agora tudo se aproxima do fim e o fim está próximo..." (25 de maio de 1993) "depressa, bem depressa, Deus vai realmente vir viver no meio de vós" (24 de junho de 1994); "Agora, não aparecerei mais, por muito tempo, porque a Sublime Glória da Presença de Deus estará, inesperadamente, no meio de vós". (...) "A Glória de Deus vos será revelada a todos, antes que o penseis" (26 de abril de 1993).
Uma vez que já foi há quase dois mil anos que Jesus disse: "Sim, Eu venho em breve!" (Ap 22,20), muitas vezes se tem objetado que Deus parece entender a palavra "depressa" de uma forma bem diferente da nossa. Entretanto, nas suas reuniões, Vassula gosta de contar que ela mesma perguntou a Jesus se falava do nosso "depressa" ou do Seu "depressa" (29 de setembro de 1992); ao que Jesus respondeu: "é o vosso depressa" (19 de janeiro de 1995) (34)Numa mensagem dirigida aos padres que, por um "espírito de "conhecimento" que de modo algum é verdadeiro conhecimento" impedem as pessoas de se interessar pelos Seus profetas contemporâneos, Jesus diz: "Depressa - e é o vosso depressa -, quando fordes cobertos pelo vosso próprio sangue, Eu, então, como Juiz, lembrar-vos-ei o sangue que trazeis nas vossas mãos, por terdes proibido a tantas almas o receberem as Minhas graças, através desta Lembrança da Minha Palavra" (19 de Janeiro de 1995)..
E Vassula não nos dá, por norma, indicações mais precisas do que estas. Todavia, em maio de 1995, Jesus disse-lhe:
"Os três anos e meio estão já de cima de vós; essa hora já chegou até vós, desde o princípio desta primavera. A tua geração entrou no princípio das dores e das provações, esses terríveis tempos da iniquidade, os tempos da abominação e da desolação, a hora das sombras e da Besta, os tempos três vezes malditos por Satanás, a hora em que ele jurou atormentar os Meus santos e os Meus anjos (35)"Anjos" significa aqui "mensageiros" (nota de Vassula).. Chegaram os tempos em que o maligno vai enviar um dos seus para mudar a Minha Lei e as Minhas estações. Parecer-vos-á, então, que a Soberania e o Esplendor já não estão ao redor de vós; parecerá aos Meus santos que a Minha Corte já não está presente, para abrir os livros; parecer-vos-á que vos abandonei a todos. Parecer-vos-á a todos que as duas Bestas foram reconhecidas como as mais fortes. Mas isso não acontecerá senão por pouco tempo, até ao Meu Regresso. (...) Com um só dos Meus olhares, sacudirei a rebelião de cada nação e, nas Minhas Chamas, Eu Mesmo dissolverei essa rebelião que caiu sobre vós como um flagelo, esta Apostasia. Eu Próprio desalojarei os apóstatas e os tronos dos que mudaram as estações..." (10 de maio de 1995).
Em suma, a doutrina que Vassula diz receber do Senhor afirma que a nossa época já entrou na apostasia, que culminará com o reino do Anticristo. Esta apostasia, que é conduzida por eruditos rebeldes ao Papa, caracterizada pelo naturalismo e pelo racionalismo (36)A isto, acrescenta o falso ecumenismo, frequentemente denunciado por Vassula (nomeadamente nos dias 5 a 29 de Agosto de 1990)., está atualmente a ser detida por João Paulo II. Quando este último tiver sido retirado do caminho, a apostasia generalizar-se-á e será marcada, particularmente, pela veneração de um Jesus puramente humano e pela supressão da Sua Presença Eucarística. O seguinte texto ilustra a maior parte destes mesmos pontos:
"Há uma conspiração entre os pastores que se opõem ao Chefe de todos eles, e o Destruidor leva-os a profanar o Meu Santo Nome e o espírito rebelde, que prospera entre eles, manifestar-se-á abertamente. Não leste, não compreendeste? Irá erguer-se um miserável e as suas forças profanarão o Santuário - Cidadela. Abolirão o Sacrifício Perpétuo e instalarão no seu lugar o abomínio da desolação... Ele mesmo se considerará o maior de todos os deuses e proferirá incríveis blasfêmias contra o Deus dos deuses e terá sucesso, até que a Ira não atinja o seu ponto culminante. E cumulará de honras aqueles que o reconhecerem, dando-lhes uma grande autoridade... Este espírito rebelde seduzirá todos os povos da terra. Sim, vivereis um tempo de angústia tal, como jamais existiu, desde que as nações começaram a existir" (1 de junho de 1993).
APRECIAÇÃO
E chegou o tempo de examinar agora a ortodoxia dos ensinamentos que acabámos de apresentar. A NOTIFICAÇÃO acusa Vassula de "erros doutrinários", dizendo que anuncia "um período iminente de predomínio do Anticristo, no seio da Igreja". Vassula prefere o termo de São Paulo: o Rebelde ao de o Anticristo; mas é exato que, segundo a mesma Vassula, a sua vinda é iminente. Que ela tenha ou não razão, só poderá ser verificado com o tempo; mas como, nem a Igreja nem as Escrituras alguma vez indicaram o momento em que o Anticristo deva aparecer, este ponto do ensino de Vassula dificilmente se poderá qualificar como erro doutrinal!
O "erro" que lhe é atribuído é antes a afirmação de um "predomínio do Anticristo, no seio da Igreja". Ora, pelo menos com conhecimento meu, essa expressão não se encontra no texto de Vassula. Essa formulação da NOTIFICAÇÃO foi aparentemente redigida para melhor sublinhar a aparente oposição dessa passagem com a promessa de Cristo feita à Sua Igreja de que "as portas do inferno jamais prevalecerão contra ela" (Mt 16,18). Vassula indica que o Anticristo, que virá à testa de muitos cardeais, bispos e sacerdotes, tentará desembaraçar-se de João Paulo II. A sua vinda será também o ponto culminante do naturalismo e do racionalismo que afetam já muitos teólogos católicos e que se espalharão, uma vez que o presente Papa tenha sido retirado do caminho. Esta situação bem verosímil pode sem dúvida resumir-se legitimamente, sem "erro doutrinal", "num período iminente de predomínio do Anticristo, no seio da Igreja" (37)Esta situação é tanto mais verosímil quanto mais plenamente concorda com o que nos descreve o novo CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, nos parágrafos 675 e 677: "Antes da vinda de Cristo, a Igreja deve passar por uma prova final, que abalará a fé de numerosos crentes. A perseguição, que acompanha a sua peregrinação na Terra, porá a nu o "mistério da iniquidade", sob a forma duma impostura religiosa, que trará aos homens uma solução aparente para os seus problemas, à custa da apostasia da verdade. A suprema impostura religiosa é a do Anticristo, isto é, dum pseudo- messianismo em que o homem se glorifica a si mesmo, substituindo-se a Deus e ao Messias Encarnado"; "A Igreja não entrará na glória do Reino senão através dessa última Páscoa, em que seguirá o Senhor na sua Morte e Ressurreição" (nota do tradutor)..
Por outro lado, Vassula precisa claramente que a vitória do Anticristo, entretanto, não seria completa, uma vez que, pelo menos na Rússia, se encontrarão sempre defensores da autêntica Eucaristia, os quais acabarão por restaurá-La no resto da Igreja.
Se estamos em vias de sofrer "um tempo de grande angústia, diferente de qualquer outra, Jesus acrescenta imediatamente: "mas depressa, depois disso, uma fonte jorrará da Minha Casa, para irrigar esse deserto" (15 de novembro de 1990; ver também 18 de fevereiro de 1993). Jesus tranquiliza Vassula, quanto à Igreja: "não tenhas medo, Eu prometi que as portas do Inferno jamais prevalecerão contra Ela" (28 de abril de 1995).
"Ecclesia reviverá" é um dos temas que mais frequentemente se encontra nestas mensagens (38)Por exemplo, 8 de Julho e 4 de Agosto de 1990; 17 de Outubro de 1991; 18 de Maio e 10 de Julho de 1994.. Além disso, a duração do poder do Anticristo será curta, interrompida pelo fogo purificador do Espírito Santo. Por isso, em nenhum sentido o Anticristo prevalecerá completa ou definitivamente. Vassula parece antes sugerir uma situação como a que Nossa Senhora descreve a Don Gobbi, nos seguintes termos:
"A Igreja conhecerá a hora da sua maior apostasia, o homem iníquo introduzir-se-á no seu interior e sentar-se-á no próprio Templo de Deus, enquanto o pequeno resto, que permanecerá fiel, será submetido às maiores provações e perseguições" (13 de maio de 1990).
"... durante algum tempo, o Senhor permitirá que a Igreja seja como que abandonada por Ele" (10 de fevereiro de 1978; ver também 13 de maio de 1991 e 19 de dezembro de 1973).
De facto, o que tanto Vassula como D. Gobbi dizem do predomínio dos poderes do mal parece não ir mais longe que o que o profeta Daniel disse do monarca do mal que terá de vir. Em adição a Daniel 9,26, supracitado, são de notar as seguintes passagens:
"... Proferirá insultos contra
o Altíssimo,
perseguirá os santos do Altíssimo
e pensará em mudar os tempos (sagrados) e a religião;
e os santos lhe serão deixados
por um tempo,
tempos e a metade de um tempo " (39)Que significam três anos e meio. (Dan 7,25).
"O seu poder crescerá,
mas não de modo algum por ele mesmo.
Causará extraordinárias devastações,
será bem sucedido em suas empresas,
exterminará os poderosos
e o povo dos santos.
Graças à habilidade,
fará triunfar a perfídia,
o coração dele inchará de orgulho,
levará à morte muita gente
que não se lhe entrega e levantar-se-á contra o Príncipe dos príncipes,
mas será esmagado
sem intervenção de mão humana" (Dan 8, 24-25).
Afinal, nada mais bíblico que a noção de um período em que só um pequeno resto permanecerá fiel.
Concluindo, o que Vassula diz do reino do Anticristo não contraria de modo algum a promessa de Cristo de que as forças do inferno não prevalecerão contra a Sua Igreja. A mensagem de Vassula, segundo a qual o Rebelde, por um tempo limitado, perseguirá os que permanecerem fiéis e abolirá o Sacrifício Eucarístico, não parece conter seja o que for que mereça ser chamado "erro doutrinal". Muito pelo contrário, a própria ambiguidade do resumo que dela faz a NOTIFICAÇÃO é que cria a aparente contradição. (Do que se conclui que a acusação de ambiguidade feita contra Vassula, na NOTIFICAÇÃO, é no mínimo um ridículo!).
II - OS NOVOS CÉUS E A NOVA TERRA
O segundo dos "erros doutrinais" atribuídos a Vassula pela NOTIFICAÇÃO e que nos propusemos considerar é que "em chave milenarista, se profetiza uma intervenção resolutiva e gloriosa de Deus, que estaria para instaurar sobre a terra, antes ainda da vinda definitiva de Cristo, uma era de paz e de bem-estar universal". Isto refere-se ao Novo Pentecostes que, segundo Vassula, Jesus prometeu em termos como:
"Haverá um segundo Pentecostes, a fim de que o Meu Reino sobre a terra (40)Jesus entende por isto: a Igreja (nota de Vassula). seja restaurado" (10 de dezembro de 1995); "Reza pelo Pentecostes que está para vir" (6 de dezembro de 1989; ver também 13 de março e 16 de agosto de 1988, 6 de setembro de 1989, 2 de abril de 1990 e 6 de agosto de 1991).
"Vou derramar o Meu Espírito como nunca, na história, sobre toda a humanidade..." (7 de Janeiro de 1995).
Vimos antes os ensinamentos de Vassula, segundo os quais, paralelamente à actual apostasia clandestina na Igreja, a ação do Espírito Santo é, no momento presente, de tal modo poderosa que chega a ser chamada "o sinal do Filho do Homem". E esta mesma ação vai continuar a intensificar-se, até ao ponto em que a própria Igreja se torna a esposa do Espírito Santo:
"O meu Espírito Santo vos libertará da vossa grande apostasia para desposar-vos. A miséria da vossa era afastar-se-á de vós, porque, com as Minhas Próprias Mãos tirarei o sudário de morte, para revestir-vos com os trajes das nossas núpcias. (...) O Meu Espírito Santo virá lançar o Fogo à terra e quanto Eu desejo que ela estivesse já abrasada! Estes são os Tempos das Núpcias do Meu Espírito Santo; estes são os Tempos em que o vosso Rei da Paz envia os Seus servos, os Seus anjos, os Seus profetas e a Sua Corte Celeste aos quatro cantos da terra, a convidar os Seus amigos para o Seu Banquete, no Seu Reino, e a oferecer-lhes o Seu maná Celeste" (20 de outubro de 1990; ver também 17 de outubro de 1990).
"Geração, quero fazer de ti um reflexo da Minha Divindade. Consumirei, com um Fogo ardente, a semente do pecador. A tua geração fará as suas núpcias com o Meu Espírito Santo (Ap 21,2) e, com o Meu Fogo ardente, mudarei a face desta terra numa Terra nova, divina e próspera, enquanto o mundo de hoje terá desaparecido. Com a Minha Chama ardente, tornar-vos-ei puros como o ouro e transparentes como o cristal (Ap 21,21), porque os vossos corações serão Meus e em Mim. Eu e Meu Pai seremos a vossa Morada (41)Alusão a Ap 21,22: o Templo, é o Senhor, o Deus Todo-Poderoso e o Cordeiro, em nós, que somos a Sua cidade (nota de Vassula). e também vós sereis Nossa Morada. Proponho-Me, criação, voltar a dar-te a tua divindade, a fim de que a Minha Glória resplandecente esteja em vós como uma tocha flamejante (Ap 21,23). Então, como uma sentinela faz a guarda do portão, assim também Eu vos guardarei de toda a impureza que desejasse entrar em vós (Ap 21,27). Farei, de cada um de vós, uma cidade irradiante; renovar-vos-ei inteiramente, pois será esse o modo como vos prepararei para desposar o Meu Espírito Santo. O Meu Espírito Santo fará em vós a Sua Morada, transfigurando-vos, para vos transformardes na Sua Cidade Santa..." (13 de maio de 1991).
"E quanto àqueles que vierem ao Meu encontro, com clamor, (...) jamais terão fome ou sede, como tão pouco o vento ríspido os atormentará, na medida em que a Minha Presença os consolará e não mais perguntarão: "Onde está o Vosso Vinho?" ou "onde está o Vosso Pão? de Quem (42)Cristo, que é o Pão Vivo do Céu (nota de Vassula). nos iremos nós alimentar?", porque, então, o vosso Cristo estará no meio de vós e Eu Mesmo vos prometo que habitarei no meio de vós. Eu prometo-vos que nunca mais a terra cairá numa tal angústia" (22 de dezembro de 1993).
"Tenciono mudar os vossos pântanos num jardim; mudar a noite em dia; as vossas cidades, que agora não passam de ruinas, em cidades de Luz; os vossos altares destruídos serão reconstruídos; e Eu, com a Minha Própria Mão, colocarei os alicerces dos vossos templos. Farei novas todas as coisas" (27 de junho de 1991; Vassula nota que os pântanos as cidades e os templos, somos nós).
Uma era do Espírito Santo é predita de um modo semelhante por Don Gobbi, que nos assegura que "estão prontas para o seu nascimento a nova Igreja e a nova humanidade, purificadas, santificadas e completamente renovadas pelo Espírito Santo" (30 de maio de 1993) (43)O Padre Gobbi tem muitos textos eloquentes a este respeito. Para os principais, cf. capítulos I e II do meu livro "Marian Apparitions Today - Why so many?"..
