A Verdadeira Vida em Deus
12^a Peregrinação Ecumênica - Grécia

Deus é amor, e por Seu amor existimos tanto no nível humano quanto no cristão. Sem esse amor, nunca teríamos existido. Todos somos convidados a reconhecer a Deus como nosso Criador e Pai, que nos une em uma só família: Tu és meu filho e Eu sou teu Pai, que te ama (1 João 3, 1-2). Somos chamados a crescer e a ascender nessa afetuosa relação de amor.

"Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus, e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus. (...) Não fomos nós que amamos a Deus, mas foi Ele quem nos amou primeiro. (...) Caríssimos, se Deus nos amou assim, nós também devemos amar-nos uns aos outros. (...) Se nos amamos uns aos outros, Deus permanece em nós e seu amor em nós é perfeito. (...) Quem vive no amor vive em Deus, e Deus nele." (1 João 4, 7-16)

A pergunta básica que cada um de nós faz quando quer estabelecer uma relação com outra pessoa é: "Você me ama?" E o próprio Jesus fez essa pergunta a Pedro três vezes (João 21, 15-17).

O amor é como o ar. Sem ele, não podemos viver com paz, entusiasmo, alegria e felicidade. Nesse sentido, a primeira epístola aos Coríntios diz: "Se eu falasse a língua dos homens e dos anjos, mas não tivesse amor, seria apenas um bronze que soa ou um címbalo que retine (...) O amor nunca falha". (1 Coríntios 13, 1-8) O apóstolo Paulo concentra-se na "alegria do amor e da doação". Aqui, chamo a atenção para a palavra "amor", que é diferente da palavra "caridade", que tende mais à misericórdia do que ao amor emotivo que emana do coração.

Amar é renunciar a si mesmo e a tudo, por aquele que amamos sinceramente. O amor ao outro cria uma profundidade em nosso coração e nos torna disponíveis para ele. A fé é sinônimo de amor. Cremos em Deus porque Ele nos ama, e nós O amamos e confiamos nele e nos entregamos a Ele para estarmos à sua disposição. A caminhada de todo cristão é trazer diariamente algo do mundo de Deus para o seu mundo e colocar em si algo de Cristo para poder transformar-se nEle. Eles se tornam um, como Cristo e o Pai são um. Nós, Seus filhos, nos mesclamos com Ele. E se nós, mortais, nos mesclamos com Ele, morremos mas vivemos, porque no fundo do nosso ser há uma alma que não morre: "Amo meu amado e minha alma O ama, e onde quer que Ele repousar, eu estou. Fundi-me com Ele porque o amante encontrou o amado, e porque amo aquele Filho, tornei-me um filho. Quem se une Àquele que é imortal também se torna imortal, e quem se deleita com a Vida se torna vivo." (Muwashahs de Salomão, textos siríacos: p. 159). Nosso amor pelos demais é uma espécie de fusão no amor de Cristo: "Tudo o que fizeste ao menor dos meus irmãos foi a mim que o fizeste." (Mateus 25, 40).

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O amor vive na verdade, e não numa ilusão; ele é franco e sincero, não conhece falsidades nem complexos.

- O amor é altruísta, não busca o interesse próprio e ignora a mentalidade do "me ajuda que eu te ajudo!"

- O amor, quando inunda nosso ser, faz-nos crescer maravilhosamente saudáveis.

- O amor, quando vive em nós, unifica firmemente a nossa vida, mesmo quando estiver fragmentada! A Eucaristia não é o mistério do amor? Cristo Se ofereceu amavelmente por nós, a quem Ele tanto amou (João 13, 1).

- O amor é entusiasta, não é deprimente, preocupante ou frustrante; tem um grande coração e é paciente, revigorante, participativo, criativo e sempre renovado. Não pode ser transformado em um "artigo para venda!"

- O amor não entristece ninguém e não apaga sua personalidade; não faz nada adverso e não se enfraquece diante de dificuldades e dores; não acredita na interrupção da vida, mas faz com que a esperança, a confiança, a vitalidade, a energia, a paz e a alegria brilhem em nós. O amor é uma festa, uma celebração e uma abertura para o futuro promissor!

- O amor é uma maturidade completa e harmoniosa. O amor não precisa falar, ele se comunica! A letra mata, mas o Espírito vivifica (2 Coríntios 3, 6), ele não se desgasta; não se cansa, nem fica introvertido.

- O amor dá força e dinamismo para enfrentar desafios e superar dificuldades, e é o elo mais forte entre nós, como seres humanos, e entre nós e Deus, nosso Criador.

- O amor profundo e verdadeiro é um reflexo do amor de Deus por nós, por isso somos chamados a nos aprimorar.

- O amor é um projeto dinâmico que surpreende, encanta, eleva e transcende, por meio da integração gradual, não mecânica.

- O amor é livre doação: uma pessoa que ama não tem medo de se entregar a um casamento criativo e amoroso, ou a uma consagração livre e fértil a serviço do sacerdócio ou de um mosteiro: de corpo, alma, coração e mente. Nós nos sacrificamos por aquele que amamos e o acompanhamos até o fim. Com essa ótica devemos entender as palavras de Jesus: "Quem perder sua vida a encontrará" (Mateus 16, 25).

- O amor é proximidade compassiva, transformando tudo em um grande bem. É por isso que Paulo afirma que o amor nunca falha!

Gostaria de concluir com uma citação de São Sahdona (Martyrius), um dos maiores mestres espirituais orientais do século 7: "O reino de Deus está no meio de vós" (Lucas 17, 21). Pois aquele que possui o amor de Deus em si mesmo, possui o próprio Deus. Quão grande é o homem que tem amor e que permite a Deus, que é amor, habitar em seu coração; e quão admirável é esse pequeno coração limitado, que abriga espiritualmente Aquele que o céu e a terra não podem.

Cardinal Louis Raphaël I Sako