AVVD - logo

A Verdadeira Vida em Deus
12a Peregrinação Ecumênica - Grécia

Matthew Settle
"Batalhas Decisivas


BATALHAS DECISIVAS

A BATALHA DE MARATONA - VÍDEO

Esta é a baía de Maratona, no litoral leste da Grécia. Sou Matthew Settle.

Há mais de 2 mil anos, em setembro de 490 aC, 600 navios ocuparam toda essa costa, enquanto um exército de 30 mil invasores persas corria para a praia. Sua missão: tomar Atenas e conquistar a Grécia para o império de Dario, rei da Pérsia. Mas 11 mil homens da infantaria grega o impediram, aqui em Maratona.

Agora, com a nova tecnologia de videogame, você está prestes a ver essa grande batalha como nunca - o grande número de soldados, as formações das tropas, como lutaram e como se venceu a batalha. Tenha a visão que os generais queriam ter. Agora: Batalhas Decisivas.

Esta é a Tumba de Maratona. Sob mim estão os restos mortais de soldados gregos que morreram na batalha de 11 de setembro de 490 aC. Naquela época, a Grécia não era uma nação unificada. Era um conjunto de cidades-estados independentes, como Atenas, Corinto e Esparta, cada uma com leis e sistemas de governo próprios. A cidade mais influente era Atenas. Vinte anos antes, os atenienses tinham se livrado de seu rei Hípias, um governante cruel e violento. Atenas se tornou uma democracia e começou a mostrar sua força contra a Pérsia, a maior potência do Mediterrâneo na época. Atenas chegou a apoiar a revolta de algumas ilhas gregas que tentavam se libertar do domínio persa.

Os persas julgavam ter o direito divino de governar o mundo e se expandiram em todas as direções. Provavelmente esperavam a simples rendição da maioria dos países e nações que encontravam. Sua forma de declarar guerra era, de fato, exigir a rendição e, se isso não ocorresse, partiam para a luta. O rei persa, Dario, estava furiouso com os atenienses. E decidiu que, na hora certa, conquistaria não só Atenas, mas toda a Grécia.

Dario tinha um servo que lhe sussurrava, sempre que ia jantar, antes de comer: "Senhor, não esqueça os atenienses". Por isso, quando o rei deposto, Hípias, fugiu de Atenas para a Pérsia, teve uma recepção calorosa. Creio que seria justo considerar Hípias basicamente uma peça política. Os persas não se preocupavam tanto com o tipo de regime que adotariam no território conquistado, desde que confiassem que este lhes seria leal.

Em 491 aC, Dario enviou mensageiros para Atenas e Esparta. Eles exigiam terra e água como reconhecimento da soberarina persa. Os gregos jogaram os mensageiros em um desfiladeiro usado para executar criminosos. Os espartanos jogaram os demais em um poço.

O que os gregos mais odiavam era a ideia da escravidão, de não serem livres, e estavam decididos a não se deixarem dominar por uma potência estrangeira sem lutar. Dario ficou furioso. Reuniu uma enorme frota de 600 navios e mobilizou seu exército, e quando partiram para a Grécia, em 490 aC, o exilado rei Hípias estava com ele.

A força de invasão de 30 mil homens era liderada por Datis, comandante persa no Ocidente. Hípias estava felicíssimo em indicar-lhe o local de desembarque perfeito, a ampla praia da baía de Maratona. Os persas escolheram com muito critério o local mais adequado para o tipo de forças que tinham. Basicamente, no território de Atenas, não poderiam ter encontrado um lugar melhor para atracar.

Esta é a planície de Maratona, com 10 km de extensão por 3 de largura. Fora os pântanos nas extremidades, é uma planície ininterrupta, perfeita para as táticas de batalha dos persas, com seus equipamentos leves e sua cavalaria. Mesmo no início de setembro, os pântanos ficavam úmidos e encharcados. Ninguém podia caminhar ali, muito menos vários milhares de cavalos. Hípias não teve um feliz regresso a casa. Ao desembarcar, teve um acesso de tosse e cuspiu um dente. Ao procurar o dente na areia, não conseguiu encontrá-lo e considerou isso um sinal dos deuses de que não retomaria seu reino.

Enquanto Datis descarregava seus navios e reunia seus homens, o exército grego se agrupava nas montanhas que davam para Maratona. Esse exército ateniense era formado por muitas tribos locais, leais a Atenas. Mil homens de cada uma das 11 tribos, cada uma comandada por seu general, mas no comando geral estava o general grego Milcíades. Fora desses 11 mil homens, estava a força de combate grega mais feroz e temida: os espartanos.