Don Gobbi identifica a "era do Espírito Santo" com o reino final que deve ser inaugurado pela vinda de Jesus na glória e é fácil de supor que os textos de Vassula devem ser entendidos no mesmo sentido.
Todavia, quando se perguntou a Vassula se as suas mensagens estavam de acordo com as de Don Gobbi, ela disse que lhe parecia nelas a seguinte diferença: Enquanto Don Gobbi lhe parecia encarar "a era do Espírito Santo" como consequência do regresso de Cristo na glória, Vassula compreende de preferência a purificação da Igreja e o seu "matrimónio" com o Espírito Santo como algo que deve intervir antes do regresso de Cristo e que é uma sua preparação (44)Isto foi dito numa conversa privada, por ocasião de uma reunião de Vassula, em 15 de Junho de 1994, na Universidade de Notre Dame; entretanto, ela mesma acrescentou que, a seu ver, as mensagens mais recentes do Padre Gobbi esclarecem inteiramente o sentido das mais antigas, de modo que ela se sente de pleno acordo com o Padre Gobbi. Isto corresponde muito bem àquilo que já antes notei, a respeito de alguns dos seus textos.. Nos textos que citámos encontram-se efetivamente algumas ténues indicações de que isso se situaria neste mundo e não no outro, particularmente nas seguintes passagens, tiradas de um dos mais ricos discursos de Jesus sobre o Espírito Santo:
"Permiti ao Meu Espírito Santo que cultive o vosso solo e que faça de vós um Eden terrestre. Que o Meu Espírito Santo faça de vós uma Nova Terra, para fazer prosperar o vosso solo, a fim de que a vossa primeira terra - que era propriedade do demónio - desapareça. Então, de novo, a Minha Glória brilhará em vós e todas as sementes divinas, semeadas em vós pelo Meu Espírito Santo, germinarão e crescerão na Minha Luz divina. Permiti ao Meu Espírito Santo que venha a vós como um fogo clamoroso, e que vos purifique, queimando todas as plantas ressequidas (45)As plantas ressequidas significam os maus hábitos, os pecados (nota de Vassula). que ainda haja em vós e que as substitua por sementes celestes e vinhas deliciosas (46)Estas plantas celestes são as virtudes (nota de Vassula).. Então, a partir desse dia, Eu Próprio serei o seu guardião... Que a vossa primeira terra, que agora não é senão ruina e devastação, Me chame e Eu terei piedade da vossa desgraça... As poucas árvores que vos restam agora estão ressequidas e quebradas, prestes a servir de lenha para fogo. Por isso, permiti ao Meu Espírito Santo que transforme a vossa alma num Paraíso, numa Nova Terra, onde Nós (47)A Santíssima Trindade (nota de Vassula). faremos Nossa Morada..."
Para ilustrar um tal propósito, Jesus lembra a Vassula o que o Espírito já realizou nela mesma:
"Agora, pois, Vassula, compara-te com o teu antigo estado. Vês? Vês como o Meu Espírito Santo transformou a tua velha terra numa Nova Terra?"
Depois deste discurso sobre a Nova Terra, Vassula pergunta:
"E que se passa com os Novos Céus, Senhor? A que Jesus responde:
"Os Novos Céus? Também eles serão em vós, quando o Meu Espírito Santo vos governar em santidade. O Meu Espírito Santo, consorte do Meu Trono, brilhará nas vossas trevas como um esplêndido sol no céu, porque a Palavra vos será dada para exprimirdes os pensamentos e os discursos como Eu quero que penseis e faleis. Tudo será expresso de acordo com a Minha Imagem e o Meu Pensamento. Tudo quanto fizerdes será à Nossa semelhança, porque o Espírito de vosso Pai falará em vós. E o vosso Novo Universo caminhará com o Meu Espírito Santo, para conquistar, para Minha Glória, o resto das estrelas (48)Simboliza as gentes (nota de Vassula)., assim como os que não tinham observado a Minha Lei e andavam completamente perdidos, como uma sombra a passar pelas trevas, sem nunca terem conhecido a esperança e a santidade que Eu Mesmo reservava para o vosso tempo. Os Novos Céus, Altar, serão quando o Meu Espírito Santo for derramado do Alto sobre todos vós, do mais alto dos Céus. Sim, Eu enviar-vos-ei o Meu Espírito, para fazer, da vossa alma, um céu, a fim de que, nesse Novo Céu, Eu seja três vezes glorificado. E como os caminhos dos que tiverem recebido o Meu Espírito Santo terão sido retificados, assim também as suas trevas e a sua escuridão serão esclarecidas e restauradas em luminosas estrelas, a iluminar as suas trevas para sempre. Depressa esta terra e este céu desaparecerão, porque a irradiante glória do Meu Trono brilhará em vós" (3 de abril de 1995).
Uma vez que aquilo que o Espírito Santo já realizou em Vassula se oferece como exemplo e os Novos Céus serão em nós, apoiando a obra missionária que tem ainda necessidade de ser realizada, o lugar desse matrimónio com o Espírito Santo pareceria ser o mundo actual e não o que Jesus estabelecerá na Sua glória.
Por outros termos, parece que a ideia de Vassula é que Jesus começará, primeiro a reinar na terra, através do Espírito Santo, antes de vir realmente em pessoa. O matrimónio com o Espírito Santo e a Nova Terra e os Novos Céus representam um estado de santidade que o Espírito Santo provocará na Igreja e no mundo, depois de os ter purificado, mas antes do regresso do Senhor.
Isto parece ser justamente o ponto a que se dirige a objecção da NOTIFICAÇÃO. Os Católicos e quase todos os Cristãos reconhecem que Jesus deverá regressar um dia na glória, para estabelecer o Seu Reino no meio de nós. Mas não será possível defender, na perspectiva da fé cristã, que antes do estabelecimento definitivo do Reino de Cristo, o mundo possa ser purificado do pecado pelo Fogo do Espírito Santo e transformado num estado tal que acabe por ser uma esposa convenientemente preparada para o seu Esposo?
Certamente, não será um ponto de vista que se possa qualificar de tradicional; antes de Vassula, não conhecia ninguém que tenha defendido algo de semelhante. Algumas das mensagens dadas por outros videntes hoje, parecem harmonizar-se com este ponto de vista, mas raramente são tão explícitas como a de vassula. A promessa feita por Maria, em Fátima, que, depois da conversão da Rússia, "será dado ao mundo um tempo de paz", poderia muito bem ser compreendida como abrangendo precisamente o que diz Vassula, mas não vai tão longe.
Em todos os casos, a questão crucial é simplesmente saber se os pontos de vista de Vassula podem ou não ser conciliados com a tradição Católica. Com efeito, ela diz que, um dia, a Igreja, na terra, atingirá realmente o estado para o qual já é chamada, por sua própria natureza, mas que ainda não conseguiu atingi-lo, até agora. E os pontos de vista de Vassula concordam perfeitissimamente com muitos textos que anunciam a benção prometida ao povo de Deus, por exemplo:
"Com grande alegria rejubilei
no Senhor
e o meu coração
exultará no meu Deus,
porque me revestiu com a roupagem da salvação
e me cobriu com o manto da justiça,
como esposo cinge a fronte com o diadema,
como esposa ornada com as suas joias.
Porque assim como a terra produz
os seus gérmens
e o jardim faz brotar as suas sementes,
assim o Senhor Deus fará
germinar a justiça
e a glória, diante de todas as nações" (Is 61, 10-11).
"Não haverá dano nem destruição
em todo o Meu santo monte
porque a terra estará cheia da ciência do Senhor,
como o fundo do mar das águas
que o cobrem" (Is 11,9).
"... Serão o Meu povo e Eu serei o seu Deus. O Meu servo David será o rei deles e haverá um só pastor para todos; obedecerão às Minhas ordens, observarão os Meus mandamentos e praticá-los-ão. Habitarão o país que Eu dei ao Meu servo Jacob e no qual habitaram vossos pais; aí ficarão eles, os seus filhos e os filhos de seus filhos, para sempre. David, Meu servo, será para sempre o seu rei. Concluirei com eles uma aliança de paz, um trabalho eterno. Fixá-los-ei e os multiplicarei. Entre eles fundarei para sempre o Meu santuário. A Minha morada será no meio deles. Serei o seu Deus e eles serão o Meu povo. E as nações saberão que Eu sou o Senhor, que santifica Israel, quando o Meu santuário se encontrar firmado, para sempre, no meio do Meu povo" (Ez 37, 23-28).
Os teólogos têm geralmente pensado que tais textos não eram senão metáforas do Reino do Céu. Mas propor que eles se realizem também de um modo mais literal e mais próximo que o que se tinha suposto, poderá chamar-se "erro doutrinal"?
Chamando "milenarista" ao pensamento de Vassula, a NOTIFICAÇÃO associa-a a uma visão pseudocristã, já de há muito desacreditada, motivada pela época dos mil anos (milenar), anunciada no Apocalipse 20. É uma época durante a qual Satanás deverá ser ligado, enquanto Cristo reina sobre a terra, com os Seus mártires ressuscitados. No fim desses mil anos, Satanás será liberto e mobilizará o mundo, para de novo combater os santos; mas, por fim, será de novo lançado no lago de enxofre ardente. Na expectativa de uma realização literal desta profecia, essa mesma ideia surgiu, nos dois primeiros séculos da nossa era, mas depressa foi eliminada do pensamento Cristão pelos Padres da Igreja, tais como Origenes e Agostinho, para não ressurgir senão em algumas seitas protestantes dos séculos dezessete e dezoito.
Contudo, na visão de Vassula, não há sinal algum das características marcas do milenarismo, isto é, o regresso físico de Cristo, antes do Seu Reino definitivo, a ressurreição dos mártires, antes da ressurreição final, e tão pouco o período de mil anos. É, por conseguinte, injusto e falso censurá-la como milenarista.
Além disso, tão pouco o próprio milenarismo foi alguma vez oficialmente condenado pela Igreja (49)O documento mais próximo de uma condenação foi o decreto do Santo Ofício de 19 de Julho de 1994, dizendo que o "milenarismo moderado" do Padre espanhol Manuel de Lacunza y Dias não pode ser ensinado com toda a segurança (Denzinger / Schnmetzer, Enchiridion Symbolorum 3839). Escrevendo em cerca de 1810 sob o pseu-dónimo de Juan Josaphat Ben-Ezra, encarava um Cristo a reinar corporalmente, na terra, durante um certo período, antes do Juizo Final.. Aliás o "milenário" é, no fim de contas, uma noção bíblica autêntica, e não pode ser pura e simplesmente eliminada, pelo facto de se ter abusado dela! É de lamentar que teólogos católicos, por horror a excessos do milenarismo, tenham chegado ao ponto de negligenciar quase por completo, o exame do sentido autêntico de Apocalipse 20. Que esse texto possa ou não ser compreendido no sentido sugerido por Vassula é questão que merece uma séria discussão teológica (embora uma tal interpretação seja correta e Vassula tenha razão, aparentemente haverá bem pouco tempo para a discussão, antes que os próprios acontecimentos se encarreguem de resolver o problema!)
Finalmente, a respeito da aparente "diferença" que haveria entre Don Gobbi e Vassula, a saber, se os Novos Céus e a Nova Terra precedem ou seguem a Segunda Vinda de Cristo, note-se que não há entre eles contradição alguma (50)Os escritos do Padre Gobbi sem dúvida que se compreendem perfeitamente no sentido defendido por Vassula; por exemplo: "Hoje, anuncio-vos que está para nascer a nova Igreja de Luz, que Meu Filho está formando em toda a parte da terra, a fim de que esteja pronta para O receber, com fé e alegria, no momento já próximo da Sua segunda vinda" (13 de Outubro de 1990). De forma semelhante: "O segundo Pentecostes virá como orvalho sobre o mundo e transformará o deserto num jardim, no qual toda a humanidade correrá, como esposa, ao encontro do seu Senhor, num renovado pacto de amor com Ele. Assim, a Santíssima Trindade receberá a Sua grande glória e Jesus instaurará o Seu próprio Reino de amor entre nós" (28 de Junho de 1990); ou ainda: "Jesus está agora a formar esta Sua Igreja, por meio da poderosa acção do Espírito Santo e no jardim do Imaculado Coração de vossa Mãe Celeste. É a nova Igreja de luz, que tem um esplendor maior que mil sóis juntos. Ela é formada no coração dos simples, dos pequenos, dos puros, dos pobres, daqueles que sabem acolher e seguir a Jesus com perfeita docilidade, sem nenhum compromisso com o espírito do mundo. Jesus constrói esta Sua Igreja de maneira invisível e toda misteriosa: no silêncio, no escondimento, na oração, na simplicidade" (15 de Agosto de 1990).. Vassula pode ser considerada como acrescentando muito simplesmente certas precisões ao que, afinal, é substancialmente a mesma doutrina ensinada por um e pela outra. Ambos estão de acordo em dizer que o mundo entra agora na Tribulação apocalíptica que o purificará, na mira de uma gloriosa era do Espírito Santo.
Don Gobbi liga esta última à Segunda Vinda de Cristo, quando ela atingir a sua perfeição. Estando de pleno acordo com isso, Vassula introduz uma fase intermediária, uma era do Espírito Santo que prepara a vinda final de Cristo (51)De facto, as mensagens do Padre Gobbi têm exactamente o mesmo sentido que as de Vassula, como o demonstra claramente, por exemplo, a de 22 de Maio de 1988: "O Espírito Santo virá como orvalho celeste de graça e de fogo, que renovará o mundo inteiro. (...) O Espírito Santo virá para instaurar o Reino glorioso de Cristo"; e assim também a de 22 de Novembro de 1992, que diz que o universo terá de passar por uma purificação "com o fogo abrasador do Espírito Santo, de modo que seja completamente libertado de todo o espírito do mal, de toda a sombra de pecado, e assim possa abrir-se ao encanto de um novo Paraíso terrestre. (...) Nessa criação... Jesus Cristo instaurará o Seu Reino de glória, (...) o Espírito Santo abrirá os corações e as mentes, a fim de que todos possam cumprir o querer do Pai e do Filho e assim, como no Céu, também seja perfeitamente realizada a Divina Vontade. Para chegar a estes novos céus e nova terra, é necessário passar através da prova dolorosa e sanguinolenta da purificação, da grande tribulação e do castigo" (n.d.t.f).. E justamente como a vinda do Antigo Testamento não foi desmentida, quando Jesus tornou evidente que a Sua primeira vinda iria ser completada por uma segunda, assim também a visão de uma era do Espírito Santo não contradiz de forma alguma a ideia de que ela viria em duas fases, como de facto Vassula o sugere.
CONCLUSÃO
Como os profetas de Israel, Vassula traz-nos um aviso, a saber, que o Senhor está prestes a punir o mundo se continuar a viver no pecado; mas também nos tranquiliza: a punição realizará uma purificação, pela graça do Espírito Santo, que dará ao mundo o estado a que Deus o destinava. Estas noções são apocalípticas no sentido em que as provações da Igreja de hoje são noções como a Apostasia predita por São Paulo e a Tribulação predita por Jesus, enquanto os Novos Céus e a Nova Terra irão constituir a preparação próxima do regresso de Cristo na glória.
Tais noções devem evidentemente ser tratadas com precaução. Como a declaração fundamental de Vassula consiste em ser uma mensageira que nos transmite uma palavra confiada pelo próprio Jesus, todas essas noções precisam de ser ponderadas à luz da pessoal credibilidade de Vassula e dos frutos que se têm verificado na vida dos que a acreditam. Mas eu não vejo razão para Vassula ser acusada de "erro doutrinal". Se o autor da NOTIFICAÇÃO descortinou algum ponto que possa ter escapado ao meu estudo, seria útil que me o designasse especificamente. Contudo, inclino-me a pensar que a dificuldade esteja essencialmente no estilo poético, pelo qual, como acontece com os profetas clássicos, Vassula oferece imagens sugestivas das realidades de que fala, de preferência a evocá-las de uma forma unívoca. Isto pode ser ocasião para uma leitura inadequada, em que o significado não é atingido; e temo tenha sido o que fizeram os teólogos que nela encontraram objecções.
