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A Verdadeira Vida em Deus
12a Peregrinação Ecumênica - Grécia

Bispo Markos Gebremedhin CM
"Sobre o Ecumenismo"


Sra. Vassula – presidente da A Verdadeira Vida em Deus,

Sra. Theodora, associada próxima,

Reverendíssimos bispos, convidados,

Membros, colaboradores e amigos da A Verdadeira Vida em Deus:

Gostaria de agradecer a Deus por nos trazer mais uma vez, como Seus filhos, para passarmos juntos este momento cheio de graça e refletir sobre o amor de Deus por nós e nossa unidade no Deus verdadeiro. Deram-me um tema para refletir e apresentar-lhes: “O amor de Deus nos une”. Obrigado, Senhora Vassula, por me convidar para este importante encontro e esta ocasião cheia de graça, e pelo crédito e confiança.

Em primeiro lugar, o que é o amor de Deus por nós, seres humanos? Deus, que é o criador do universo, criou a pessoa humana de uma forma especial, superior ao resto da criação. Ele os criou à Sua própria imagem e semelhança e continua a amá-los, cuidá-los e acompanhá-los. Isaías 49, 15 diz: "Acaso uma mulher se esquece do filho que amamenta, ou não tem compaixão pelo fruto de suas entranhas? Ainda que ela se esquecesse, eu não te esquecerei."

Ele criou a pessoa humana para que continue se multiplicando, continue se cuidando e se amando mutuamente. Sempre que as pessoas enfrentam desafios ou dificuldades em seus próprios relacionamentos ou no dia a dia, duvidam do amor de Deus. Mas com certeza o amor de Deus é firme e imutável, incondicional e arraigado em Sua própria natureza.

Deuteronômio 7, 9 diz: “Sabe, pois, que o Senhor teu Deus é Deus, o Deus fiel que mantém sua aliança e seu amor constante até a milésima geração para com aqueles que O amam e guardam Seus mandamentos.” O mandamento que Deus nos deu é amá-lO com toda a nossa força, toda a nossa alma e entendimento e, ao mesmo tempo, amar ao próximo como a nós mesmos. Ele disse em João 15, 12: "Este é o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei".

O amor de Deus é incondicional. O fato de o amor fluir da natureza de Deus é de extrema importância para nossa compreensão do nosso dever de amar a Deus e amar ao próximo. Jesus disse: “Meu Pai e Eu somos um” e, ao mesmo tempo, orou por nossa unidade.

Em I João 4, 7-8 está escrito: “Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus, e todo o que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor." O amor de Deus é igual para todos, pois Ele dá a luz do sol para todos, envia chuva para os justos e injustos também (Mateus 5, 43-45) e morreu na cruz por amor ao Pai e por todos nós.

Em João 17, 11, Jesus rogou pelos Seus, para que se tornassem o novo povo santo que seria consagrado a Deus. Erguendo os olhos ao céu, Jesus orou, dizendo: “Pai, guarda em teu nome os que me deste, para que sejam um, como nós somos um.” Naquele momento, Jesus orou por Sua Igreja, a quem confiou Sua própria missão. O principal dever da Igreja é conhecer a Deus, internalizar Sua mensagem, perseverar nas orações e proclamar o amor. Porque, do conhecer a Deus brotarão boas obras e amor. A Igreja deve continuar como sinal de unidade em um mundo dividido, permanecendo una e unida. Não basta pregar sobre Deus, mas nossos atos devem dar testemunho de que somos filhos de um só Deus amoroso.