Milcíades mandou um corredor, Fidípides, a Esparta para pedir ajuda. Os gregos geralmente usavam corredores como mensageiros, às vezes cavaleiros, mas principalmente corredores, em parte talvez pelo terreno acidentado que muitas vezes tinham que contornar. Fidípides era corredor de um dia, alguém que podia correr o dia todo entregando mensagens. Segundo o historiador Heródoto, ele correu os 240 quilômetros de Atenas a Esparta em dois dias. Mas sua corrida épica foi em vão. Os espartanos estavam celebrando uma festa religiosa e se recusavam a marchar antes do fim da lua cheia.

Os espartanos eram notadamente piedosos, notadamente lentos, notadamente atrasados e algo arrogantes, e acho que pensaram: “Ah, está bem, quando chegarmos, chegamos”. Atenas ficaria sozinha. Milcíades enfrentou o impossível.

Sabemos muito pouco sobre este comandante grego. Era de uma família importante em Atenas e devia ter uma experiência militar considerável para ter o comando do exército, mas podemos ter um elo que remonta a 2.500 anos atrás. Este capacete é uma réplica exata do encontrado por arqueólogos. É exatamente da época e tinha a inscrição: “Milcíades dedica este capacete a Zeus”. Era bem provável que fosse o capacete do próprio Milcíades e era do mesmo tipo usado pelos gregos em Maratona.

O exército grego lutou com soldados da infantaria, ou hoplitas. O nome se deve ao escudo que carregavam, o hóplon. Os hoplitas lutavam em formação de falange, um muro quase intransponível de homens e escudos que avançava incessantemente. O escudo do hoplita era grande, cerca de um metro de largura, mas cobria só metade do corpo e, portanto, a proteção vinha da sobreposição do escudo com o do homem ao lado.

Das montanhas no alto de Maratona, Milcíades e seus dez generais tinham uma clara visão do exército persa reunido abaixo deles. Era um exército de mais que o dobro deles, com arqueiros da Etiópia, espadachins das margens do Indo e cavaleiros selvagens das estepes da Ásia. Embora todos fossem súditos do rei Dario da Pérsia, tinham pouco em comum entre si, nem mesmo um idioma comum.

Os gregos, por outro lado, eram vizinhos que estavam lado a lado, como irmãos, lutando para salvar sua independência e seu modo de vida. As lembranças do tirano Hípias estavam vivas em sua memória, e era melhor morrer do que tê-lo de volta à coroa ateniense, mas nenhum lado parecia ansioso por lutar. Por quatro dias, os dois exércitos se encararam num tenso impasse. Um motivo para os gregos esperarem era o simples fato de estarem em uma posição muito forte. Não podiam ser forçados, e os persas, tão mais numerosos, tinham um problema de suprimento e, assim, era bem provável que os suprimentos diminuíssem e que eles até pensassem em se retirar.

Datis se detinha na esperança de que os atenienses ainda leais a Hípias se rebelassem e tomassem o controle de Atenas. No lado grego, Milcíades aguardava, talvez na expectativa de que seu exército tivesse o reforço do prometido contingente espartano. Nenhum lado daria o primeiro passo. Mas, no campo persa, Datis elaborava um ousado plano de batalha que acabaria com o impasse. Logo a matança e a luta começariam.

Em setembro de 490 aC, na planície de Maratona, na Grécia, uma poderosa força de invasão persa aguardava para lutar contra um pequeno exército grego que pretendia salvar seu país, sua liberdade e seu modo de vida. Após quatro dias de impasse, o comandante persa Datis decidiu apostar tudo em uma rápida vitória. Na calada da noite, ele levou toda sua cavalaria e parte de sua infantaria de volta aos navios. Enquanto o exército ateniense estava em Maratona, ele navegaria pela costa, desembarcaria suas tropas e atacaria a desprotegida cidade de Atenas. Seu fiel comandante, Artafernes, ficaria em Maratona com um contingente de cerca de 12 mil homens. Se Datis pensava que poderia levar milhares de cavalos e homens para os navios e velejar discretamente durante a noite, estava muito enganado. Os batedores de Milcíades descobriram a rota. Os gregos então perceberam: eis um risco e uma oportunidade. O risco é de que, se não agirmos agora, a cidade seja capturada às nossas costas. A oportunidade é que podemos marchar para a planície agora e enfrentá-los, porque eles não terão tempo de descarregar a cavalaria de novo.