P. Edward O'Connor, CSC,
Professor na University of Notre Dame,
22 de Agosto de 1996
traduzido do inglês por Lucien Lombard
e do francês por Edições Boa Nova
(1)O Fim dos Tempos não é o fim do mundo; é o fim de uma época (nota de Vassula, 15.9.1991).
(2)Publicada por Éditions du Parvis, CH-1648 Hauteville, Suiça (4 tomos e 9 suplementos, nesta data). A reprodução fotográfica destes manuscritos originais True Life in God - Original Hand Writing Edition (vol. 1 a 8) é publicada pelas Edições Trinitas, P.O. Box 475, Independence, Missiouri, U.S.A. 64051.
(3) O estudo sobre o ensinamento de Vassula realizado por Christian Parmantier (Editions du Parvis) é muito mais rico em citações.
(4) Na obra "A Verdadeira Vida em Deus" não há, atualmente, senão seis menções do Anticristo.
(5) Como os seus leitores sabem, Vassula diz que não propõe as suas opiniões pessoais, mas que tudo quanto ela escreve consiste apenas em mensagens que lhe são dadas pelo Pai Celeste, por Jesus Cristo, pelo Espírito Santo ou, com menos frequência, por Nossa Senhora. Referindo-me por vezes ao que Vassula diz ou, tantas vezes, ao que Jesus diz por seu intermédio, não vejo que se deva fazer diferença.
(6) O perfeito equilíbrio de Vassula, a sua normalidade emotiva e mental, são afirmadas por inúmeros estudos e foram objecto de muitas obras, como as do Padre René Laurentin "Quand Dieu fait signe" e "Qui est Vassula"; do Padre Michael O'Carroll "Vassula da Paixão do Sagrado Coração" e "Vassula medianeira da União dos Cristãos"; do Padre F. Umana "Vassula, un Charisme oecumenique pour notre temps"; e do Dr. Philippe Loron "J'ai vu écrire Vassula", Éditions du Parvis (n.d.t.f.).
(7) Fundador do Movimento Sacerdotal Mariano (M.S.M.). Enquanto, desde 1972, para defender a Igreja e muito particularmente o Papa, o Padre Gobbi se dirige de facto aos padres e fiéis católicos praticantes, a missão pública de Vassula, que iniciou em 1988, nitidamente mais alargada, dirige-se a todos, visando reconduzir mesmo os não-praticantes, mesmo os não-cristãos, no Único Redil, sob o cajado do sucessor de Pedro, Vigário de Cristo, o Papa. Por este motivo, as missões de Vassula e do Padre Gobbi revelam-se ser, não apenas notavelmente complementares, mas também manifestamente ordenadas uma para a outra, de modo sobrenatural: pelo Padre Gobbi, desde 1972, Maria dirige uma escola de sacerdotes sólidos, capazes de enquadrar e guiar os inúmeros convertidos reconduzidos à Igreja por Vassula. É verdadeiramente notável constatar que, tal como a vida de Maria na terra começou uns dezesseis anos antes da de Jesus, assim a missão pública do Padre Gobbi começou dezesseis anos antes da de Vassula. É de notar que o Sagrado Coração de Jesus falou a Vassula do Movimento Sacerdotal Mariano, nas Suas mensagens de 4 e 6 de junho de 1988, como aliás já dele tinha falado nomeadamente a Mons. Ottavio Michelini, nos dias 20 e 22 de janeiro de 1976 (ver Confidences de Jésus à ses prêtres et à ses fidèles, 1ª Ed., tomo II, Ed. du Parvis). E também Maria falou do M.S.M. a Vassula, no dia 10 de Junho de 1988. Vassula que, desde então, a título meramente pessoal, é membro do M.S.M., confessa ser uma sua grande promotora; com efeito, graças à mensagem de "A Verdadeira Vida em Deus", o M.S.M. deve-lhe muitíssimas adesões, na sua maioria, de convertidos. Aliás, na Sua mensagem dada ao Padre Gobbi no dia 2 de fevereiro de 1991, Maria diz-nos que "nestes dias, Jesus está operando de maneira muito forte em todas as partes do mundo, para realizar o desígnio do Seu Amor misericordioso. Este desígnio está, por enquanto, escondido e guardado no segredo do Seu Coração divino. Ele é, também hoje, revelado somente aos pequenos, aos simples, aos pobres, aos puros de coração. Com estes pequenos, que Ele está recolhendo de todas as partes da terra, Jesus instaurará em breve o Seu Reino de glória. E é este o caminho que conduz à nova era". Maria que, aliás, tem o particular cuidado de Se servir aqui da expressão "Coração divino", tão querido dos ortodoxos, não poderia designar mais claramente a obra de Seu Filho, "A Verdadeira Vida em Deus" (n.d.t.f.).
(8) As mensagens que o P. Stefano Gobbi diz receber de Nossa Senhora são espantosamente paralelas às que Vassula recebe de Jesus; por exemplo: "Muitos perdem a fé e a apostasia expande-se cada vez mais na Igreja, como um terrível cancro que se espalhou em todos os seus membros" (P. Gobbi, 4 de maio de 1991); do mesmo modo: "São estes os tempos preditos pela Sagrada Escritura como os tempos da grande apostasia e da vinda do Anticristo" (19.5.1991). Outros e bem significativos paralelos serão assinalados mais adiante. As mensagens recebidas pelo Padre Gobbi são publicadas pelo Movimento sacerdotal Mariano, sob o título "Aos Sacerdotes, filhos predilectos de Nossa Senhora", um livro apresentado e distribuido de forma não comercial.
(9) Por exemplo, quando Jesus fala de antros em que vivem os chacais, Vassula acrescentou, em nota: "Jesus faz alusão aos franco-maçons, introduzidos no Seu Santuário" (6 de julho de 1990). Jesus diz que "a besta negra (Ap 13,1), com a segunda besta (Ap 13,11), isto é, o falso profeta (Ap 16,13) (...) na mira de ocuparem postos de alto comando, designaram sacerdotes da sua laia que hoje mesmo exercem um tal sacerdócio no próprio coração do Meu Santuário". O mesmo Jesus declara: "aqueles que hoje exercem funções, na Minha Igreja, mas estão ao serviço do poder da besta, gabando-se do conhecimento que têm da Minha Lei, são justamente aqueles que invocam o Meu Nome em vão". E Jesus conclui: "se esta geração assim blasfema o Meu Santo Nome e d'Ele se serve tão futilmente, é por causa da permissividade, impregnada de vício, que lhes é imposta com abundância, precisamente por aqueles que se vestem de um modo bem ridículo, com vestes negras". Vassula acrescenta, em nota: "A seita da Franco-Maçonaria". Quando Jesus diz: aqueles de entre os padres, que são tidos como fiéis, mas que se venderam a Satanás e servem a Besta vivem "como chacais, em tocas escondidas", Vassula acrescenta em nota, referindo-se a esta última mensagem: "as lojas maçónicas" (5-29 de agosto de 1990). Quando Jesus fala dos "vendilhões" que "têm trocado a Verdade por uma mentira", Vassula dá-nos uma lista de seis significados diferentes da palavra vendilhões, um dos quais é: "podem representar a segunda besta do Apocalipse (Ap 13), que simboliza a Franco-Maçonaria Eclesiástica (2 de março de 1993). Uma vez mais, o seu ensinamento é paralelo ao do Padre Gobbi, mais prolixo que Vassula nos seus apelos de sobreaviso contra a franco-maçonaria, particularmente a franco-maçonaria eclesiástica (por exemplo, nos dias 3, 13 e 17 de junho de 1989).
(10) Quem quer que suponha esta passagem anti-clerical pode compará-la com o capítulo 34 de Ezequiel.
(*) É o caso da versão portuguesa de que nos servimos sempre, nos nossos trabalhos (n.d.t.p.).
(11) João Paulo II.
(12) João Paulo II.
(13) Vassula repetiu explicitamente esta interpretação, numa conversação privada, no Simpósio sobre a Aliança dos Dois Corações (de Jesus e Maria), em Dublin (23 a 25 de setembro de 1994).
(14) Em inglês "abomination of the desolation", por ex. nos dias 19 de setembro de 1991, 13 de dezembro de 1992, 31 de maio de 1994 e 19 de junho de 1995 (n.d.t.f.).
(15) Em inglês "disastrous abomination", expressão utilizada em inglês pela Bíblia de Jerusalém e que também se encontra frequentemente em "A Verdadeira Vida em Deus", nomeadamente na mensagem de 22 de outubro de 1990, onde a expressão fora traduzida por "abominação devastadora" (n.d.t.f.).
(16) Outras traduções modernas de Dn 9,27 e de Mt 24,15 dão-nos também: "a abominação que desola" (RSV); "abominação que causa desolação" "a horrível abominação" (Bíblia americana); "a aterradora abominação" (Nova Jerusalém); "abominações, devastações" (R. Tamisier); "o horror abominável" (Bíblia em francês moderno; Sociedade bíblica francesa; United Biblie Societies); "o desolador sacrilégio" (Nova RSV); "a sinistra infâmia" (F. Amiot); "o Odioso devastador" (TOB); "a maior das infelicidades" (P. de Beaumont), etc..
(17) Foi o que Vassula declarou, em resposta a uma pergunta, no Simpósio sobre a Aliança dos Dois Corações (23 a 25 de setembro de 1994).
(18) A Sagrada Eucaristia, a Sagrada Comunhão (nota de Vassula).
(19) Isto torna mais inteligível a nota de Vassula de 24.10.94: "... No Ocidente, alguns começaram já a abolir o Sacrifício Perpétuo"; isto referir-se-ia às igrejas em que o Santíssimo Sacramento se não conserva já no Sacrário, para adoração.
* Pusemos pessoalmente esta mesma questão a Vassula, que nos garantiu, com firmeza, tratar-se justamente do Santo Sacrifício da Missa. Aliás, infelizmente, não faltam já ecos concretos de apostasia, neste sentido (n.d.t.p.).
(20) Neste sentido, o Padre Gobbi diz: "Por isso a maçonaria eclesiástica, de tantas e enganosas maneiras, procura atacar a piedade eclesial para com o Sacramento da Eucaristia. Desta, valoriza apenas o aspecto da Ceia, tende a minimizar o seu valor de sacrifício, procura negar a presença real e pessoal de Jesus nas Hóstias Consagradas. Nesse mesmo fim, foram gradualmente suprimidos todos os sinais externos, que são indicativos da fé na presença real de Jesus na Eucaristia, como as genuflexões, as horas de adoração pública, o santo costume de circundar o Sacrário com luzes e flores" (13 de junho de 1989).
(21) Do facto de, em inglês, as palavras "cymbal" e "symbol" terem uma pronúncia idêntica, o Padre O'Connor põe a hipótese de um possível descuido de Vassula na escrita da mensagem recebida em locução, sob ditado, no caso em que, segundo ele, "um cìmbalo vazio" deveria ler-se "um símbolo vazio", o que, no contexto, tem também um sentido bem preciso. Parece, no entanto, tratar-se antes de um caso extraordinariamente notável (e não casual) de metáfora reduplicada por homonímia (pelo menos em inglês). Com efeito, não é a única mensagem em que se utiliza a imagem de um címbalo (cf. 1 Cor 13,1), objecto brilhante e ressoante (chamando a si o espírito pelos sentidos), mas oco, vazio (nada lhe adiantando); as mensagens de 5 de agosto de 1990 e de 13 de dezembro de 1992 utilizam esta mesma imagem: "címbalo ressoante" - em inglês "echoing cymbal" (n.d.t.f).
(22) Ap 22,3: o anátema lançado sobre o Sacrifício Perpétuo (nota de Vassula).
(23) Isto é, na Eucaristia, no Santo Sacrifício (nota de Vassula).
(24) Ao investigar o sentido do "Sacrifício" que irá ser "abolido", devemos sempre manter bem presente no espírito que o termo Sacrifício vem dos textos de Daniel 9, 26 e 17, 11, acima citados. Como isto se irá cumprir literalmente, eis toda a questão.
(25) Muitos outros textos tratam do primado do papel da Rússia, na renovação da Igreja; por exemplo, 24 de abril de 1990; 30 de agosto de 1991; 3, 5 e 24 de outubro e 7 de dezembro de 1994; 2 de abril de 1995.
(26) Dn 11,31; Dn 12,11; Mt 24,15 (nota de Vassula).
(27) Is 13, 13 (nota de Vassula).
(28) Ap 6,14 (nota de Vassula).
(*) No dia 24 de julho de 1990 (Cad. 44).
(29) Ap 8, 1 (nota de Vassula).
(30) Ap 11, 10 (nota de Vassula).
(31) Isto não deixaria de servir de argumento àqueles que pretendem que os escritos mais recentes de Vassula corrigiriam os erros cometidos nos primeiros e que, por conseguinte, todos eles seriam inteiramente fruto da sua imaginação; ora, a mensagem de 31 de março de 1995 menciona de novo o Sexto Selo, o que faz com que o argumento não tenha valor.
(32) Vassula acrescenta que "Jesus significa por isso: o Seu Espírito Santo, sinal que prefigura o Sinal visível no Céu" (12 de abril de 1994). Por outros termos, enquanto a presente efusão do Espírito Santo pode ser chamada "o sinal do Filho do Homem", verdade é que ela não substitui o sinal visível que um dia será visto no céu. Embora só raramente mencione o "sinal do Filho do Homem", o ensinamento do Padre Gobbi sobre a actual efusão do Espírito Santo está plenamente de acordo com o de Vassula: "Agora, entrastes nos tempos do segundo Pentecostes. (...) O Espírito Santo vos fará compreender os sinais do vosso tempo. São os tempos preditos pela Sagrada Escritura como os tempos da grande apostasia e da vinda do anticristo. São os tempos da grande Tribulação e de inumeráveis sofrimentos para todos, que vos levarão a viver os últimos acontecimentos como preparação para a segunda vinda de Jesus na glória. O Espírito Santo... derrama hoje os Seus carismas de maneira ainda mais forte e extraordinária do que no tempo do início da Igreja" (19 de maio de 1991).
(33) As suas mensagens são resumidas no capítulo I do meu livro "Marian Apparitions Today - Why so many?", 1996, Queenship Publishing Co., P.O. Box 42028, Santa Barbara CA 93140 - 42028.
(34) Numa mensagem dirigida aos padres que, por um "espírito de "conhecimento" que de modo algum é verdadeiro conhecimento" impedem as pessoas de se interessar pelos Seus profetas contemporâneos, Jesus diz: "Depressa - e é o vosso depressa -, quando fordes cobertos pelo vosso próprio sangue, Eu, então, como Juiz, lembrar-vos-ei o sangue que trazeis nas vossas mãos, por terdes proibido a tantas almas o receberem as Minhas graças, através desta Lembrança da Minha Palavra" (19 de janeiro de 1995).
(35) "Anjos" significa aqui "mensageiros" (nota de Vassula).
(36) A isto, acrescenta o falso ecumenismo, frequentemente denunciado por Vassula (nomeadamente nos dias 5 a 29 de agosto de 1990).