Ninguém é uma ilha. Nós precisamos uns dos outros. Ninguém pode viver neste planeta sozinho e só para si mesmo. Precisamos de companhia. Somos feitos uns para os outros. De algum modo, precisamos da cooperação dos outros nas nossas vidas. Se uma pessoa está doente, precisa de um médico para ajudá-lo; se alguém está assoberbado de preocupações, precisa de alguém para consolá-lo e ajudá-lo a encontrar soluções melhores. As pessoas, no âmbito nacional ou continental, deveriam demonstrar preocupação e cuidado para com todos e, especialmente, com pessoas de diferentes confissões e origens religiosas. Elas precisam sentir a necessidade da existência de outras confissões como se fossem como nós - igualmente filhos de Deus. Unidade e colaboração são indispensáveis. Amar a Deus nos convida a refletir e a ver os outros através dos olhos de Deus e de suas experiências. Somente a colaboração e a união centradas em Deus podem trazer verdadeira proximidade e unidade. Quando permanecemos no amor de Deus, e se Deus estiver em primeiro lugar em nossas vidas e nossos deveres, e se compreendermos nossas diferenças e nos respeitarmos, podemos trazer mudanças positivas, trabalhando de mãos dadas pela verdadeira unidade na diversidade.

No Antigo Testamento, a união do povo de Israel era baseada no temor de Deus e nos laços familiares. Porém, apesar de ter um só pai, Abraão, Israel foi dividido em tribos e depois em reinos diferentes. Embora tivesse a lei de Moisés e os avisos dos profetas, o povo de Israel não conseguiu obedecer a Deus e viver como ele merecia. Consequentemente, eles não alcançaram a verdadeira unidade.

Na maioria dos países, a unidade ou proximidade depende fortemente das relações de parentesco, ou de viver nas mesmas áreas políticas e geográficas, ou do uso de idiomas comuns, ou de pertencer a confissões ou grupos religiosos específicos. Caso contrário, muitos são considerados intrusos, e não há abertura para o diálogo sequer em parte do tempo. Tais atitudes criam confusão, discriminação, tribalismo, ódio e guerra. Podemos recordar as experiências negativas de como os filhos de um só Deus se destruíram ou se feriram.

Mas Jesus inaugurou para nós uma nova aliança para todas as pessoas que estavam sem a graça ou eram incompreendidas no mistério do amor de Deus. Deus quer ver um novo mundo, um novo povo que esteja disposto a se reconciliar com Deus e entre si. E é preciso haver respeito às necessidades dos outros, como indicado em Mateus 7, 12 : “Portanto, em tudo, fazei aos outros o que vós quereis que vos façam, pois esta é a Lei e os Profetas.”

Deus deu a cada um de nós dons maravilhosos; devemos compartilhar esses dons e apreciá-los. O futuro está em nossas mãos. Se investirmos juntos em algo construtivo agora, salvaremos as próximas gerações de divisões e confusões.

A união foi uma das principais intenções pelas quais Jesus rezou em Sua oração sacerdotal. Ainda que os fiéis se tenham traído ou até matado, podemos nos reconciliar com verdadeira fé e humildade. A humildade e o amor a Deus podem vencer o ódio, os ciúmes e as divisões.

Como sabemos muito bem, vivemos a mesma fé com diferentes tradições e práticas religiosas, e nossos antepassados começaram a se considerar como se fossem de religiões diferentes. Atualmente, temos uma compreensão melhor dessas dificuldades passadas. Muitos católicos, ortodoxos e protestantes estão tentando se unir como fiéis. Ao mesmo tempo, porém, novos problemas são observados em cada confissão. Hoje, os cristãos discordam e estão divididos, não só em suas opções políticas, mas também em sua compreensão de Cristo e em seus pontos de vista sobre como Sua mensagem é mais bem transmitida atualmente.

O ecumenismo, que é o esforço para reconciliar na verdade e unir as igrejas cristãs, exige que superemos as novas dissensões que ameaçam a unidade interna da Igreja. Todos nós temos que trabalhar rumo à unidade de todos os cristãos e à nossa unidade com irmãos e irmãs não-cristãos, para que tudo possa ser realizado como desejado por Deus, que é amor. Deus abençoe a todos.

 

Bispo Markos Gebremedhin CM, Ethiopia

Bispo Markos Gebremedhin CM

 

 

Para mais informações, favor visitar site oficial, em inglês:

- Sobre a Peregrinação: Greece 2019 – “Discovering the Country of Saints”