Milcíades teve que agir rápido. Datis levaria mais de 10 horas para navegar até Atenas, e muitas horas a mais para desembarcar seu exército. Milcíades tinha que obter uma vitória rápida em Maratona e depois marchar a toda velocidade de volta a Atenas para enfrentar Datis. O que fizeram foi aproveitar o que os gregos chamavam de “kairós” - palavra que significa oportunidade, o momento certo - e acho que o gênio Milcíades é de fato o grande responsável pela escolha da hora certa. Milcíades pôs seus 11 mil hoplitas em marcha e preparou-os para a batalha. Os gregos normalmente formavam uma falange retangular, mas ele estava preocupado com a extensão da linha de batalha inimiga. Os persas podiam passar pelas extremidades e cercar o exército grego. Sabemos esse tipo de detalhe por causa de dois historiadores gregos: Heródoto, que escreveu nos anos após a batalha e pode até ter conhecido alguns sobreviventes, e Plutarco, que escreveu 400 anos depois, mas usou material de histórias anteriores.

Milcíades assumiu um risco enorme e rompeu com o manual de batalha. Abandonou a tradicional formação de falange e dispôs suas tropas ao longo da maior frente possível, de modo que o centro da fileira era muito mais fino que o normal, com quatro homens, em vez dos oito habituais, mas em cada ala manteve as oito fileiras da falange convencional, a fim de proteger os flancos.

A infantaria grega era fortemente blindada - tinham um escudo de um metro, que protegia da testa ao joelho, grevas aqui em suas caneleiras, e um capacete só com fendas de olho, de modo que, quando colocavam o capacete na beira do escudo, eles realmente eram quase inatingíveis. Enquanto o exército grego avançava, Milcíades já estava pensando no próximo problema: as fileiras de arqueiros persas, mortais num raio de 300 metros. Os gregos teriam que cobrir essa distância final rapidamente ou poderiam ser massacrados.

Eles marcharam adiante em ritmo lento, o ritmo lento normal de um exército de hoplitas avançando, até que chegaram à região de alcance dos arcos, cerca de 100 metros. Ao atingir essa área, os gregos ficaram sob uma chuva de flechas. As tropas de Milcíades começaram a correr. Isso surpreendeu os persas. A falange, por sua própria natureza, costumava entrar em combate em um ritmo lento e constante. Os arqueiros persas seriam uma ameaça muito séria à força hoplita; tinham arcos muito poderosos e flechas grandes que poderiam causar sérios danos.

Imagine-se totalmente equipado, com um escudo pesado, lança e espada, no total de 30 quilos, e tendo que correr para o inimigo e travar uma forte balhada ao alcançá-lo. Houve um historiador britânico que de fato construiu uma armadura hoplita, foi a Maratona e correu do local aproximado do acampamento ateniense até o local da batalha e monstrou que um homem atlético poderia de fato correr aquela distância com armadura.

Os hoplitas treinavam pesado para isso. Houve até um evento hoplita nos jogos olímpicos da época que envolvia uma corrida de cerca de 400 metros com armadura completa. Os persas ficaram perplexos. De suas fileiras, tudo o que podiam ver era uma longa fila de gregos correndo em sua direção. Com certeza os gregos perderiam o fôlego antes mesmo de se aproximarem o bastante para lutar. Esses homens da infantaria persa eram mais tropas de escaramuça do que infantaria pesada. Levemente armados, com lanças curtas e cimitarras, formaram fileiras enquanto uma linha de lanças com ponta de aço avançava contra eles. Os dois exércitos entraram em choque. Os persas logo viram que suas armas eram inúteis contra o exército grego, mas combateram com valentia e, por força do número, começaram a forçar o centro grego para trás. Parecia que a aposta de Milcíades tinha fracassado, e enquanto isso, Datis se aproximava de Atenas.

490 aC. O exército grego foi forçado a recuar pelos invasores persas, e uma frota persa está a caminho de atacar Atenas. Como os gregos retrocediam no centro, o comandante persa Artafernes pressentiu a vitória. O modo como Milcíades dispôs o exército ateniense, extremamente extenso e com o centro estreito, foi uma das coisas mais arriscadas de toda a guerra antiga.