(37) Esta situação é tanto mais verosímil quanto mais plenamente concorda com o que nos descreve o novo CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, nos parágrafos 675 e 677: "Antes da vinda de Cristo, a Igreja deve passar por uma prova final, que abalará a fé de numerosos crentes. A perseguição, que acompanha a sua peregrinação na Terra, porá a nu o "mistério da iniquidade", sob a forma duma impostura religiosa, que trará aos homens uma solução aparente para os seus problemas, à custa da apostasia da verdade. A suprema impostura religiosa é a do Anticristo, isto é, dum pseudo- messianismo em que o homem se glorifica a si mesmo, substituindo-se a Deus e ao Messias Encarnado"; "A Igreja não entrará na glória do Reino senão através dessa última Páscoa, em que seguirá o Senhor na sua Morte e Ressurreição" (nota do tradutor).
(38) Por exemplo, 8 de julho e 4 de agosto de 1990; 17 de outubro de 1991; 18 de maio e 10 de julho de 1994.
(39) Que significam três anos e meio.
(40) Jesus entende por isto: a Igreja (nota de Vassula).
(41) Alusão a Ap 21,22: o Templo, é o Senhor, o Deus Todo-Poderoso e o Cordeiro, em nós, que somos a Sua cidade (nota de Vassula).
(42) Cristo, que é o Pão Vivo do Céu (nota de Vassula).
(43) O Padre Gobbi tem muitos textos eloquentes a este respeito. Para os principais, cf. capítulos I e II do meu livro "Marian Apparitions Today - Why so many?".
(44) Isto foi dito numa conversa privada, por ocasião de uma reunião de Vassula, em 15 de junho de 1994, na Universidade de Notre Dame; entretanto, ela mesma acrescentou que, a seu ver, as mensagens mais recentes do Padre Gobbi esclarecem inteiramente o sentido das mais antigas, de modo que ela se sente de pleno acordo com o Padre Gobbi. Isto corresponde muito bem àquilo que já antes notei, a respeito de alguns dos seus textos.
(45) As plantas ressequidas significam os maus hábitos, os pecados (nota de Vassula).
(46) Estas plantas celestes são as virtudes (nota de Vassula).
(47) A Santíssima Trindade (nota de Vassula).
(48) Simboliza as gentes (nota de Vassula).
(49) O documento mais próximo de uma condenação foi o decreto do Santo Ofício de 19 de julho de 1994, dizendo que o "milenarismo moderado" do Padre espanhol Manuel de Lacunza y Dias não pode ser ensinado com toda a segurança (Denzinger / Schnmetzer, Enchiridion Symbolorum 3839). Escrevendo em cerca de 1810 sob o pseudônimo de Juan Josaphat Ben-Ezra, encarava um Cristo a reinar corporalmente, na terra, durante um certo período, antes do Juízo Final.
(50) Os escritos do Padre Gobbi sem dúvida que se compreendem perfeitamente no sentido defendido por Vassula; por exemplo: "Hoje, anuncio-vos que está para nascer a nova Igreja de Luz, que Meu Filho está formando em toda a parte da terra, a fim de que esteja pronta para O receber, com fé e alegria, no momento já próximo da Sua segunda vinda" (13 de outubro de 1990). De forma semelhante: "O segundo Pentecostes virá como orvalho sobre o mundo e transformará o deserto num jardim, no qual toda a humanidade correrá, como esposa, ao encontro do seu Senhor, num renovado pacto de amor com Ele. Assim, a Santíssima Trindade receberá a Sua grande glória e Jesus instaurará o Seu próprio Reino de amor entre nós" (28 de junho de 1990); ou ainda: "Jesus está agora a formar esta Sua Igreja, por meio da poderosa ação do Espírito Santo e no jardim do Imaculado Coração de vossa Mãe Celeste. É a nova Igreja de luz, que tem um esplendor maior que mil sóis juntos. Ela é formada no coração dos simples, dos pequenos, dos puros, dos pobres, daqueles que sabem acolher e seguir a Jesus com perfeita docilidade, sem nenhum compromisso com o espírito do mundo. Jesus constrói esta Sua Igreja de maneira invisível e toda misteriosa: no silêncio, no escondimento, na oração, na simplicidade" (15 de agosto de 1990).
(51) De facto, as mensagens do Padre Gobbi têm exatamente o mesmo sentido que as de Vassula, como o demonstra claramente, por exemplo, a de 22 de maio de 1988: "O Espírito Santo virá como orvalho celeste de graça e de fogo, que renovará o mundo inteiro. (...) O Espírito Santo virá para instaurar o Reino glorioso de Cristo"; e assim também a de 22 de novembro de 1992, que diz que o universo terá de passar por uma purificação "com o fogo abrasador do Espírito Santo, de modo que seja completamente libertado de todo o espírito do mal, de toda a sombra de pecado, e assim possa abrir-se ao encanto de um novo Paraíso terrestre. (...) Nessa criação... Jesus Cristo instaurará o Seu Reino de glória, (...) o Espírito Santo abrirá os corações e as mentes, a fim de que todos possam cumprir o querer do Pai e do Filho e assim, como no Céu, também seja perfeitamente realizada a Divina Vontade. Para chegar a estes novos céus e nova terra, é necessário passar através da prova dolorosa e sanguinolenta da purificação, da grande tribulação e do castigo" (n.d.t.f).
- Detalhes
- Categoria: AVVD
“O Estilo Jesus”
O que é uma associação AVVD?
03/03/2006
áudio: "O estilo Jesus - O que é uma associação AVVD - clique para ouvir
Vassula escreveu um artigo sobre as associações poucos anos atrás. Esse artigo está disponível on-line neste link:
spirituality.
Todos podem se beneficiar lendo-o novamente.
Para mim, um dos aspectos mais impressionantes da Verdadeira Vida em Deus é o que Vassula chama de fazer as coisas ao “estilo Jesus”. Isso sempre me encantou muitíssimo.
Quando eu era mais jovem tive oportunidade de observar muitas formas diferentes de organização. Em particular, consegui observar e participar durante vários anos de organizações que trabalhavam com deficientes físicos e mentais. Uma dessas organizações era completamente voluntária e outra era dirigida por pessoas com salários e escritórios. Tive oportunidade de ver os orçamentos de ambas e pude perceber que, nas organizações sem fins lucrativos, os salários dos empregados e o custo dos escritórios podem representar até 90% das despesas. Também percebi que, se for possível livrar-se desses custos, mais de 90% das receitas pode ir para as pessoas que realmente se está tentando ajudar ou para o projeto que se está tentando implementar.
Vassula sempre operou sem um escritório, uma secretaria formal ou pessoas remuneradas. Não obstante, a mensagem não parou de se difundir em todo o mundo. A razão disso é o trabalho árduo das associações e de simples indivíduos que se voluntariaram para AVVD sem receber dinheiro ou salário e, às vezes, nem mesmo reconhecimento. Eles trabalham silenciosamente, nos bastidores, a serviço de Deus. Esse é uma “joia” única e preciosa que temos na AVVD – as mensagens e a capacidade de poder achegar-se e trabalhar nesta vinha de exuberante espiritualidade.
Algumas pessoas pensam que Vassula tem seguidores. Essa é só mais uma forma de mentira e ataque. Recentemente eu brinquei com uma pessoa dizendo-lhe que a única coisa que eu sigo é o cachorro de Vassula, pois em uma ocasião eu o levei para passear com sua coleira. Assim, eu caminhei atrás e “segui o cachorro”.
Todos nós, incluindo Vassula, estamos trabalhando para Deus, para a Igreja e para os nossos semelhantes. Vassula pode ser vista como uma irmã mais velha em Cristo, uma amiga e, sim, com toda razão, uma moderna testemunha de Deus. A melhor atitude será sempre como a de Vassula, que, mais do que qualquer outra pessoa, Vassula quer ajudar o apostolado - não para si mesma – mas, novamente, para Deus, para a Igreja e os outros. Sua voz, que às vezes sugere e guia, é digna de peso e consideração adicionais.
Autoridade é outro aspecto do papel de Vassula no trabalho da AVVD. Jesus, nas mensagens, disse a Vassula que ela pode chamá-lo a qualquer momento. Algumas vezes as pessoas equivocadamente pensam que, quando Vassula usa sua autoridade, somente o faz pelo seu discernimento pessoal ou pela sua opinião sobre alguma coisa. Esse não é sempre o caso. Em questões importantes Vassula está seguindo as orientações do próprio Jesus. Se você der boa olhada em todas as instruções e cartas de Vassula ao longo dos anos, muitas das quais estão no site da AVVD, verá que repetidamente as diretrizes das principais áreas de atuação no apostolado foram todas definidas. As grandes coisas e as orientações de como fazê-las estão todas lá; desde o livro de orientações aos grupos de oração, como evangelizar e divulgar as mensagens, até orientações para as casas Beth Myriam. Vassula, ao longo de anos e anos de trabalho, deu as diretrizes de todas as maiores áreas de apostolado da AVVD. Então, se algo não está funcionando bem... quem devemos culpar? Em todos os casos devemos culpar a nós mesmos. Olhemos realmente para todas as cartas, intervenções pessoais, peregrinações, encontros e milhares de e-mails. Vassula tem estado envolvida conosco durante todos esses anos. Agora a coisa é realmente conosco e... sim, ela ainda pode estar disposta e ser capaz de ajudar-nos.
Em A Verdadeira Vida em Deus fomos ensinados que um dos aspectos mais importantes da Unidade é a humildade e que, como regra, os Cristãos devem tratar “o outro” melhor que a si próprios. Assim, é de bom senso que devamos ter, pelo menos, a humildade de praticar isso com a própria Vassula, pois, sem a sua cooperação com o Senhor e a disposição de ser Seu “pupilo” não teríamos as mensagens de AVVD. Jamais poderemos separar a mensagem do mensageiro. E porque queremos fazê-lo? Temos em Vassula um exemplo de uma pessoa como nós... um ninguém, e podemos ver como o Senhor operou com ela; e aprender com isso.
Muitos anos atrás foi escrito em uma revista um artigo para atacar Vassula, que afirmava que ela tinha motorista particular, carros de luxo e assim por diante. Em nossa atual era da mídia, de fato, qualquer um pode escrever qualquer mentira e as pessoas acreditam. Se estiver (publicado) em um jornal ou na internet, as pessoas não têm discernimento entre verdades e mentiras. Frequentemente tomam como “verdades evangélicas” coisas que não passam de ataques baseados em puras mentiras. Uma mentira é ainda mais eficaz quando apresentada com total seriedade e com um ar de autoridade, ou ainda quando há possibilidade, ao utilizar a fraude, de obter-se um nome ou título para endossá-la.
Lembramos mais uma vez aos novos leitores do nosso boletim informativo: Vassula não ganha dinheiro da Verdadeira Vida em Deus e nunca ganhou. Somente as despesas de viagem são cobertas. Os países que se esforçaram para pagar essas despesas têm sido ajudados por uma conta de royalties da venda de livros. Nunca os royalties da venda de livros foram utilizados para uso pessoal de Vassula.
O apostolado da Verdadeira Vida em Deus não tem sede ou escritório principal, mas pontos de contato de voluntários, que permitem essa forma de operar única, o “estilo Jesus”.
No natal de 2005 e mais recentemente, em fevereiro de 2006, eu tive a oportunidade de falar novamente com Vassula sobre as associações. O que elas são exatamente? As associações AVVD são criadas pelas pessoas nos grupos de oração AVVD para lidar com questões legais e fiscais associadas à venda de livros e a levantamento de fundos para as casas Beth Myriam; algumas vezes também para arrecadar dinheiro para dar suporte a atividades evangelizadoras. Para poder vender algo ou angariar doações para as casas Beth Myriam é preciso lidar com as questões legais e fiscais. Essa foi uma das razões pelas quais em alguns países foram formadas entidades legais. Para constituir-se uma organização legal sem fins lucrativos, frequentemente é preciso designar um conselho de administração, um presidente e um vice-presidente. Esses títulos são para a administração das questões legais e fiscais e esse é o único escopo de sua atividade formal. Se eles são pessoas trabalhadoras e querem fazer mais, muitas vezes, de fato, fazem-no. Contudo, o título que lhes foi dado não dá autoridade sobre outras pessoas e é simplesmente um título relacionado com questões legais e fiscais concernentes ao país onde se encontram.
O perigo, por certo, para todos nós, é a tentação de usurpar a autoridade onde não há autoridade. E isso é algo muito complicado. Estabelecer uma estrutura de autoridade não resolve o problema. Pergunte a qualquer clérigo sobre os problemas que eles encontram dentro de suas estruturas, onde existem claras linhas de autoridade estabelecidas.
Há aqui alguns pensamentos sobre esse ponto. Algumas pessoas dizem: “Vassula precisa decidir isso.”, ou “Somente farei isso se Vassula me disser.”, ou até pior: “Se você não fizer isso do modo que eu falei, não trabalharei mais com você.”
Vassula faz o trabalho dela, que é transmitir a mensagem, e tem dito aos voluntários da AVVD: “Trabalhe como se eu não mais estivesse aqui.” Em outras palavras, Jesus não quer que ela, no dia a dia, administre a AVVD. As áreas de trabalho do apostolado são a nossa chance de compartilhar dessa obra que vem do Senhor. Que alegria que todos possam trabalhar para o Reino de Deus na terra! Na realidade, isso não é uma opção; todos os Cristãos que pertencem ou não a esse apostolado são chamados, pelas Escrituras, a trabalhar pelo Senhor.
“Sejam praticantes da palavra, e não apenas ouvintes, enganando-se a si mesmos.” (Tg 1, 22).
“Portanto, meus amados irmãos, mantenham-se firmes, e que nada os abale. Sejam sempre dedicados à obra do Senhor, pois vocês sabem que, no Senhor, o trabalho de vocês não será inútil.” (I Cor 15, 58) Agora, quando há desacordos sobre como avançar em algo, as pessoas querem consultar Vassula, e às vezes isso pode ser o mais correto a fazer. Todavia, se a consulta é no sentido de buscar apoio pessoal para resolver um conflito ou desacordo - talvez aí esteja a nossa própria falha. Se há conflito em qualquer lugar em nossas associações, devemos ver uma bandeira vermelha.
A bandeira da AVVD é a unidade, com forte ênfase na humildade e no amor.
Então, se uma associação não está trabalhando em unidade, com humildade, amor e auto-obliteração, e não está colocando os interesses do Senhor antes dos particulares... esta é uma falha de todas as pessoas envolvidas. Como podemos evangelizar alguém se nós mesmos não somos exemplos de unidade? É preciso um verdadeiro e sincero esforço para viver uma Verdadeira Vida em Deus. É difícil, não é um caminho fácil e amplo, pois significa que devemos morrer para nós mesmos e para os nossos próprios interesses e viver sem egoísmos. Em outras palavras: crucificar a carne.
Jesus nos alerta sobre o perigo da desunião em nossas associações:
tratai-vos uns aos outros com Eu vos trato;
amai-vos uns aos outros com Eu vos amo; respondei uns aos outros como Eu respondo às vossas orações; alimentai-vos de mim e não aceiteis os frutos de Satanás que são: deslealdade, ciúmes, desunião e impureza; sede um! sede perfeitos! que Minha Casa brilhe por sua pureza; deixai meu orvalho de Retidão descer sobre vós e dissolver estas pesadas nuvens de trovão dispersando-as; permiti à Minha Luz atravessá-las, para que toda escuridão e mal desapareçam; sede como flores voltadas para o sol e deixai que Meus Quentes Raios revivam vossa santidade, pureza, integridade e amor; obedecei sempre ao Meu Mandamento de amar-vos uns aos outros como Eu, o Senhor, vos amo;
Eu, o Senhor Jesus Cristo, amo-vos infinitamente; Eu voltarei em breve, abençoo-vos todos;
AVVD-29 de julho de 1988
Em outra mensagem Jesus diz:
prometo que qualquer um que decida fazer o bem, honrando-Me e fazendo as pazes Comigo e seu próximo, obterá a paz e perceberá, em sua fraqueza e em seu sono, que estava extraviado; não quero mais aborrecimentos de ninguém; nem ninguém deveria iludir-se em pensar que é justo; repito Meu aviso: não vos enganeis pensando que vós sois justos! quando se trabalha ou se decidiu a trabalhar para Mim, eles devem seguir-me em Minhas Pegadas, carregando Minha Cruz sinceramente, com honra e alegria; quando isso for feito de boa vontade, serão devidamente recompensados por todo o trabalho que tiverem feito bem em Meu Nome;
ninguém é seu próprio mestre; Eu sou o único Mestre; Eu os incito a arrepender-se e a voltar para Mim e provar-Me sua boa vontade;
consulta-Me a qualquer momento, Vassula, e Eu te responderei; Eu te abençoo, agarra-te à Esperança;
coragem, filha; ic;
AVVD-20 de janeiro de 1999 (Toda essa mensagem trata de intrigas nas associações).
Em outras palavras, Jesus quer dizer que não deve haver ninguém, em um grupo que trabalhe para Deus, que se torne um ditador, mande nos outros e "filtre" tudo.
Um exemplo clássico que eu sempre gosto de usar é aquele do Irmão Lawrence, que escreveu o livro: “The Practice of the Presence of God” (A Prática da Presença de Deus) – que você pode ler online (AQUI, por exemplo).
Jesus diz repetidas vezes que ele não traz nada novo na AVVD e que a utilização do “nós” é uma forma moderna desta mesma ideia: a oração incessante. Ela foi-nos dada de uma forma mais simples, mas a ideia de viver e trabalhar em oração é tão antiga quanto o próprio Evangelho.
O exemplo do Irmão Lawrence, a que me refiro, ocorreu quando, um dia, pediram-lhe para comprar vinho para o seu mosteiro e ele não sabia nada a respeito de vinho. Ele estava com medo de comprar um vinho ruim e fazer seus irmãos ficarem zangados com ele. Contudo, em sua prática do “nós” ele deixou a tarefa da escolha para Deus e acabou conseguindo o melhor vinho que seus irmãos já haviam provado no mosteiro. Esse exemplo, da literatura clássica Cristã, serve para lembrar-nos de que não são sempre as melhores ideias que fazem as coisas funcionarem bem. Algumas vezes Deus fará algum trabalho através de uma pessoa cujas ideias não são tão boas, mas que de uma maneira ou outra funcionam; porque Deus estava com a pessoa ou com o grupo.
Outra maneira de ver isso é o exemplo da própria Vassula:
Vassula, tu jamais teria sido capaz de glorificar-Me se Eu não Me tivesse unido a ti; nem tu jamais serias capaz de realizar esta obra, que ultrapassa a tua capacidade, se Eu não Me tivesse unido a ti; sim, que capacidade tem o homem, a não ser que lhe seja dada do alto?
AVVD-6 de janeiro de 2003
Assim, o mesmo pode ser dito de todos nós. Que podemos fazer sem Deus? Não importam o nosso treinamento e os nossos títulos. Uma das melhores defesas da AVVD junto aos Ortodoxos Gregos, que foi comparar os ditos de Jesus com os dos Padres do Deserto, foi realizada, não por um teólogo, mas por um músico. O seu “título” era ser tocador de violão numa banda de rock por 10 anos. Isso é também o “estilo Jesus”. Uma dona de casa não religiosa é escolhida para unir a Igreja, um jogador de baseball é inspirado a escrever teologia apologética e um zelador, que sequer sabia como reservar um voo numa companhia aérea, coordena uma peregrinação internacional de 40 nações e 7 idiomas. Isso é a AVVD!
Isso não significa que Jesus não utilize as habilidades e talentos que temos, mas somente que ele também trabalha com pessoas sem habilidades ou talentos. Ele é Deus. Pode fazer qualquer coisa que lhe agrade. Algumas vezes os frutos podem vir não depois de uma batalha de ideias e vontades, mas da pureza de coração e do próprio amor. Trabalhar juntos em humildade e amor atrai as graças do Espírito Santo. Egoísmo, egocentrismo, dissenções, conflitos e disputas afastam o Espírito Santo. (Consideremos que), se alguém estivesse observando qualquer grupo de voluntários da AVVD, não importando qual seja, o ideal seria que ele dissesse:
“Que paciência eles têm uns com os outros!” “Com que bom espírito essas pessoas trabalham!” “Que atmosfera agradável e sentimento de alegria possuem essas pessoas!”
Nas organizações voluntárias frequentemente as personalidades fortes sobem ao topo. Isso pode ser bom ou não. Líderes naturais surgem em todos os pequenos grupos. O problema é ter uma liderança que siga os exemplos de Jesus, isto é, que lave os pés. O maior serve o menor. Se você quer liderar alguma coisa na AVVD, a oportunidade existe. Com efeito, há muito mais trabalho que trabalhadores. E há ilimitadas oportunidades de liderança disponíveis. Mas isso significa que você deve trabalhar mais e, às vezes, sacrificar-se mais. Pode significar até sacrificar um projeto de estimação; sacrificar ideias pessoais sobre alguma coisa. Esforçamo-nos por nunca trabalhar por recompensas ou benefícios; trabalhamos por amor e com amor.
Todos nós falhamos; todos cometemos erros porque somos todos imperfeitos. Se você quer liderar na AVVD significa que quer servir e dar-se mais, mas não implica que você tenha que ser “senhor” dos outros, um pequeno ditador ou Napoleão. Isso é difícil! Significa que todos devemos resolver as coisas juntos e esforçarmo-nos para ser um só espírito; na verdade, muito parecidos com a Igreja primitiva. Contudo, temos os clérigos para ajudar-nos; temos as mensagens e temos os frutos de muito esforço de Vassula em ajudar-nos a esclarecer todos os aspectos do trabalho desse apostolado, durante anos, anos e anos.
Você quer ser um líder? Faça um encontro de testemunhas. Quer servir? Seja voluntário em uma Beth Myriam. Quer trabalhar para a unidade? Junte-se em um grupo de oração e organize novos. Quer evangelizar pelas mensagens? Faça uma tabela de venda de livros (veja o exemplo do grupo de oração de Atenas AQUI).
No sentido tradicional do termo, nós não temos um líder carismático no comando da AVVD. Vassula é uma executora. Acima de tudo ela lidera pelo exemplo. Se há discordâncias em um grupo de trabalho... todos podem se sentir envergonhados, pois todos falharam no objetivo. Vassula não é como uma professora de escola que está sempre correndo atrás de nós, como crianças pequenas, para pedir-nos para não brigar e para arrumar nossos brinquedos. Todos somos responsáveis perante Cristo, uns com os outros, com a Igreja e a missão.
O que acontece, então, quando uma personalidade forte domina as atividades e quer conduzir as coisas em determinada direção e está decidida quanto a isso? E pior, se esse líder natural tiver um espírito de Jezabel? Então teremos a situação de um punhado de Acabe (I Reis, 21) com uma Jezabel dirigindo-o. Então o que faremos? Por essa razão é que temos um exorcista como o Pe. Alberton que pode discernir o que está acontecendo e onde pode estar a base mais séria do problema. Também, pela graça de Deus, ainda temos Vassula.
Todos os voluntários e grupos de trabalho precisam mutuamente se ajudar e pedir ajuda uns dos outros. Não há um conjunto acabado de normas para trabalhar juntos em humildade e amor.
E se eu estiver tentando ser humilde – e esteja sendo humilde com um líder com espírito de Jezabel no nosso grupo? Por essa razão é que eu disse anteriormente – isso é complicado. E se alguém tem uma personalidade muito forte e tem boas ideias e é verbalmente agredido, acusado de que é uma Jezabel, e não há nele nada de Jezabel, mas apenas uma leve “aspereza de personalidade, próxima dos limites”? O que faremos? Essas situações são exceção, não regra. Um bom método, sugerido por Vassula, é compartilhar suas preocupações com outras pessoas em sua associação, ou com amigos e co-voluntários da AVVD, e ver se outras pessoas estão de acordo com sua percepção. Não force a questão, seja gentil, dócil, e com maturidade, humildade e discernimento. Todos estamos tentando crescer e tornar-nos Cristãos maduros.
Há o risco de ultrapassarmos os limites e considerar que qualquer pessoa que demonstre liderança seja uma Jezabel. Afinal de contas, devemos ter alguma fé em Deus e entre nós, e sustentar nosso ideal básico de trabalhar com humildade e amor. Com o tempo, ajuda mútua, e com a graça de Deus, essas coisas eventualmente poderão ser equacionadas. Não podemos cair na tentação de chamar todas as pessoas de Jezabel somente porque elas não estão de acordo com as nossas ideias. Que grupo nós somos? Graças a Deus que Sua paciência conosco tem proporções divinas! O foco de todo trabalho na AVVD é o trabalho em equipe. Juntamente com a oração, essa é a nossa proteção. Se a maioria de um grupo de voluntários, durante um período consideravelmente longo, tem ideias diferentes de um autonomeado líder forte, e sua resistência está causando problemas, então esse líder deve perguntar-se a si mesmo: “minha ideia (se, é claro, estiver certo de que é a mais correta) é mais importante que a unidade e o bom clima entre as pessoas do nosso grupo de trabalho?” Talvez o líder seja chamado a sacrificar sua ideia, que pode até ser a melhor ... quem sabe, sacrificá-la no altar do “morrer para si mesmo” e da unidade.
Trabalhar na AVVD não significa sacrificar as responsabilidades diárias com o trabalho e a família e, então, vangloriar-se diante dos outros, de que é um mártir. Não! Mas significa, no mínimo, sacrificar um pouco do seu tempo. Ninguém está trabalhando para Deus se negligenciar sua saúde, sua família e as responsabilidades do trabalho, afirmando que faz isso pela AVVD. Equilíbrio saudável e moderação – são coisas pelas quais todos devemos lutar. Fomos chamados a servir a Deus depois de nossa conversão – seja num apostolado como a AVVD, ou em nossas igrejas, ou com os pobres. Todavia, esse serviço nunca deve ser uma viagem do ego, uma demonstração para que outros vejam quão “santos” somos e quanto “sangue derramamos”. Isso é auto-ilusão e apenas um disfarce do orgulho.
Jesus perguntou a Vassula: podes trabalhar com amor, por amor?
Vassula responde: Tentarei, Senhor. (AVVD-03 de março de 1987)
Somos capazes de dar a mesma resposta de Vassula? Ou colocaremos condições: “Bem, sim Senhor, enquanto minhas ideias forem respeitadas e minhas condições satisfeitas.”; ou “Sim, Senhor, eu posso, se eu estiver no comando e tornar-me o chefe.”; ou, “Sim, Senhor, Eu posso, se você me der um título pomposo.”
Na AVVD não temos títulos. Cooperamos e trabalhamos juntos em espírito de amor e humildade, nas diferentes áreas do apostolado da AVVD. Essas áreas incluem:
Evangelização: apresentar e promover as mensagens da AVVD para fortalecer espiritualmente as pessoas, com o objetivo de construir a Igreja;
Beth Myriam: projetos para ajudar os pobres ao redor do mundo;
Unidade: qualquer coisa que fizermos pela unidade, a missão primária da AVVD agrada muito a Jesus. Isso inclui participar das peregrinações da AVVD, onde a unidade é praticada, e orar pela unidade nos grupos de oração ecumênica da AVVD.
Isso significa que o grupo de pessoas que compõe uma dessas estruturas legais não pode fazer nada além de administrar questões legais e fiscais?
Não, não significa isso. Absolutamente não! Contudo, a atitude correta dessas estruturas não é a de ser responsáveis pelas atividades da AVVD, mas, antes, a de como podem ajudar. Uma organização ao “estilo Jesus” nunca pode ser feita em papel ou por decreto. Jesus nos deu a liberdade. As associações AVVD são associações LIVRES de pessoas unidas em oração, humildade, amor e cooperação. E, o grau com que esses indivíduos praticam essa bela espiritualidade, da Verdadeira Vida em Deus, é que fará com que as associações continuem a desabrochar e florir ao redor do mundo, servindo a Deus e a Igreja.
Satanás observa todos vós, e jurou deter Meu Plano, obstruindo-O através de uma forte oposição; suas ameaças diariamente alcançam o Céu; sem demora trabalhai com afinco e de boa vontade; por Minha causa trabalhai com Meu Espírito e não com o vosso; se alguém trabalhar por seus próprios interesses e sem amor, alegria e doação, Eu intervirei novamente...
AVVD-02 de março de 1995
Uma oração:
Fazei com que minha alma trabalhe pelas Vossas intenções,
que são santas e redentoras, e tão agradáveis aos Vossos Olhos; entrando em minha alma, Vosso Espírito de Piedade me transformará numa serva dedicada e piedosa.
AVVD-19 de junho de 1995.
Jonathan
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ROMA X VASSULA
FATOS E COMENTÁRIOS À LUZ DO DIREITO CANÔNICO, DO MAGISTÉRIO E DA TEOLOGIA
José Hipólito de Moura Faria
áudio: ROMA X VASSULA - fatos e comentários... - clique para ouvir
Introdução factual
Tão logo começaram a ser divulgadas as mensagens da Verdadeira Vida em Deus, que V. Rydén receberia do Senhor como "um maná especial para o nosso tempo", no qual a caridade de muitos se esfriou, elas atraíram a atenção de meios católicos. Entre estes, não foram poucos os bispos, sacerdotes e teólogos de renome que acolheram com entusiasmo essas mensagens. Mas não faltaram também críticos e opositores encarniçados. Estabeleceu-se uma polêmica. As críticas levantadas por teólogos como o Pe. Pacwa, SJ, ou o Pe. François Dermine, tiveram pronta resposta de outros teólogos: Pe. Michael O'Carroll e René Laurentin (ambos da Pontifícia Academia Mariana), Edward O'Connors (professor da Notre Dame University), James Fannan (professor de Teologia e primeiro orientador espiritual de Vassula), e muitos outros.
Introdução profética
A Verdadeira Vida em Deus é um curso de vida espiritual, mas é também uma obra profética (com muitas profecias já cumpridas). Jesus, tão logo pediu a Vassula que divulgasse suas mensagens, também a foi preparando para a perseguição: "Vassula, prepara-te para os meus tormentos [ ... ] Sentirás as minhas penas, Eu te preparo para a minha Crucifixão ... " (4/4/1987). "Como caçadores na pista da sua presa. Dar-te-ão caça e pegarão em armas para te perseguir; porão a tua cabeça a prêmio para te destruir" (23.04.1987). "Não disse Eu que os 'sábios' não compreenderão aquilo que vem do Espírito? É uma das principais razões pelas quais todos aqueles que estão no poder e se consideram sábios te ridicularizarão, te desprezarão, te desencorajarão, te esquadrinharão. Fica, pois, preparada, muito amada, para os lobos que te perseguirão. Não temas, Eu estarei junto de ti." (5.8.87). "Minha filha, prepara as costas para a flagelação. Eu, o Senhor, permiti que Me flagelassem; por conseguinte, também tu, oferece a eles as tuas costas. Deixa que repitam seus erros ... Hoje é como ontem: quem quer que Eu mesmo lhes envie, examinam-no minuciosamente, perseguem-no e rejeitam-no" (5.9.88). "As autoridades da Igreja te rejeitarão" (4.5.88). "A tua ímpia geração, que tanto Sangue Me fez derramar, rejeitar-te-á desdenhosamente; mas, minha Vassula, Eu te manterei, apesar das Impressionantes feridas que irás receber desta geração tão malvada." (14.10.91). Sim, Minha Vassula, tu parecerás derrotada, mas não terei também Eu dado a impressão de um derrotado? [...] Apareci aos olhos do mundo como o maior de todos os derrotados ... Sê firme, Minha Vassula, sê firme como uma rocha ... " (18.1.91).