Mas agora as fortes falanges gregas das alas combateram a estreita fileira persa e começaram a se mover em direção ao centro. Cada falange seguia os comandos como um bloco, movendo para a esquerda ou direita numa sincronia quase perfeita. A aposta de Milcíades valera a pena. Quando o centro recuou, as alas lentamente cercaram o inimigo. O massacre começou para valer quando os gregos, fortemente armados, investiram contra as divisões persas. E então todo esse centro do exército persa se tornou praticamente uma zona de matança. Certamente, lutar assim exigia muita força e grande resistência, sem falar no calor do verão.

Os persas continuavam a investir contra a falange atacante, tentando desesperadamente encontrar uma forma de rompê-la. Enquanto isso, os arqueiros persas disparavam milhares de flechas contra as fileiras gregas, agora tão emaranhadas com a infantaria persa que eles poderiam atingir seus próprios soldados. Os gregos sentiam que a razão e a força estavam do seu lado e lutavam como possuídos. Estratégia não era tão importante naqueles dias. Era mais a coragem de ficar lado a lado com seus companheiros e seguir lutando. Os persas eram uma força abatida. Nunca tinham sido derrotados pelos gregos, mas agora milhares de soldados morriam ou agonizavam. De repente, os persas pararam e correram para seus navios, desesperados para escapar do massacre. Os gregos correram para impedir a retirada e os perseguiram até a beira da água.

Era o caos na praia: as tropas em fuga empurrando e fazendo força para afastar seus barcos enquanto tentavam se defender dos perseguidores hoplitas. Os sobreviventes persas partiram, enquanto os gregos caíam exaustos na areia. Mas não havia tempo para descansar: enquanto a batalha se desenrolava em Maratona, Datis e suas tropas persas navegavam para mais perto de Atenas. Milcíades mandou suas tropas cansadas e exaustas de batalha para Atenas, uma marcha forçada de 35 km, com armadura completa. Levou pouco mais de três horas para derrotar o exército persa em Maratona, mas isso significava que Datis estava três horas mais perto de Atenas. Era uma corrida contra o tempo.

Ele enviou um corredor à frente com a notícia da vitória. Segundo a lenda, era Fidípides, o mesmo homem que correra para Esparta. Ele correu 35 km até Atenas e gritou “Alegrem-se! Nós vencemos”, e caiu morto de exaustão. Milcíades chegou em cima da hora e conseguiu dispor suas tropas ao redor de Atenas. Datis ficou desconcertado ao navegar pela baía e encontrar o exército grego esperando por ele.

Quando viram os atenienses aguardando por eles, simplesmente não tiveram coragem de arriscar de novo contra aqueles caras que acabavam de inflingir-lhes essa trágica derrota. Ele sequer pôde desembarcar seu exército. Pensou que essas tropas tinham sido vencidas em Maratona, mas aqui estavam, prontas para lutar novamente. Reconhecendo a derrota, desviou seus navios e seguiu para a Pérsia.

Hípias tinha acertado; perdeu não só o dente, mas qualquer chance de recuperar seu reino. Quanto aos espartanos, chegaram tarde e perderam a chance de glória, mas estavam curiosos para ver como era um soldado persa. Marcharam de Atenas para inspecionar os mortos. Dizem que os espartanos eram como turistas. Passearam pela batalha depois e ficaram bastante abalados ao ver o grande trabalho feito por seus rivais atenienses. Acho que mexeu mesmo com o brio dos espartanos o fato de os atenienses cafonas terem destruído os persas.

Se os persas tivessem vencido a batalha e ocupado Atenas, teriam uma base na Grécia continental para novas campanhas, e isso poderia ter mudado o curso da história. Maratona foi uma verdadeira batalha, uma batalha real que foi decisiva e expulsou um invasor inimigo. A fama da Maratona é, a meu ver, imperecível. Foi uma vitória extraordinária. Não fosse por Maratona, não teríamos a posterior civilização dos gregos.

Os persas perderam 6.500 homens. Os gregos, 192.

Esta é uma grande vitória para a Grécia, mas uma vitória ainda maior para Atenas.

No intervalo de 20 anos, os cidadãos se livraram de seu rei e afastaram o Império Persa. No processo, eles criaram uma nova forma de governo. Eles a chamaram de democrátia. Nós a chamamos de democracia. Quanto a Fidípedes, sua corrida é lembrada em todas as Olimpíadas e a cada ano nas cidades ao redor do mundo, quando pessoas comuns correm a maratona.

Matthew Settle

 

 

Para mais informações, favor visitar site oficial, em inglês:

- Sobre a Peregrinação: Greece 2019 – “Discovering the Country of Saints”