E exatamente um mês antes da notificação, ou seja, no dia 6 de setembro de 1995, o Pai Eterno a prepara: "O mundo escarrará em ti, mas não mais do que escarraram no Meu Filho. Os traidores cruzarão o teu caminho, mas nenhum deles é maior que Judas. Seguir-te-ão também renegações e rejeições; entretanto, nenhuma delas mais severa que as rejeições e renegações que Meu Filho recebeu. Sem piedade, serás incompreendida por muitos; mas, alegra-te! Não caias no desânimo. Não oponhas resistência, nem tampouco te desvies. Permite que sejas punida, como o Meu próprio Filho, teu Redentor, foi punido, escandalizando todos os seus discípulos. Ordeno-te que fiques insensível aos insultos dos homens e que não respondas, tal como Meu Filho não respondeu, mas ficou silencioso, e, por esses sofrimentos, Eu estabelecerei a Paz. Farei que os teus opressores te oprimam e, quando te vir caída por terra, nos tormentos, espezinhada pelos homens, farei luz na Igreja, dando início a uma renovação no Meu Espírito três vezes Santo, fazendo-a capitular, a fim de que ela seja uma" (voI. 8º, pág. 80).
É importante assinalar que, nessas mensagens, após o anúncio da perseguição seguia-se habitualmente o pedido para que ela perdoasse aos perseguidores e rezasse por eles.
10/10/1995 Pe. Michael O'Carrol, então orientador espiritual de Vassula, escreve aos membros da Associação Verdadeira Vida em Deus dizendo-lhes que estivera com o Papa João Paulo II e lhe falara dela. O Papa, pessoalmente, além de mandar uma bênção para Vassula, sugeriu que ele procurasse o Cardeal Ratzinger levando-lhe um dossiê com os fatos que acompanhavam as mensagens: conversões, curas espirituais, reafervoramentos, sinais e milagres, etc. Pe. Michael pede, portanto, a coleta dos testemunhos e documentos para compor o referido dossiê.
23/24 de outubro de 1995 - Enquanto se preparava o dossiê, sai publicada inesperadamente, no Osservatore Romano, uma notificação, sem assinatura, datada de 6/10/95, alertando os bispos para a existência de erros nas mensagens divulgadas por Vassula, censurando alguns aspectos de suas atividades, apesar de reconhecer o lado positivo delas. O preâmbulo da notificação afirma ter sido feito um "exame atento e sereno de toda a questão". Eis os "erros" que ela censura: a) "fala-se com uma linguagem ambígua das Pessoas da Ssma. Trindade, chegando até a confundir os nomes específicos e as funções (sic!) das Pessoas Divinas; b) o anúncio de "um iminente período de predomínio do Anticristo no seio da Igreja"; c) a profecia, em chave milenarista, de uma intervenção resolutiva e gloriosa de Deus para instaurar sobre a terra, antes ainda da vinda definitiva de Cristo, uma era de paz e de bem-estar universal." d) Anuncia-se, além disso, o futuro próximo de uma Igreja que seria uma espécie de comunidade pancristã, em contraste com a doutrina católica". A seguir, Vassula é censurada por receber habitualmente os sacramentos na Igreja Católica, embora seja greco-ortodoxa, e por suas atividades ecumênicas, que "irritam não poucas autoridades e fiéis da sua própria Igreja" e parecem colocá-Ia "acima de qualquer jurisdição eclesiástica e de todas as regras canônicas".
Comentários - Uma observação preliminar: a notificação saiu por ocasião da 'troca de guarda" na CDF: saía Dom Bovone, pessoalmente hostil às mensagens, o qual deixara a minuta do documento sobre a mesa. Ao assumir o posto de Secretário, Dom Tarcísio Bertone, pensando dar continuidade administrativa aos trabalhos, mandou-a à publicação, sem se comprometer pessoalmente com o caso, tanto que ela foi para o jornal sem as assinaturas dos titulares. Essa circunstância explicaria as imprecisões, ambiguidades e mesmo erros da notificação: ela não teria recebido os "retoques finais" nem percorrido todos os trâmites legais.
Do ponto de vista formal e processual, essa notificação incorreu em graves falhas: a) Não atendeu aos acordos de Balamand, entre as Igrejas Católica e Ortodoxa. b) Tendo em vista as próprias normas canônicas católicas, incorreu numa ilicitude, uma vez que não obedeceu ao prescrito no Cân. 221 ("Os fiéis têm o direito de ser julgados de acordo com as prescrições do direito, a ser aplicados com equidade") e, sobretudo, no cân. 50 ("Antes de baixar um decreto singular, a autoridade colha as necessárias informações e provas e, na medida do possível, ouça aqueles cujos direitos possam ser lesados"). Ora, não houve processo canônico - Vassula soube da notificação pelos jornais. Seu orientador espiritual, o Pe. Dr. Michael O'Carrol não foi ouvido, nem os demais teólogos que a defendiam. Além do mais, a notificação apresenta alguns aspectos nitidamente difamatórios, que poderiam ter sido evitados com o cumprimento do cân. 50, pois as informações estavam bem à mão. (Por essa difamação, Vassula poderia ter exigido uma indenização milionária, como foi aventado por alguns advogados. Mas ela de forma alguma admitiu processar a Igreja, preferindo guardar o silêncio que Jesus lhe recomendou). Lembramos apenas que até o livro dos Atos menciona que nem os romanos antigos condenavam alguém sem primeiro lhe dar a chance de defesa e de confrontar seus acusadores. (At 25,16) E estávamos no séc. XX...
Do ponto de vista do conteúdo, vemos, com surpresa, que os autores da notificação assumiram, por sua conta e risco, as objeções dos detratores das mensagens, que já tinham tido resposta! Essa resposta, estranhamente, foi ignorada.
Os "erros" atribuídos às mensagens constam de "resumos" redigidos pela própria notificação e não trazem textos comprobatórios, nem num desejável apêndice, e podem ser contestados um a um - foi o que fiz, num grosso volume intitulado "Entre a Misericórdia e a Justiça" (853 páginas), com a maciça citação de textos da "Verdadeira Vida em Deus". Por exemplo, no que se refere à Ssma. Trindade, a alegada confusão de “nomes" das Pessoas Divinas parece ter como único fundamento uma passagem em que Vassula, ao sentir Jesus muito paternal em seu amor e suas orientações, chamou-O de "Pai" e afirma que Ele ficou muito feliz com isso. Por aí se vê que a notificação "esqueceu-se" de censurar também o Profeta Isaías, que anunciou Jesus como o "Pai para sempre" (9,6), ou o Evangelho de S. João, no qual Jesus chama seus discípulos de "filhinhos" (13,33), e no qual afirma: "Eu e o Pai somos um" e "Quem Me vê, vê o Pai." (14,19). Portanto, se Jesus é a imagem perfeita do Pai, deve de alguma forma ser também imagem de sua mesma Paternidade I (Falha hermenêutica mais grave foi ignorar o gênero coloquial e amoroso do episódio).
Na impossibilidade de fazer aqui a demonstração completa, item por item, da inconsistência desses supostos "erros" atribuídos às mensagens, permito-me citar as páginas do meu livro em que essas censuras são analisadas: a) teologia trinitária: págs. 169 a 263; b) a questão do Anticristo: págs. 579 a 675; c) sobre o milenarismo: págs. 769 a 799; ecumenismo: págs 531 a 579. (Mas, melhor ainda seria ler as respostas da própria Vassula à CDF, no diálogo que, finalmente, manteve com ela).
No entanto, e a título de exemplo, para que os leitores percebam até onde pode ir à inconsistência dessas censuras, consideremos uma das afirmativas da notificação: a de que Vassula anuncia o advento, "em futuro próximo, de uma Igreja que seria uma espécie de comunidade pancristã, em contraste com a doutrina católica". Quem lê uma frase assim deve imaginar que as mensagens preguem algum tipo de ecumenismo indistinto, irênico e sincretista, passando por cima das reivindicações doutrinárias católicas. Citemos então alguns textos (e são muito mais numerosos) da VVD:
"Regressai todos a Pedro (o Papa), porque fui Eu que o escolhi" (voI.2, pág.229);
"Honrai a Minha Mãe como Eu, que sou o Verbo e estou acima de tudo, a honro.[...] Boa parte dos meus discípulos isolaram-se completamente sob o nome de Lutero. Eles devem regressar a Pedro." [...] Vassula, Eu próprio os porei de joelhos, a fim de que venerem a Minha Mãe"[...] Esperei anos para que eles mudassem." (voI. 2, pág.223).
Eu, o Senhor, não quero divisão alguma na Minha Igreja. Por meu amor vos unireis, e sob o Meu Nome, vós Me amareis. Segui-Me e sede Minhas testemunhas. Amar-vos-eis uns aos outros como Eu vos amo. Unir-vos-eis e sereis um só rebanho sob um só pastor. Como todos vós sabeis, escolhi Pedro, dando-lhe autoridade. Como todos vós sabeis, Eu Mesmo lhe dei as chaves do Reino dos Céus. Pedi a Pedro que alimentasse os Meus cordeiros e as Minhas ovelhas e que cuidasse deles. Essa autoridade foi dada por Mim. Não desejei que mudásseis a Minha Vontade." (2º vol., pág.154).
"Meus bem-amados ... rezai para que o Meu Rebanho seja um só, como o Pai e Eu somos Um e o Mesmo. Rezai, a fim de que os Meus cordeiros regressem a um só Redil, sob a orientação de Pedro, até ao Meu Regresso." (3º vol., pág. 34).
"Rezai pelas ovelhas que não estão sob a direção de Pedro, a fim de que regressem a Pedro e se reconciliem; rezai, a fim de que haja um só Rebanho e um só Pastor. [ ... ] Rezai, a fim de que Me possais louvar à volta de um só Sacrário Santo. Uni-vos, meus bem-amados, e sede todos um só, como Meu Pai e Eu somos Um e o Mesmo. Abençôo-vos a todos, do fundo do Meu Coração" (2º voI. pág. 370).
"Pedro do Meu Coração, Pedro dos Meus cordeiros - pois é o nome santo que lhe dei: Pedro dos Meus cordeiros - mas os Cains o destronaram, roubando-lhe a Coroa, com a qual Eu Mesmo o havia honrado. Eu, o Senhor, amo-o, porque este é o bem-amado de Minha Alma. Eu próprio lhe restituirei essa coroa roubada. Eu arruinarei esses falsos reinos que têm perturbado o Meu Corpo (as seitas), reinos flutuantes, sem raízes. Destruirei esses falsos reinos e erguerei Meu verdadeiro Reino como uma Chama na Minha Luz. Devolverei inteiramente a sede a Pedro, colocá-lo-ei sobre o trono e porei nas suas mãos um cetro de ferro, com o qual lhe darei o poder de reinar como pastor. Reunirei os Meus cordeiros dispersos. E quando tiver feito isto, rodearei o Meu Redil com os Meus Braços, e ninguém, ninguém mesmo, nem o próprio Maligno, poderá fazer sair um só cordeiro deste Redil." (vol.2º, pág, 202).
"Será por vossa conversão, que o vosso coração Me ouvirá e levará a Minha Igreja a ser uma, unindo o Meu Corpo." Será pelo esplendor da Verdade que espargireis de novo o perfume e fareis que cada um se reconheça como parte de um só corpo" (vol 8º, pág 48s).
"Ó Pedro' Vem, pega na Minha Mão, e Eu próprio te guiarei. Ouve o Meu Grito, reúne os teus irmãos do Oriente na Minha Fundação. Conduze-os a Mim! Ó, quanto desejo esta unidade!" (vol. 2º, pág. 182).
Basta! Dos poucos exemplos citados podemos concluir que a união dos cristãos, cumprindo o desejo de Jesus na Última Ceia (haverá um só Rebanho e um só Pastor...) dar-se-á: a) sob a direção de Pedro (o Papa) e, portanto, sob o seu magistério; b) no fundamento da Verdade; c) pela conversão e regresso de protestantes e orientais a Pedro; d) em torno da Eucaristia retamente compreendida (um só Sacrário Santo...); e) em torno do culto a Maria; f) pela extirpação das seitas que atualmente nos dividem.
Diante disso, desafio a quem quer que seja a provar que esses ensinamentos pregam "uma comunidade pancristã contrária `a doutrina católica! ”
Concluindo esta parte...
Por essas amostras, os leitores poderão verificar, pessoalmente, as coisas muito estranhas que têm acontecido com relação a Vassula. Mas não queria concluir sem citar uma lei constante, desde que algumas autoridades têm tentado condenar as Mensagens: a ironia divina permite que, em cada documento apareçam erros e verdadeiras trapalhadas, como a demonstrar a inanidade de nos rebelarmos contra o Seu Espírito Santo. Já mostramos isso analisando a carta do Cardeal Levada. (Boletim VVD, nº 33).
No que diz respeito à notificação de outubro de 1995, ela acusa Vassula de se colocar acima de todas as normas canônicas. E quem é mesmo que desrespeitou todas as normas canônicas na censura pública e na execração a que expôs a mensageira do Senhor, sem o devido processo?... Quem se colocou, ainda, acima das normas canônicas (Cân. 844·3º) ao censurá-Ia por receber eventualmente (e não "habitualmente", como afirmava a notificação) os sacramentos católicos? (Sem falar que também se colocou acima de outras diretrizes de nível hierárquico superior a uma "notificação”: Vat. II (UR nº 15; Decreto Orientalium Ecclesiarum. nº 26); encíclica Ut Unum Sint, nºs 46, 58, etc.). Mais grave ainda: tentando filtrar mosquitos para encontrar supostos erros quanto à teologia trinitária nas mensagens, os autores da notificação querem fazer-nos engolir seu próprio e vistoso "camelo", pois falam de "funções" das Pessoas Divinas... (Na teologia trinitária tratamos de "processões", de "relações'·, "atribuições" e "missões", etc. Mas o conceito de "função" não se aplica às Pessoas Divinas...). E isto, num documento da Congregação para a Doutrina da Fé ... Outra trapalhada exemplar: à procura de motivos de censura, a notificação estranha a atividade ecumênica de Vassula por "irritar" o clero e os fiéis da Igreja Ortodoxa... Vejamos o surrealismo: a notificação "toma as dores" dos Ortodoxos que se irritam com Vassula porque ela... prega o retorno a "Pedro" - o que eles não querem nem ouvir! E a censura retorna, então, em bumerangue: será que a CDF deseja, com isso, uma comunidade pancristã, contrária à doutrina católica?! ... (No caso: sem a obrigação de retorno a "Pedro").
30/10/1995 – A dor do Papa – A revista espanhola Maria Mensageira informa: “A notificação contra Vassula Rydén causou uma grande tristeza e dor ao Santo Padre João Paulo II. Ele mesmo informou isto a um sacerdote italiano, na manhã do dia 30 de outubro p.p., poucos dias depois de ter sido ela publicada.” (Apud Atualizando Medjugorje, nº 96, março de 1996).
10/05/1996 – Palavras do Cardeal Ratzinger em Guadalajara, México. Ao receber um grupo de leitores das mensagens de Verdadeira Vida em Deus, que lhe narraram o bem que lhes causaram esses textos, e que pediam uma diretriz, tendo em vista a notificação, o Cardeal lhes declarou: “Podeis continuar a promover os escritos de Vassula, sempre com discernimento. ‘Não extingais o Espírito, não desprezeis as profecias. Examinai tudo e ficai com o que é bom’” (1 Tes 5, 19-21).
Comentário – A notificação pedia que não se desse espaço à divulgação das mensagens. Agora, o Cardeal autoriza essa divulgação e ainda coloca a VVD na categoria de profecias, citando o texto de S. Paulo.
16/08/96 - João Paulo II abençoa os grupos espirituais da "Verdadeira Vida em Deus" – O Osservatore Romano dessa data (edição espanhola), publica uma bênção do Papa ao receber grupos teresianos e grupos da Verdadeira Vida em Deus da Espanha: "Cordialmente, saúdo as pessoas de idioma espanhol aqui presentes, especialmente [...] os grupos espirituais da "Verdadeira Vida em Deus". [...] Que a sua generosa resposta a Deus possa ser o testemunho do amor de Deus no mundo. Concedo-lhes com afeição a Bênção Apostólica".
Comentário: Uma pergunta: o Papa iria abençoar uma associação que difundisse erros? (Aliás, com eterna gratidão os leitores das mensagens registram que todas as manifestações pessoais de João Paulo II foram no mínimo amistosas - quando não de discreto estímulo – a Vassula e seus escritos. Foi o que ele pôde fazer, diplomaticamente, para também não desautorizar seus colaboradores. Algo semelhante registramos com as manifestações do Cardeal Ratzinger (Bento XVI) sempre que abordou o caso a título pessoal - pois ele, igualmente, diante do fato consumado da publicação da notificação, não podia desmoralizar seus auxiliares...).
29/11/1996 - Contra-ataque da CDF - Como as declarações anteriores do Cardeal Ratzinger pareciam limitar muito o alcance da notificação, a Congregação publicou um Comunicado sobre revelações privadas, afirmando que a notificação estava em pleno vigor e seria posteriormente publicada nas atas oficiais da Sé Apostólica, já agora com as assinaturas do Prefeito e do Secretário da Congregação (o que ocorreu em 5/12/1996 - mais de um ano após a publicação "anônima").
Comentário - Mas o comunicado não desmentiu as declarações de Guadalajara... Pretendeu apenas apresentar algumas "precisões" para dissipar mal-entendidos.
14/02/1998 - João Paulo II manda uma bênção para Vassula - Ao receber das mãos do teólogo dinamarquês Niels Christian Hvidt o 11º volume da VVD em francês, com uma dedicatória de Vassula, o Papa exclamou: "Ah, Vassula!" E acrescentou: "Que Deus a abençoe"! em alemão (Gott segne sie).
Janeiro de 1999 – Palavras esclarecedoras do Cardeal Ratzinger - A revista 30 Dias de janeiro de 1999 publica uma esclarecedora entrevista do Cardeal Ratzinger, concedida a Niels Christian Hvidt, sobre a profecia na Igreja. Quando o entrevistador mencionou o caso Vassula, dizendo que alguns comentaristas interpretaram a notificação de 1995 como uma "condenação", o Cardeal contesta:
"Não, a notificação é uma advertência, não uma condenação. Do ponto de vista processual ninguém pode ser condenado sem ter sido ouvido e sem que, primeiro, se tenha organizado um processo. O que se diz no referido documento é que muitas coisas não estão claras. Existem elementos apocalípticos discutíveis e aspectos eclesiológicos não esclarecidos. “
Hvidl: Então está sendo organizado um processo para esclarecer a questão?
Ratzinger: Sim, e enquanto durar esse processo de clarificação os fiéis devem ser prudentes e manter vivo o espírito de discernimento". (Cito apenas os textos mais expressivos).
Comentário - Valiosíssima entrevista. O Prefeito da CDF dá uma interpretação autorizada: a notificação não foi uma "condenação" de Vassula, mas uma advertência prudencial, até que as coisas ficassem melhor esclarecidas. Além disso, ele deu razão aos críticos da notificação, que mencionavam a falta de um processo canônico que a embasasse. Ao mesmo tempo, desautorizou o preâmbulo daquele documento, que falava em "exame atento e sereno de toda a questão". Tão "sereno" que só ouviu um dos lados, e tão "total" que dispensou os procedimentos canônicos habituais ... O que espanta é que esse processo só teve início cinco anos depois de as "advertências" terem sido lançadas aos quatro ventos... Destaque-se, ainda, que o Cardeal já não fala em "erros" dos escritos, mas apenas em elementos discutíveis ou não totalmente claros...
Outra observação importantíssima é a de que os fiéis devem manter vivo o espírito de discernimento enquanto durar esse processo de clarificação. Ora, alguns anos depois o mesmo Cardeal irá escrever que Vassula prestou "úteis esclarecimentos" sobre as dúvidas que haviam sido levantadas na notificação...
04/04/2002 - A Congregação para a Doutrina da Fé escreve a Vassula - Finalmente, a CDF atendeu ao pedido da própria Vassula, em carta de 6/7/2000, e, nove meses depois, dirige-se a ela, em carta assinada pelo Pe. Prospero Grech, OSA, Conselheiro da Congregação e encarregado dos contactos com a Sra. Rydén. Lembra que ela é ortodoxa, mas que muitos católicos são seguidores da VVD e, portanto, "têm o direito de saber onde se situam quanto às questões de doutrina e de prática abordadas em seus escritos". Depois, prossegue, num texto francamente elogioso: "Temos também consciência de suas obras de caridade, de seus esforços para levar todos os cristãos à união com o Bispo de Roma, de sua grande devoção à Santa Virgem Maria, de sua apresentação de Deus como um Deus de Amor, mesmo aos não-cristãos, e de sua oposição ao racionalismo e à corrupção entre os cristãos." A seguir, a carta apresenta a ela cinco questões sobre os assuntos abordados na notificação: qual o 'status' da 'revelação' que Vassula diz receber; como ela vê o futuro da união cristã e por que frequenta os sacramentos na Igreja Católica; explicações sobre a terminologia relativa às pessoas da Ssma. Trindade; o lugar do 'Novo Pentecostes' na história da salvação, em relação com a parusia e a ressurreição dos mortos."
Comentário - Os "aspectos positivos" dos escritos e das atividades de Vassula são agora francamente reconhecidos e citados. Digno de nota é que o Pe. Próspero Grech escreve. a certa altura da carta: "por isso mesmo (isto é, por exortar os ortodoxos a reconhecerem o Papa) infelizmente não é acolhida em certos países de sua própria confissão." Lembram-se? A notificação censurava Vassula por 'irritar' os membros da sua própria Igreja. Aqui, ao contrário, escrevendo em nome da CDF, o Pe. Grech lamenta que esses ortodoxos não acolham as exortações da Sra. Rydén... Censurava também as atividades ecumênicas de Vassula: agora, a Congregação as reconhece e elogia ("seus esforços para levar todos os cristãos à união com o Bispo de Roma").
26/06/2002 - Vassula, depois de muitas reuniões com a CDF, formaliza suas respostas – Em extensa carta, ela esclarece as questões levantadas e se dispõe, ainda, a continuar o diálogo, caso venham a surgir novas dúvidas.
30/03/2003 - Vassula escreve aos membros da Associação Verdadeira Vida em Deus comunicando-lhes que a sua carta, agradou à CDF., depois de devidamente analisada. E que, por isso, o Cardeal Ratzinger solicita que ela seja publicada nos volumes da VVD. "Espero que a publicação deste documento sirva ao diálogo da verdade e do amor", concluiu ela.
10/07/2004 - Carta do Cardeal Ratzinger a alguns Presidentes de Conferências Episcopais - (com cópia para Vassula e autorização para publicação). Nesta correspondência, S. Emª afirma que, posteriormente à notificação, "houve um minucioso diálogo, ao fim do qual a referida Vassula Rydén em carta posteriormente publicada no último volume de True Life in God, forneceu úteis esclarecimentos a respeito de sua situação conjugal, bem como sobre algumas dificuldades que, na citada notificação, haviam sido levantadas em relação aos seus escritos e à sua participação nos sacramentos." A seguir, no que diz respeito à participação dos fiéis católicos "nos grupos de oração de caráter ecumênico organizados pela Sra. Rydén," eles são convidados a "seguir as disposições dos Bispos diocesanos."
Comentário - O que essa carta nos diz é que todas as dúvidas e ou restrições levantadas na notificação, sobre doutrina, atividades e comportamento da mensageira foram esclarecidas. O Cardeal não menciona nenhuma questão pendente de clarificação. Inclusive os fiéis podem participar dos grupos ecumênicos, se não houver oposição dos Bispos locais. A grande lacuna posterior é que não se tomou a medida sequencial e lógica: a revogação pura e simples da notificação (pois, se ela se baseava em pontos duvidosos e pouco claros das mensagens, e esses pontos foram satisfatoriamente esclarecidos, é inadmissível a um raciocínio coerente e honesto que ela se mantenha em vigor! Dizer que ela não foi revogada por causa da parte que considerava as mensagens como "meditações pessoais" é fazer pouco caso da inteligência dos fiéis que conhecem a doutrina da Igreja sobre "revelações particulares": elas não exigem "fé divina" e, portanto, não são objeto de fé obrigatória. Cada um é livre de acreditar ou não). Aliás, hoje sabemos que o Cardeal Ratzinger pensou em revogar a notificação, mas encontrou resistência das "forças ocultas" e preferiu, diplomaticamente, não enfrentá-Ias. Por isso, adotou o caminho algo sinuoso da carta e sua divulgação, que, para os bons entendedores, equivaleria a uma revogação.
25/01/2007 - Carta pessoal do Cardeal William Levada, novo Prefeito da CDF - Nesta carta que pretende dar orientação adicional aos Bispos, em virtude de dúvidas remanescentes, o Cardeal afirma que a notificação conserva seu valor como Julgamento doutrinal, lembra que Vassula manteve um diálogo com a CDF, esclarecendo alguns aspectos que tinham sido levantados na notificação e que, portanto, pode ser permitida a divulgação das mensagens desde que prudencialmente, os Bispos se assegurem de que esses esclarecimentos de Vassula sejam conhecidos. Termina dizendo, sem justificar a razão, que continua inoportuna a participação dos católicos nos grupos de oração ecumênicos organizados por Vassula.
Comentário: Já analisamos essa nova carta no Boletim de setembro/ 2007, onde mostramos seu lado positivo e também suas inconsistências, erros factuais e até uma afirmativa falsa que ela, lamentavelmente, contém. Só não analisamos ainda a razão de o Cardeal julgar inoportuna a participação dos fiéis nos grupos de oração ecumênicos da VVD. (o que não atinge nossos grupos comuns, de católicos, da VVD). Ele afirma que, quanto a isso, os fiéis devem ater-se às diretrizes do Diretório Ecumênico e do Direito Canônico (do qual cita, especificamente, os cânones 215, 223 § 2' e 383, § 3'). Demos graças a Deus! Depois de a CDF passar "por cima das normas canônicas" ao publicar a notificação, o Cardeal finalmente se lembra de que temos um Direito Canônico! Vamos, então, conferir as citações que ele faz:
Cân. 215: (garante o direito de livre associação e de reunião!). "Os fiéis têm o direito de fundar e dirigir livremente associações para fins de caridade e piedade, ou para favorecer a vocação cristã no mundo, e de se reunir para a consecução comum dessas finalidades."
Cân. 223: § 2' "Compete à autoridade eclesiástica, em vista do bem comum, regular o exercício dos direitos que são próprios dos fiéis". Comenta o canonista, Pe. Jesus Hortal, SJ: essa faculdade de regulamentar não é arbitrária. Além disso, a mesma autoridade não pode suprimir, mas apenas regulamentar o uso dos direitos dos fiéis (grifo meu).
Cân. 383 § 3': "Proceda (o Bispo diocesano) com humanidade e caridade em relação aos que não estão em plena comunhão com a Igreja católica, incentivando também o ecumenismo, como é entendido pela Igreja."
Pergunto: é preciso grande inteligência para perceber que tais cânones, na realidade, e ao contrário da restrição pretendida na carta do Cardeal, dão cobertura aos fiéis que se associam para rezar ecumenicamente pela união dos cristãos?
Outras perguntas que ficam no ar:
a) Se nossos bispos promovem reuniões de oração e de culto com pastores e membros de outras denominações cristãs, todos os anos, para orar pela unidade, não podemos imitá-los? Será que eles estão dando mau exemplo?
b) Os Bispos não deveriam cumprir o cân. 755: "Compete, em primeiro lugar, a todo o Colégio dos Bispos e à Sé apostólica incentivar e dirigir entre os católicos o movimento ecumênico, cuja finalidade é favorecer o restabelecimento da unidade entre todos os cristãos, a cuja promoção a Igreja está obrigada, por vontade de Cristo"? E como fica a orientação da encíclica Ut Unum Sint, de João Paulo II: "Esta conversão e esta santidade de vida, juntamente com as orações particulares e públicas pela unidade dos cristãos devem ser tidas como a alma de todo o movimento ecumênico" (nº 21)? E ainda: "Quando os irmãos que não estão em perfeita comunhão entre si, reúnem-se em comum para rezar. esta sua oração é definida pelo Concílio Vaticano II como a alma de todo o movimento ecumênico, Essa oração comum é 'um meio eficaz para impetrar a unidade', 'uma genuína manifestação dos vínculos pelos quais ainda estão unidos os católicos com os irmãos separados'. (Nº 21 - cf. também os n's 22 a 28 da mesma Encíclica).
Concluindo: havendo óbvio conflito de orientações, iremos obedecer aos ensinamentos do Concílio, do Direito Canônico, do Magistério Papal ou à carta de um Cardeal? Desde quando passou a ser inoportuno "reunirmo-nos para orar pela unidade dos cristãos?"
Maio de 2007 - Carta do Pe. Prospero Grech, OSA, a Vassula - Pe. Prospero, recordamos, foi o perito que contactou Vassula em nome da CDF. Consultado por ela, a respeito da nova manifestação por parte do Cardeal Levada, respondeu que, depois do diálogo havido, julgava que "o assunto estava encerrado e não viria mais à tona".
Comentário - Sem comentários...
Queremos encerrar essas considerações com palavras do Senhor nas mensagens:
"Não sejais como aqueles que parecem querer falar de união, mas empunham a espada contra os que a praticam" (vol. 4º, pág. 328). E ainda: "Vós falais de União e de Paz; mas, apesar disso, impedis aqueles que as põem em prática. Ora, Deus não pode ser enganado, e vossos argumentos não O convencem. O Reino de Deus não é feito apenas de palavras nos lábios" (vol. 4º, pág. 285).
Apêndice:
A CARTA DO CARDEAL LEVADA, DA CDF:
AUTORIZADA DIFUSÃO DAS MENSAGENS DA VVD
No dia 25 de janeiro de 2007, o Cardeal William Levada, atual Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, dirigiu uma carta aos Presidentes das Conferências Episcopais, para atender “aos pedidos de esclarecimentos sobre os escritos e atividades da Sra Vassula Rydén [...] que se referem, em particular, ao valor da Notificação de 6 de outubro de 1995 e aos critérios que as Igrejas locais devem levar em consideração para julgar se os escritos da Sra Vassula Rydén podem ser adequadamente difundidos” (grifo nosso)
Infelizmente, “sites” católicos divulgaram essa carta na Internet tirando-a totalmente do contexto, dando-lhe em consequência, uma interpretação esdrúxula, como se Vassula e as Mensagens estivessem sendo condenadas”!
Vamos, pois, situá-la no devido contexto:
1. Em 6 de outubro de 1995, a Congregação publicou uma "Notificação" a propósito dos escritos de Vassula e de suas atividades ecumênicas, apontando, genericamente (isto é, sem citar as passagens comprobatórias) possíveis erros doutrinários presentes nessas Mensagens, e convidando os Bispos a não darem espaço à sua divulgação. (Diga-se, de passagem, que fez isso à revelia das normas canônicas da própria Igreja, as quais exigiriam que Vassula fosse previamente ouvida, dando-se a ela a oportunidade de prestar seus esclarecimentos (cânones 50, 221...). Segundo os canonistas, essa falta de procedimentos, sem tirar a validade da Notificação, que provinha da autoridade competente, tornou-a pelo menos ilícita).
2. Interpretando o significado desse documento da CDF – uma advertência prudencial que muitos, “inimigos” das Mensagens ou desconhecedores de seu teor, interpretaram como uma "condenação" -, o Cardeal Ratzinger, então Prefeito da Congregação, de forma autorizada, numa entrevista concedida à revista internacional 30 Dias, em 16/3/98, publicada na edição de janeiro de 1999, em vários idiomas, esclareceu o significado e o alcance de tal “Notificação:
“A Notificação é apenas um aviso; não uma condenação. Sob o ponto de vista jurídico, ninguém pode ser condenado sem ter sido ouvido e sem que, primeiro, tenha sido organizado um processo sobre o assunto. O que diz o documento é que, nos escritos em questão, muitas coisas estão ainda por esclarecer. ”
Perguntado então se esse processo seria finalmente iniciado, o Cardeal Ratzinger respondeu:
“Sim. E enquanto esse processo estiver em curso, os fiéis se mantenham prudentes e vigilantes, num espírito de discernimento. ”
3. Mas foi Vassula, cansada de esperar, que solicitou pessoalmente à CDF que lhe fosse dada a oportunidade de esclarecer as dúvidas – o que foi aceito.
4. O resultado do “minucioso diálogo” que se seguiu (a expressão é do próprio Cardeal Ratzinger) foi que, em resposta aos quesitos que lhe foram apresentados pela CDF, Vassula escreveu uma longa carta, cujo teor agradou aos peritos da Congregação e ao seu Prefeito. Para encerrar o assunto, o Cardeal pediu que essa carta fosse publicada junto com os textos da VVD. E tendo consultado bispos e cardeais sobre a conveniência de revogar a Notificação, encontrou oposição por parte dos Presidentes de 5 Conferências Episcopais. A eles, escreveu o Cardeal Ratzinger, com cópia para Vassula e autorização para divulgação, uma carta informando que “a referida Vassula Rydén forneceu úteis esclarecimentos a respeito de sua situação conjugal, bom como sobre seus escritos e a sua participação nos sacramentos. Tendo em vista que no país de V.Exma./V.Exa. Revma. Houve uma certa difusão dos escritos em questão, este Dicastério considerou útil informar-lhe o exposto acima. Ao mesmo tempo, será necessário convidar os fiéis católicos, com relação à participação nos grupos de oração de caráter ecumênico organizados pela Sra Rydén, a seguir as disposições dos bispos diocesanos. ” (Cidade do Vaticano, 10/07/2004).
5. Esse último parágrafo significava, por conseguinte:
a) À luz das explicações de Vassula, a CDF não tinha mais objeções às mensagens (ou seja, elas poderiam ser lidas e difundidas entre os fiéis, juntamente com os esclarecimentos apresentados).
b) Com relação à participação dos católicos nos grupos ecumênicos organizados por Vassula (ou seja, aquelas reuniões internacionais e peregrinações que reúnem católicos ortodoxos, protestantes e até judeus, budistas e muçulmanos sensibilizados pelas Mensagens), a decisão de autorizá-la ou não ficava a critério dos bispos diocesanos.
6. Ora, parece que essa correspondência, tão clara, não eliminou todas as dúvidas, sobretudo porque não houve uma revogação explícita da Notificação (revogação que o Cardeal Ratzinger pensou em fazer – como o sabemos hoje de fonte segura – tendo desistido por causa de certas resistências de “bastidores”...) A carta do Cardeal Levada pretende, então apresentar orientações adicionais (e, convenhamos, fê-lo de forma tão confusa que acabou dando ocasião às mais diversas interpretações).
7. Voltemos então à carta do atual Prefeito da CDF (de 25 de janeiro de 2007), mas só recentemente divulgada). No que diz respeito aos “critérios que as Igrejas locais devem levar em consideração para saber se os escritos da Sra. V. Rydén podem ser adequadamente difundidos", tal carta é francamente positiva para nós, da VVD:
"Depois dos esclarecimentos mencionados acima (os prestados por Vassula à CDF), convém efetuar uma avaliação prudente, caso a caso, tendo em conta as possibilidades concretas que possam ter os fiéis de ler esses escritos à luz dos citados esclarecimentos." Ou seja: os bispos podem autorizar a difusão das Mensagens, assegurando-se, previamente, de que as respostas de Vassula às dúvidas apresentadas sejam simultaneamente conhecidas. Estamos, portanto, muito longe da Notificação que, à sua época, convidava os bispos a não darem espaço à divulgação oficial desses escritos em suas dioceses. (Nós, da VVD, facilitamos as coisas: esses esclarecimentos constam hoje no primeiro e no último volume da série, o XII).
8. Com relação à validade da Notificação de 1995, a carta do Cardeal Levada mais confunde que esclarece - o que exigirá, portanto, um esforço especial de compreensão e de interpretação. Eis o que ela afirma: "A Notificação de 1995 continua válida como julgamento doutrinal sobre os escritos examinados."
8.1. A primeira e descuidada interpretação é a de que a Notificação permaneceria válida porque, do ponto de vista doutrinal, os escritos de VR conteriam "erros". Quase todos embarcaram nessa interpretação e, com especial açodamento e "alegria", os adversários das Mensagens (as quais, como Jesus, se converteram em "sinal de contradição"). Mas é uma interpretação inadmissível pelos seguintes motivos:
a) Contraria frontalmente a citada carta do Cardeal Joseph Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, e com quem trabalhou o Cardeal Levada, a qual atesta terem sido esclarecidas as dúvidas doutrinais que a CDF apresentou a Vassula.
b) Nesse caso, a carta atual faria "tábua rasa" de todo o processo de "minucioso diálogo" entre Vassula e a CDF, como se nada tivesse acontecido durante esse longo processo, e sem levar em consideração o trabalho anterior da própria Congregação, que seria destruído numa simples penada.
c) Mais importante que tudo, essa interpretação faria da própria carta do Cardeal Levada uma peça autocontraditória, uma vez que nos parágrafos seguintes ela menciona os esclarecimentos prestados por Vassula, à cuja luz os Bispos podem autorizar a difusão das Mensagens. Essa autorização seria incompreensível se elas, de fato, contivessem "erros" não esclarecidos!
8.2. Alguns pensaram, então, que a Notificação permaneceria válida na parte que avalia as Mensagens como "meditações pessoais" e não como revelações do Senhor. Contra essa interpretação, porém, está a clara afirmação de que ela é válida "como julgamento doutrinário" dos escritos examinados.
8.3. Por eliminação, chegamos, assim, à única interpretação plausível, dentro do contexto todo das relações de Vassula com a CDF, conforme mostramos, e única maneira de não fazer dessa carta uma peça contraditória, que se anula a si mesma: trata-se da interpretação de que a Notificação teve validade, no seu momento, como advertência sobre pontos doutrinais duvidosos - a juízo da Congregação - e que, como tal, continua válida para aqueles que desconhecem as explicações dadas por Vassula Rydén.
8.4. Esclarecido esse ponto, chegamos à conclusão da carta, que declara: "continua sendo inoportuna (segundo a versão oficial francesa; a inglesa e a espanhola falam em "não apropriada") a participação de católicos nos grupos de oração organizados pela Sra. Rydén (a versão oficial espanhola precisa: pela própria - 'misma' - Sra. Rydén).
Observemos que, além de uma restrição, sugerida com o adjetivo "inoportuna", em relação à carta anteriormente citada do Cardeal Ratzinger, que deixava o caso, simplesmente, por conta da decisão dos Ordinários locais, os leitores e divulgadores apressados mais uma vez trocaram os pés pelas mãos, julgando que o Cardeal Levada desaconselhava a participação de católicos nos grupos comuns da VVD (aliás, aqui no Brasil, desconheço a existência de grupos propriamente ecumênicos da VVD). Por que tal interpretação é errônea?
a) A carta esclarece que se trata dos grupos organizados pela própria Vassula, a saber, aqueles que mencionamos acima, na alínea "b" do item nº 5);
b) A participação de católicos especificamente nesses agrupamentos ecumênicos já tinha sido deixada a cargo da decisão dos Bispos diocesanos pela carta do Cardeal Ratzinger.
c) A carta do Cardeal Levada, ao sugerir a "inoportunidade" de participação dos fiéis menciona expressamente, a título de explicação: "Em relação aos encontros ecumênicos os fiéis devem ater-se às normas do Diretório Ecumênico, do Código de Direito Canônico e dos Ordinários diocesanos" (portanto, mesmo nesses grupos ecumênicos os católicos podem participar, desde que atendidas essas normas ou condições).
d) Interpretar que seria desaconselhável a participação de católicos em grupos comuns de oração (para invocar o Espírito Santo, consagrar-nos aos Dois Corações de Jesus e Maria, rezar o Rosário, meditar a Palavra de Deus, ler uma Mensagem da VVD, rezar pela conversão do mundo e pelas necessidades da Igreja e dos fiéis, como fazemos) seria abusivo, pois iria contrariar as normas do Código de Direito Canônico que asseguram o direito de associação e de reunião (Câns. 215, 223,298...).
(Caberia perguntar: e por que D. Levada ainda julga inoportuna a participação dos católicos nas reuniões ecumênicas - a não ser quando obedecidas as normas citadas? Presumo que a Congregação deseja manter certo controle sobre atividades ecumênicas, pelo menos no que diz respeito aos católicos).
9. Até aqui procurei a interpretação correta e contextualizada da carta do atual Prefeito da CDF. Para uma avaliação crítica da mesma, remeto os leitores para o artigo Vassula x Roma. Mas não posso terminar sem antes apontar uma afirmação falsa e três erros factuais contidos na referida carta, que acabam, infelizmente, por permitir questionamentos a essas orientações.
9.1. Erros factuais
a) A carta afirma que Vassula "ofereceu esclarecimentos sobre alguns pontos problemáticos de seus escritos." A verdade é que ela ofereceu esclarecimentos sobre todas as questões levantadas pela CDF. E ainda por cima ela escreveu, na carta em que pôs termo a essas dúvidas: "(Agradeço-lhes) o terem-me concedido esta ocasião de explicar a minha obra." Em seguida, colocou-se à disposição para "responder, de forma oral ou escrita, a todas as demais questões ou problemas que possam apresentar. "Ora, a Congregação não apresentou nenhuma outra dúvida adicional. Pelo contrário, o Pe. Próspero Grech, OSA, perito da CDF que intermediou os contactos com Vassula, escreveu recentemente a ela, depois da carta do Cardeal Levada: "Eu pensei que a questão estava encerrada e que não viria à tona de novo" (I thought the matter was closed and would not turn up again).
b) A carta afirma que as explicações de Vassula foram publicadas no X volume da VVD. Errado: foram publicadas no XII e último volume e, posteriormente, no I volume. Parece um simples detalhe, mas poderia desencaminhar algum eventual interessado em conhecer essas explicações, o qual, não as encontrando no volume indicado, ainda poderia desconfiar que Vassula estaria burlando a CDF ...
c) O Cardeal Levada diz que a carta esclarecedora de Vassula foi escrita no dia 4/4/2002. Outro erro, pois a data correta é 26/6/2002.
9.2. Uma afirmativa falsa!
O pior de tudo, porém, é a seguinte afirmativa falsa, que induz ao erro sobre um ponto capital das Mensagens: "A Sra. Vassula Rydén, entretanto, depois do diálogo com a Congregação para a Doutrina da Fé, ofereceu esclarecimentos sobre alguns pontos problemáticos de seus escritos e sobre a natureza de suas mensagens, que se apresentam não como revelações divinas, mas antes como meditações pessoais. "Se não entendemos mal, o Cardeal atribui a Vassula o que, talvez, seja a opinião dele.
Ora, respeitamos nossas autoridades legítimas e procuramos obedecer a suas orientações que não venham a colidir com uma norma superior - do Magistério, do Código de Direito Canônico, etc. - ou com a verdade; mas como os filhos da Luz podem compactuar com o erro e o engano? Vamos "fazer ginásticas" para desculpar os citados erros, alegando que o Cardeal Levada é novato no cargo, talvez não tenha tido tempo de se informar dos detalhes, etc.? Mas o diálogo foi travado entre o Dicastério dele e Vassula; é fato recente; todos os documentos estão ali arquivados: era só consultar, ou se informar, por exemplo, com o Cardeal Bertone, com o Pe Próspero Grech ou com o próprio Papa.... Como não pensar numa certa leviandade e pouco caso no trato de questões tão sérias?
Se o leitor pensa que estamos sendo severos, que julgue por si mesmo, com relação a essa afirmação falsa. Apresentamos, a título de exemplo, algumas expressões da carta de Vassula à CDF, tantas vezes citada (a numeração das páginas corresponde às da tradução portuguesa, publicada pela Associação AVVD do Brasil e enviada a todos os nossos Bispos).
Depois de reconhecer a distinção entre “revelações privadas” e a “Revelação pública” (que ela escreve respectivamente com minúscula e maiúscula), Vassula passa a esclarecer como recebe essas revelações:
“As palavras ou instruções divinas dadas para Me instruir não são dadas como um ensinamento escolar” [...] “as palavras ou instruções divinas são dadas num tal intervalo de tempo e gravadas no espírito de forma tal que se torna difícil esquecê-las. ” (pág. 16).
“O segundo modo por meio do qual recebo as palavras de Deus é como uma luz de compreensão em meu intelecto, sem emissão de fala. É como se Deus transmitisse o Seu Pensamento ao meu” (pág. 16).
“Por que o Senhor escolheu essa forma especial de escrever as Mensagens...” (pág. 16)
“Como diz o Senhor numa de suas mensagens...” (pág. 17).
“O Sr. me pergunta: ‘Por que a Sra empreende essa missão?’ – a minha resposta é: porque fui chamada por Deus, conforme acreditei, e correspondi...” (pág. 17).
“Eis uma passagem em que a Virgem Maria fala...” (pág. 19).
“Na mesma Mensagem, Jesus fala da verdade: ‘Defende a Verdade até a morte; de vez em quando tu serás criticada estupidamente, mas Eu Mesmo é que o permitirei...” (pág. 19).
“Jesus não fala, nas Mensagens, da validade dos seus sacramentos, mas pressiona os protestantes a amar de novo a Mãe de Jesus e a reconhecer o papel de Pedro...” (pág. 25).
“Numa outra mensagem, Cristo repreende os cristãos que não conseguem ver a grandeza do Mistério da Eucaristia...” (pág. 25).
“Numa das passagens dos escritos da VVD, Cristo diz...” (pág. 29).
Basta! Que o leitor responda: Vassula apresenta seus escritos como simples “meditações pessoais” ou como revelações da parte de Deus, Jesus e mesmo Nossa Senhora? Repito: a carta está lá, nos arquivos... Custava consultá-la? Parece que o Cardeal não a leu!
Por essas e outras é que Vassula, em correspondência a propósito desse confuso e sinuoso documento que estamos analisando, tem toda a razão em interpelar a Congregação: que o “seu ‘sim’ seja ‘sim’, e o seu ‘não’ seja ‘não’” (E tudo o que vai além disso vem do Maligno, afirma Jesus no Evangelho). O diálogo demorado e minucioso entre ela e a Congregação não pode ter sido uma brincadeira de faz de conta. Ele valeu ou não? O Cardel Ratzinger, hoje Papa; o Cardeal Bertone e o Pe Próspero Grech afirmaram e afirmam que valeu. E o Cardeal Levada?
(José Hipólito de Moura Faria - JHMF)